— Você não entende... — murmurou Theron, com a voz baixa e rouca. — Mas eu preciso sentir que posso... controlar algo.
Katherine desviou levemente, sem se afastar totalmente, e uma risada curta, sombria, escapou de seus lábios.
— Você é doente. — disse, e o gato no colo se arrepiou, como se sentisse a toxicidade do ambiente.
Theron sorriu de lado, afastando-se, mas sem romper a proximidade por completo.
— Talvez. Mas é o suficiente para sobreviver.
Katherine permaneceu imóvel após o beijo, o gato no colo inquieto, mas algo dentro dela despertou. Não era afeto, não era amor. Era algo mais cruel, mais perigoso: uma curiosidade que misturava fascínio e medo, algo que só pessoas quebradas poderiam compreender.
— Você... é imprevisível. — ela disse, a voz baixa, quase um sussurro, mas carregada de uma admiração sombria.
Theron a olhou de canto, percebendo a reação dela, o brilho nos olhos que misturava perigo e desejo de poder.
— Eu não faço promessas, Katherine. Não quero que goste de mim. — disse, com firmeza.
— Talvez eu goste justamente por isso. — respondeu ela, sem recuar. — Por causa do perigo. Por causa de você ser... você.
Ele se aproximou de novo, apenas o suficiente para que o ar entre eles ficasse pesado, sufocante. A tensão era palpável. Katherine não se assustou; pelo contrário, sentiu algo vibrar dentro dela, algo que há muito tempo estava adormecido — a atração pelo risco, pelo controle, pelo sombrio.
— Você é doente. — murmurou, meio provocando, meio admirando.
— Eu sei. — Theron respondeu, deixando a resposta pairar entre eles, pesada e carregada. — Mas é o que mantém as coisas interessantes.
Katherine sorriu de lado, sem humor, e apertou o gato contra o peito, como se ele fosse a única coisa que pudesse medir a intensidade do momento. Mas no fundo, sabia que estava gostando da presença dele, do perigo que ele carregava, e isso a assustava... e excitava.
O quarto permaneceu silencioso, apenas o eco da respiração de ambos preenchendo o espaço, como uma promessa de que aquela dinâmica sombria e tóxica estava apenas começando.
O quarto estava mergulhado na penumbra, apenas a luz fraca da rua filtrando pelas cortinas. Astoria dormia profundamente, o corpo relaxado, respirando de forma irregular. Theron entrou silenciosamente, sem fazer barulho, os passos precisos e medidos. Ninguém o percebeu.
Ele parou ao lado da cama, observando-a por alguns segundos, o olhar pesado e impassível. Não havia ternura, apenas a presença densa de alguém carregando segredos e sombras.
Com movimentos lentos, Theron deitou-se ao lado dela, ajustando-se de forma que não a acordasse. O calor do corpo dele não era aconchego; era uma ameaça silenciosa, uma presença sufocante que Astoria desconhecia completamente. Ela não tinha ideia do que ele tinha feito naquela noite, nem que ele tinha passado pelas sombras de outros quartos antes de voltar para ela.
Ele permaneceu imóvel, respirando devagar, quase sincronizado com a respiração dela, mas mantendo distância. Não tocava, não falava. Apenas estava lá, uma sombra viva. O silêncio era pesado, carregado de tensão e perigo contido.
Astoria, inconsciente, se mexeu levemente, puxando o cobertor sobre si. Theron se ajustou novamente, mantendo-se dentro do espaço sem romper o limite, como se estivesse testando até onde podia permanecer sem ser notado.
No fundo, sua mente estava longe, calculando, planejando, observando. Cada gesto, cada respiração dela, cada pequeno movimento se transformava em informação, controle. Ele não precisava falar. Ela não precisava saber.
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Até que a dor nos una .
FanfictionA trama se passa em uma cidade onde nove personagens - cinco mulheres e quatro homens - vivem entrelaçados por relações complicadas, cheias de ódio, desejo e segredos perigosos. Cada um carrega traumas profundos: perdas familiares, abusos emocionais...
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