Família Noolan

Começar do início
                                    

― Eu não sei onde – sussurra de volta.

― Ali, debaixo da cama, rápido.

Harry se joga para baixo do móvel, no exato momento em que a mulher abre a porta.

― Não foi nada demais, mãe, eu caí naquele degrau de novo. – Revira os olhos.

― Já devia ter se acostumado com ele, filha. – Ri. – Nós estamos indo, ok? Comporte-se.

A mulher beija a testa da filha carinhosamente, se retira e, minutos depois, Elena pôde ouvir o barulho do carro da família deixando a garagem e partindo.

― Pode sair agora – pede Elena. – Que susto você me deu, Harry, isso são horas de vir me visitar? E se pendurar em minha sacada? O que faria se fosse descoberto? Ou pior, e se caísse e se machucasse?

― Senti uma vontade imensa de vir vê-la. – Sorri torto. – Me desculpe se não foi uma boa ideia, acho melhor eu ir embora.

― Não! – impede prontamente. – Quero dizer, eu também estava com saudades, mas... Poderia ter ligado e aparecido como uma pessoa normal, não acha?

― Talvez. – Ri. – Mas eu não sou muito normal...

― Logo se vê. – Ri de volta. – Já que está aqui e meus pais foram jantar fora, quer conhecer minha casa? Encare isso como uma retribuição pela visita que fiz a sua.

― Seria um prazer conhecer um pouco mais sobre você. – confessa, sorrindo.

Elena segura as mãos de Harry e o leva num passeio pela casa, a princípio apresentando os quartos e o banheiro no andar de cima, e, em seguida, o banheiro de visitas, a cozinha e a sala no andar de baixo.

― Nossa! Quantas fotos legais por aqui – comenta Harry observando cada uma das fotografias expostas na estante da sala. – Quem são esses?

― Meus pais, Lyssa e Carlos... Olha essa. – Aponta para uma garotinha com lenço na cabeça. – É do dia em que fiquei sem cabelos... Eu não gosto muito desta foto, mas meu pai a deixa aí para que eu possa me lembrar do acontecido, ter vergonha de mim mesma e procurar ser como minhas primas.

Harry torce o rosto com aquela história, algo dentro dele não se agrada por vê-la ressentida e, se ela não gostava daquela foto, ele também a odiaria a partir daquele momento. Seus olhos correm por mais alguns quadros até se deter na foto em que Elena portava um arco e flecha.

― Você tem um arco e flecha?

― Sim! – confirma empolgada. – Aderi ao passatempo da família.

― Que seria?

― Caçar.

― Então minha namorada é uma caçadora? – brinca.

― Vem! – O puxa pelo braço. – Quero te mostrar de perto.

Ela o conduz até a garagem, onde havia um grande armário de metal preso com algumas correntes e cadeados. Elena abre o compartimento proibido, revelando diversos tipos de armas de fogo, dardos, flechas variadas e um arco e flecha tradicional, como o dos filmes medievais.

Elena deixa o arco e flecha de lado e, automaticamente, apanha uma besta, virando-se rapidamente e apontando para o rosto de Harry.

― Que susto, aponte isso para lá, pode ser perigoso!

― Não é não, seu bobinho. – Ri. – Essa é a arma que estou usando atualmente, mas comecei com esse arco e flecha... Você é a primeira pessoa para quem estou contando sobre este passatempo e estou muito feliz de dividir isso com alguém.

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora