Família II

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Me pegando pela mão ela me fez vivenciar cada um de meus familiares mais íntimos em total desespero por minha causa,meu irmão Wander, meus tios,primos,avós. ..

Eu já estava exausta e meus olhos secaram, não conseguia mais chorar.

A dor me consumia, mas não queria e nem conseguia mais me expressar.

Já que era o fim, queria logo que terminasse, não entendia porque passar por tudo aquilo.

_ Já chega, onde está a morte? eu estou pronta agora.

Ela não me respondeu ,só pegou minha mão mais uma vez, eu queria dar uns tapas naquela maldita Consciência e não deixá-la me levar a mais  lugar nenhum, mas eu não tinha mais forças.

Depois eu fui levada até o hospital, vi meu corpo na maca , meu rosto arranhado, e algumas outras partes do meu corpo também ferido, mas eu ainda respirava ,ainda estava viva, e a morte continuava ali na espreita, sempre por perto do meu corpo.

Esperando.

Queria logo acabar com tudo aquilo, me aproximei da morte que me olhava com aqueles olhos penetrantes e lábios perfeitos pintados de um vermelho sangue, linda.

_ Tô pronta, pode me levar.

Ela só me olhou e não disse nada.

_Já disse que estou pronta, chega. Quero que acabe com tudo isso de uma vez.

_ Ainda não. 

Respondeu com sua voz aveludada que provocava arrepios.

Eu estava mesmo em ótimas companhias;  eu já odiava as duas. 

Me aproximei do meu corpo e vi os médicos e enfermeiros da UTI  fazendo todo seu trabalho pra me manter viva. 

Pensei em quanto tempo eu ficaria assim sofrendo.

Toquei minhas mãos e vi a consciência se aproximar de novo e me criticar dizendo "não pode,não pode", nem dei importância só falei:

_ Quer saber? cala a boca!!! Você não me serve pra nada, se eu não te ouvia viva acha que vou ouvir agora? Me deixa em paz, some, desaparece. Deixa eu morrer!!!!

Ela não falou nada e não mudou seu semblante, só se afastou e do nada desapareceu mesmo.

A princípio até gostei, mas quando o tempo foi passando e me vi só em companhia da morte queria que ela voltasse.

Mas não aconteceu,  estava cansada de ver tantos procedimentos médicos ,e pela quantidade de medicação que estavam me aplicando, meu caso era mesmo gravíssimo. 

Estava sentada repensando minha vida,  refletindo o que eu não ia mais fazer, nem viver;

Não iria ver meu sobrinho crescer, meu lindo Gugu ,nem cuidar de meus pais velhinhos,não ia ser mãe , nem ao menos me casar; 

nesse momento me lembrei do meu namorado John, meu amor. Tínhamos tantos planos, uma vida de sonhos e projetos que não se realizaram; nem a nossa viagem juntos que seria daqui a três dias, e eu não ia viver pra curtir cada minuto com ele ...

Senti uma pequena lágrima correr em minha face, nossa eu o amava demais.

E agora, acabou. 

Simples assim.

Se morrer era ruim, ficar nesse sofrimento acho que era ainda pior.

Abaixei a cabeça sentada no chão perto da maca.

Agora queria sair dali. Queria mesmo acabar com tudo aquilo.

_ Vai melhorar. 

Levei um susto ao ouvir uma voz mansa e suave, perto de mim, era um homem com vestes brancas e cabelos brancos como a neve. Ele tinha feição amável e me estendia a mão. 

Lembrei de uma descrição na bíblia que ouvi certa vez na igreja quando era criança e arrisquei :

_ Jesus?

Perguntei segurando a mão que ele me estendia e só recebi um belo sorriso como resposta.

Pensei " É  ele, sei que é "












minha Morte me salvouOnde as histórias ganham vida. Descobre agora