O beijo ainda pairava no ar quando o salão retomou a vida.
Como serpentes sibilando entre si, os convidados voltaram a conversar — mas agora com tons mais baixos, sorrisos mais forçados e olhares que vinham e iam direto para Felix, como navalhas de curiosidade e julgamento.
Felix sentia tudo. Cada respiração forçada, cada riso abafado, cada sussurro carregado de veneno social. Não ouviu nomes, mas ouviu "funcionário", "ousadia", "filho da Marquesa".
E mesmo colado ao corpo de Hyunjin, a insegurança mordia sua nuca como um vento frio vindo de dentro.
— Você viu isso? — cochichou uma mulher de vestido dourado, olhando diretamente para o casal. — É um escândalo...
— O pai dele não vai gostar. Um ômega empregado?
— É bonito, admito. Mas não é do nosso meio.
Felix baixou os olhos, o maxilar apertado, o coração batendo desconfortável.
Hyunjin ouviu. Claro que ouviu. E parou de andar.
Sem soltar Felix, ele virou o corpo na direção das vozes. A postura ereta, fria. Os olhos, duas esmeraldas afiadas.
— Querem que eu repita o beijo? — perguntou, alto o suficiente pra silenciar o grupo. — Porque da próxima vez, boto a língua até a alma dele se quiserem ver melhor.
A mulher quase engasgou no champanhe.
— Hyunjin... — Felix murmurou, envergonhado, apertando o braço dele.
— Não. Eles têm que entender de uma vez — respondeu em voz baixa. — Você não é menos por ter trabalhado na casa. Você não é menos por ser quem é. E ninguém aqui tem mais direito de estar do seu lado do que eu tenho de te amar.
O silêncio durou alguns segundos. Pesado.
E depois, as conversas retomaram — com mais cautela. Mais medo.
Felix permaneceu quietinho, com a mão agarrada ao paletó de Hyunjin, sem saber como processar o que estava acontecendo.
Depois de alguns minutos, enquanto a música voltava e as danças começavam, Hyunjin notou.
A expressão do ômega tinha mudado. Os olhos estavam baixos, as bochechas ainda vermelhas. E o biquinho... ah, aquele biquinho de quem segurava coisa demais por dentro.
Ele se curvou devagar, abraçando Felix de lado com delicadeza. Encostou a testa na dele, e perguntou:
— Ei... tá tudo bem?
Felix só assentiu com a cabeça, sem dizer nada. Mas o lábio inferior, ainda molhado de gloss, fazia um beicinho irresistível de vulnerabilidade.
Hyunjin sorriu.
— Tô vendo esse biquinho aí... — murmurou, e antes que o ômega fugisse, começou a distribuir beijinhos leves pelo rosto dele.
Um na bochecha.
Outro na ponta do nariz.
Mais um no queixo.
E, claro, um no biquinho.
Felix riu baixinho, sem conseguir segurar. A tensão aliviando em ondas doces.
— Idiota... — sussurrou, a voz tremida.
— Te amo também.
Hyunjin o envolveu num abraço maior, e depois perguntou:
— Quer subir? Descansar um pouco?
Felix hesitou.
— Mas você não tem que... marcar presença?
— Já marquei o que eu queria — respondeu com um sorrisinho sacana. — E meu lugar, hoje, é onde você estiver.
BINABASA MO ANG
· ․ 𝖲𝗍𝗋𝖺𝗐𝖻𝖾𝗋𝗋𝗒 𝖵𝖾𝗂𝗇𝗌 ․· ʰʸᵘⁿˡᶦˣ
Fanfiction+18 ••.Expulso de casa aos 15 por ser um ômega.•• que preferia temperos a espadas, Félix aprendeu cedo que sobrevivência é uma arte feita de silêncio e mentiras. Dois anos depois, ele finalmente atravessa os portões do território De Sangro - um cond...
