Segredo Revelado

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― Você não pode ir a essa festa! – protesta Lucian, ao ouvir a novidade diretamente da boca do filho. – Harry, domingo será lua cheia...

― Não posso simplesmente desmarcar, pai, e a justificativa?

― Invente alguma coisa, mas você não pode ir... A transformação é inevitável.

Harry respira fundo, tentando pensar numa solução, mas não encontrando nenhuma. Contudo, os dias que se seguiram acabaram trazendo a esperança que ele precisava, afinal, o que poderia acontecer de ruim, se o tempo nublado e chuvoso continuasse até domingo? As nuvens cobririam a Lua e não dariam passagem para que ela o transformasse, e isso parecia genial em sua mente.

― Temos que ir, Harry! – chama Leah.

― Vão à frente, eu os alcanço depois – grita do banheiro, desligando o chuveiro.

Já era domingo e o casal Clearwater parte em direção à clareira, deixando o filho para trás. Harry abre a porta do banheiro cautelosamente, olhando para os lados a procura dos pais e, ao perceber que estava sozinho, salta porta afora com sua camisa social, jeans e sapatos pretos.

Ele nem sequer estava tomando banho de verdade, estava apenas simulando, jogando água fora e controlando seus pensamentos, para que sua fuga fosse bem-sucedida. Harry entra em seu carro apressadamente e pisa fundo em direção à casa de Elena, antes que sua ausência na floresta fosse notada, chegando ao seu destino às sete horas em ponto.

O mestiço toca a campainha com as mãos trêmulas, olhando para o céu uma última vez para averiguar a situação e sorrindo ao constatar que o tempo chuvoso realmente manteria a Lua muito bem escondida.

― Você está lindo! – diz Elena, o chamando para a realidade.

Harry volta seu olhar para a porta e seu queixo cai instantaneamente, ao ver o quão bonita Elena estava, com seus cabelos presos numa trança em raiz, que se tornavam soltos na altura da nuca. Seu vestido era de um azul-marinho clássico, cuja cor contrastava perfeitamente com sua pele branca, seu comprimento ia até os joelhos e seus pés estavam moldados com a sandália de salto baixo, já que sua perna ainda estava debilitada para o uso de saltos maiores. 

Elena estava perfeita e Harry não tinha palavras para descrevê-la. Ela apanha seu casaco e sai da casa sem se despedir de ninguém.

― Você está incrível – diz Harry ao entrarem no carro, fazendo-a sorrir envergonhada.

Depois de um tempo de direção, Harry estaciona perto da casa da aniversariante, descendo rapidamente do carro a fim de abrir a porta para Elena.

― Madame...

―Obrigada, meu bom senhor! – diz ela entrando na brincadeira e segurando a mão que Harry lhe oferecia.

A festa estava bombando. O som alto e a gritaria provavelmente incomodariam os vizinhos, mas ninguém ali parecia se importar muito com a opinião alheia, pois tudo o que queriam era diversão. Harry entra na casa e logo é recebido por alguns colegas da escola, porém, Elena não ficava para trás, pois se tornara muito popular ao se envolver com ele. O mestiço aperta sua cintura cautelosamente, ao ver quantos garotos estavam dispostos a cumprimentá-la e a dançar com ela. Se não tomasse cuidado, com certeza algum deles a tiraria de perto dele, com segundas e até terceiras intenções.

― Tão linda e encantadora, mas tão mal acompanhada! Quer dançar comigo, Elena? – questiona Lucas, um garoto loiro que disputava a popularidade com ele. Toda garota que Harry achava bonita acabava sendo cortejada por ele, e o mestiço o odiava por isso.

― Me desculpe – responde Elena –, não fomos apresentados, não falo com estranhos e, ao contrário do que você diz, eu sou uma garota direita, não costumo andar mal acompanhada.

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora