.•.•.•.•.•.•.••.•.••.

Start from the beginning
                                        

O quarto estava silencioso, apenas o som do relógio ecoando nas paredes escuras. Astoria estava sentada na beira da cama, os olhos fixos no chão. Theron encostado na porta, as mãos nos bolsos do paletó, observando cada movimento dela sem dizer nada.

— Você parece distante hoje. — Astoria finalmente quebrou o silêncio, com voz calma, quase delicada. — Aconteceu alguma coisa?

Theron ergueu o olhar por um instante, mas desviou rapidamente.
— Nada.

— Nada nunca é nada, Theron. — ela murmurou, cruzando os braços. — Você não precisa carregar tudo sozinho.

Ele deu um passo em direção a ela, mas parou antes de tocar qualquer coisa.
— Você não entende. — disse, a voz baixa, cortante. — Algumas coisas... algumas coisas não podem ser divididas.

Astoria respirou fundo, tentando manter a paciência. Ela se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
— Eu não quero que você me conte cada detalhe, Theron. — disse, suavizando. — Mas quero que saiba que eu estou aqui. Que, pelo menos, se quiser respirar um pouco, eu posso ser esse espaço.

Ele se manteve imóvel, os olhos sombrios cravados nela. Por um momento, parecia que qualquer gesto poderia quebrar algo dentro dele. Theron engoliu em seco, fechando os punhos dentro dos bolsos.
— Eu não posso prometer nada. — murmurou, a tensão em cada palavra.

— Então não promete. — Astoria respondeu, firme. — Só me deixa tentar te entender. Mesmo que você não queira.

Ele desviou o olhar, incapaz de responder. A respiração dele era pesada, quase controlada. Ela percebeu que não havia espaço para consolo, apenas para observar o peso que ele carregava.

Astoria respirou fundo, levantando-se lentamente. Aproximou-se dele sem tocá-lo, apenas ficando ao seu lado, em silêncio. O silêncio era a melhor forma de proximidade que podia oferecer. Um silêncio que dizia: você não está sozinho, mesmo que não queira admitir.

Theron permaneceu parado, a sombra do próprio passado e das ações que não contava pesando sobre os ombros. Ela sentiu, mesmo sem palavras, que ele estava lutando com algo mais profundo do que podia compreender.

— Eu não vou embora. — Astoria disse finalmente, apenas para quebrar o silêncio. — Mas não espere que eu conserte você. Eu só vou ficar aqui.

Ele fechou os olhos por um instante, respirando fundo, e quando abriu, nada havia mudado. Apenas aquela sombra carregada de segredos, que ela jamais poderia alcançar completamente.

Theron, Astoria e Katherine — Noite de Segredos

O quarto estava mergulhado na penumbra. Astoria, exausta, deitou-se na cama ainda com o perfume do baile impregnado na pele. Respirava de forma irregular, mas logo seu corpo relaxou, afundando no colchão. Theron permaneceu ao lado dela por alguns segundos, olhando para o contorno do seu rosto no silêncio da noite. Não havia amor, nem carinho — apenas uma presença tensa e pesada.

Quando percebeu que ela dormia profundamente, Theron se levantou sem fazer barulho. O chão frio sob os pés contrastava com o calor do corpo dela adormecido. Ele vestiu o paletó de novo, ajustando a gravata, com movimentos precisos, como se cada gesto fosse calculado.

Sem se despedir, deixou o quarto. O corredor estava silencioso, iluminado apenas por luzes tênues. Cada passo parecia ecoar pelo prédio, mas ninguém estava acordado para ouvir. Ele seguiu até o quarto de Katherine, que estava sentada no banco de pedra, o gato preto no colo, os olhos fixos no nada, mergulhada em pensamentos perturbados.

Theron entrou sem avisar. Katherine levantou os olhos, surpresa, mas não recuou. Ele se aproximou lentamente, e antes que ela pudesse reagir, segurou o queixo dela com firmeza, inclinando o rosto para beijá-la. O beijo não tinha ternura; era intenso, possessivo, carregado de tensão e intenção sombria. Katherine permaneceu imóvel, deixando que ele controlasse a situação, mas seus olhos brilhavam com uma mistura de medo e curiosidade perigosa.

Até que a dor nos una .Where stories live. Discover now