My two daddy's. - Vinnie Hacker

16

— Não, ele está trabalhando. Eu vim sozinho com meu filho.

— Ah, você é do lar?

— De onde? — Franzi a sobrancelha.

— Do lar.

— Sou da Inglaterra.

— Não, eu digo de profissão. Você é do lar?

Americanos usam gírias estranhas.
Costumávamos dividir o mesmo idioma, até eles distorcerem completamente o inglês.

— Creio que não.

— Eu era do lar. Quando tinha sua idade, claro. — Ela riu. — Agora estou aposentada.

Aquela conversa se estendeu por longos minutos, até que a senhora teve que se despedir e levar a neta embora.

O banco ficou vazio, o que não foi tão ruim já que eu queria ficar um pouco sozinho.

Fechei os olhos por poucos segundos.
Respirei fundo aproveitando a brisa suave e o canto dos pássaros.

Mas um impacto forte contra meu corpo me interrompeu.

Abri os olhos e vi Peter com um sorriso no rosto.

— Oi, papaai! — Ele me abraça com força.

— Oi, Pete. — Abraço-o de volta. — Está tudo bem?

— Aham. Eu trouxe um presente pra você.

O loirinho coloca a mão no bolso e tira uma pedra branca de dentro, erguendo para mim.

— Uma pedra, filho?

— É uma joia muito preciosa, papai. Ela é muito difícil de achar no mundo todo! Mas eu achei e tô dando de presente pra você!

Peguei a joia preciosa.

— Muito obrigado pelo presente. — Acariciei seu cabelo. — Vou guardar em meu bolso para não perder.

Guardei em minha calça.

— Papai, eu fiz um amigo aqui no parquinho.

— Ah, mesmo?

— É. Ele é o Toby. Aquele ali com a miseta amarela alí, ó! — Aponta.

Fingi não ter o observado nas últimas horas e olhei para onde estava apontando.

Um menino de camiseta amarela sentado no balanço.

— E ele é legal com você?

— É, ele é bem legal.

Peter sorri.

— Eu convidei ele pra nossa família, papai. — Conta. — Ele é bastante legal, aí agora ele é meu irmãozinho. E você é papai dele, e o papai também!

— Pete, as coisas não funcionam assim.

— Ele quer, papai. Eu já contei tudo pra ele como que é lá em casa. Aí agora a gente vai brincar pra sempre lá no meu quarto.