Conhecido por sua astúcia inigualável e sua predileção por trapaças, o deus nórdico Loki ultrapassa todos os limites ao tentar enganar mais uma vez seu pai, o todo-poderoso Odin.
Contudo, o castigo que recebe não corresponde às suas expectativas. Ag...
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Uma semana. Sete dias sufocando no que os humanos chamam de verdadeiro inferno na Terra.
Com parte dos meus poderes de volta, consigo o que quero com um estalar de dedos: a melhor suíte do hotel mais caro da ilha. Luxo por todos os lados. Mármore frio sob meus pés, lustres de cristal pendendo do teto, lençóis caros que parecem nuvens. Tudo impecável, grandioso. Exatamente como estou acostumado por milhares de anos.
Mas nada disso preenche o vazio.
Eu deveria estar rindo de mim mesmo. Fazendo piada com essa autocomiseração patética. Mas não consigo. O gosto que sobe na garganta é outro… é raiva. Raiva dela, raiva de mim, raiva desse planeta inteiro. Como é que uma simples humana conseguiu fazer isso comigo? Como é que eu, o deus da trapaça, o sangue maldito da desgraça de Asgard, estou aqui… parado… remoendo cada maldito detalhe que eu tento esquecer?
E o pior é que eu me lembro de tudo. Cada olhar desconfiado, cada sorriso torto, cada palavra atravessada que ela jogava na minha cara como se fosse maior que eu. Os olhos dela… aqueles malditos olhos. Brilhando de ódio… de coragem… de algo que eu nunca soube nomear. O jeito como ela franzia o cenho quando me desafiava. Como o peito dela subia e descia rápido quando me enfrentava. Até a respiração dela ficou gravada. Maldição.
Jogo um copo contra a parede só pelo prazer de ouvir o vidro estourar. Meus punhos cerram, os dentes também. Por um segundo, sinto a velha vontade de destruir. De colocar esse prédio abaixo, de fazer cada mortal nesse hotel gritar até queimar a garganta. Mas sei que nem isso vai adiantar. Porque mesmo que eu quebre o mundo ao meio… ela ainda vai estar aqui. Na minha cabeça. Debaixo da minha pele. Como uma praga que eu mesmo plantei.
Ando pelo quarto como um animal enjaulado. A pele coça, os ossos doem, como se o próprio universo estivesse rindo da minha queda. Me pergunto se Odin está observando. Se Thor comentaria algo sarcástico. Se os Nove Reinos estão comemorando a humilhação do deus que nunca amou nada… até agora. A verdade é que eu odeio essa porra de sentimento, mas odeio ainda mais o que acontece comigo cada vez que penso nela. É como se meu corpo inteiro soubesse… e pedisse por ela.
Encostado na enorme janela de vidro, observo o mar se movendo com uma calma irritante. O sol começa a sumir no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e rubros. E mesmo assim… tudo parece cinza.
— Anna. — Murmuro o nome dela, me sentindo vazio.
Por Odin… por todos os malditos deuses… por que dói tanto? Por que esse vazio? Essa sensação de perda, como se tivessem arrancado algo de dentro de mim com as próprias mãos?
Só de pensar nela, o peito aperta como se estivesse sendo esmagado por dentro. Uma dor surda e constante, como uma adaga cravada fundo, girando devagar. E o pior? Eu já senti dor antes. Dor física. Torturas. Traições. Mas nada… nada chega perto disso.
Eu, Loki, dobrado por uma dor tão humana.
Que piada.
Passo as mãos pelos cabelos com força, como se arrancar os fios pudesse aliviar esse peso. Meu corpo inteiro lateja. A raiva sobe, mas não me preenche como antes. Nem a raiva é suficiente agora. Tento me convencer de que tudo isso é só ego ferido. Orgulho machucado. Mas a verdade é mais suja, mais vergonhosa: eu sinto falta dela. Da voz. Da pele quente. Do cheiro. Do jeito irritante como ela me enfrentava como se eu fosse só mais um homem qualquer. Eu… sinto falta de tudo.