Capítulo 17

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No primeiro sábado depois do seu casamento, ela acordou um pouco depressiva. Uma semana de casada e ela sequer tinha desfrutado da sua lua-de-mel. Caramba, isso parecia um luxo agora. Mal conversava com seu marido. O dia passou lento e entediante. Antonino tentava entender porque a menina estava o tempo todo na cozinha, nunca se cansava de mexer com as panelas? Ele reparou que ela estava fazendo doces e se lembrou do que o irmão dela lhe tinha dito sobre a menina cozinhar quando estava chateada. Logo depois do almoço ela fez mousse de chocolate que ele tinha comido pelo menos metade da vasilha e agora estava fazendo um pudim de leite que ele adorava.

Do jeito que a coisa estava caminhando, em pouco tempo ele estaria gordo como um porco. Antonino resolveu que ia beber cerveja com os caras. Ninguém saberia mesmo e ele não estava suportando mais ficar trancado em casa.

Ele se trocou e desceu as escadas todo arrumado. Ela estava sentada no sofá esperando que o doce ficasse pronto. A menina se levantou quando o viu com as chaves do carro na mão.

-Vai sair?

-Sim.

-Aonde vai?

-Não acho que eu deva satisfação nenhuma a você Eduarda.

-Nino...

-Não me espere para jantar.

-Espere.

Ele parou com a mão na porta e se virou para ela com expressão nada amigável.

-Nosso casamento vai ser sempre assim?

-O que esperava?

-O que eu esperava? Não é óbvio? O que se espera quando se casa?

-Já te disse que eu não me casei.

-Não existe isso Nino. Se tivesse me dito que estava sendo pressionado, que não era o que queria...

-Teria feito o quê?

-Não teria aceito seu pedido e o tio Ramon colocaria a culpa apenas em mim. Você teria ficado livre da responsabilidade.

-E virar o cara mau da família? E ver meus tios, meu padrinho e meu pais desconjurarem minha existência? Abominarem meu comportamento enquanto você seria colocada em um pedestal como a princesinha abandonada?

-Não...eu só quis dizer que...

-Não me interessa o que pensa sobre isso Eduarda. A coisa tá feita, não está? Armou contra mim, agora aguenta as consequências.

Ele abriu a porta e saiu deixando-a parada no meio da sala. Nesses sete dias que passaram ela achou que poderia reverter a situação, mas estava começando a achar que não. Antonino estava irredutível na sua decisão de manter distância dela. O pudim começou a cheirar queimado e ela saiu correndo pra cozinha. Queimou o dedo ao tirar a forma redonda do forno, acabou soltando o recipiente sem querer e tudo caiu no chão. Ela olhou o doce arruinado, o dedo queimado e começou a chorar. A menina se sentou no chão ao lado da receita perdida e chorou toda a sua mágoa, sua dor, seu abandono.

Depois do que pareceu muito tempo, mas ela tinha certeza que não foram mais do que uma hora, a menina se levantou. Limpou toda a sujeira e foi tomar banho. Estava ficando sonolenta e sentia-se esgotada emocionalmente.

Ela se deitou e dormiu. Não viu que horas seu marido chegou e nem tampouco o viu abrir a porta do quarto, caminhar até ela para acariciar-lhe o rosto adormecido. Ele ficou tentado a acorda-la e fazer amor com ela. Estava tão bonita e era tão doce e delicada, mas sabia que não podia voltar atrás. Seria um palhaço assumido se a deixasse vencer essa parada.

Antonino voltou para seu quarto, estava um pouco bêbado. Tinha bebido bastante com os caras, tinham rido e jogado baralho. O fato de ser sábado à noite e ele estar ali com apenas uma semana de casamento não tinha sido esquecido. Zoaram com ele e brindaram à sua vida de casado, mas por fim o assunto foi esquecido e a noite tinha sido boa.

A Cozinheira - "4o.Coligado aos Agentes da BSS"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora