Capítulo Vinte e Três

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- Onde vais?

- Sr. Edward Crane me espera. – Ela sussurrou e depois sorriu baixinho. Saiu saltitando porta afora.

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Edward estava impaciente.

Uma impaciência boa, se é possível. Ele esperava impacientemente por ela, por Charlotte. Não podia esperar o momento que a veria correndo até seus braços.

E quando esse momento chegou, ele estava tão extasiado que não conseguiu agir.

Charlotte vinha descendo a colina, correndo. Com a barra do vestido em mãos, para não tropeçar e se esborrachar na grama, segurou com toda vontade. Quando chegou mais perto, Edward pôde ver que ela sorria. Um sorriso tão largo, tão puro.

O vento batia em seu rosto avidamente, como um temporal. E nem estava ventando tanto, mas a velocidade que ela corria até seu amado era maior que qualquer preocupação sobre o clima.

Charlotte finalmente chegou até ele, e Edward agradeceu por estar próximo às árvores. Ela jogou os braços em volta do pescoço dele e as pernas em torno da cintura. Com toda vontade, matou em um só abraço toda a saudade que já sentia. Edward a agarrou, fortemente, e parou um minuto para contemplá-la.

Como podia uma pessoa ser tão linda, como ela era? Como podia um sorriso iluminar o dia de alguém como o de Charlotte iluminava o dele? Como podia alguém que apenas brincava com corações já sabidos, surrados, apaixonar-se por alguém tão inócua, com um coração puro e inocente? Edward não sabia as respostas, mas não precisava saber. Ele sentia, e isso bastava.

Com cuidado, depositou-a no chão, e logo segurou seu rosto – que ainda sorria – com ambas as mãos. Ele também mostrava todos os dentes, e se Charlotte não tivesse o beijado naquele instante, ele tinha certeza que começaria a chorar. Seus olhos já estavam molhados.

- Como eu senti sua falta, Edward!

- Eu também senti a sua. A cada segundo esse sentimento aumentava e me matava por dentro. Eu não saberia o que fazer se você não viesse. Seria capaz de algo impensável.

As mãos de Edward percorriam os braços de Charlotte, apalpando-a, como se quisesse provar para si mesmo que ela era real, que aquele momento não era fruto de sua imaginação.

- Fiquei tão contente com sua carta! Passei a noite relendo-a.

- Que bom que a recebeu rapidamente. Senti sua falta, e mandei por isso, mas também temos assuntos urgentes...

- Temos? – Perguntou Charlotte, alarmada.

- Sim, temos. Mas acalme-se. – Edward apontou para a grama e abaixou-se. – Sente-se aqui. Precisamos relaxar um pouco.

Charlotte obedeceu. Sentou-se ao lado de Edward, mas ele não estava satisfeito. Abriu as pernas, como uma criança sentada ao chão para brincar com seu novo conjunto de bolas de gude.

- Sente-se aqui. Venha. – Ele apontou para o espaço à frente de seu corpo. Charlotte corou e ele achou graça. – Sente-se aqui, Charlotte. Quero-a mais perto.

Ela virou de costas para ele e empurrou o corpo para trás, ficando grudada com ele. Os primeiros minutos foram tensos. Cada fibra de seu corpo estava instável. Ela não sabia se podia se mexer.

- Relaxe, Charlotte. – Edward riu, jogando a cabeça para trás. – És adorável em todos os momentos assim, mesmo?

Edward não viu, mas soube instantaneamente que ela estava com as bochechas coradas.

- Bem, deixe-me contar-lhe... – Edward começou respirando fundo. Não sabia como começar, mas quando se pôs a falar, não parou mais. Disse-lhe tudo que ouviu de sua mãe, desde a história de seu pai, passando pelo nascimento de Lucy, Charles e os dias atuais. Charlotte não comentou nada, apenas ouviu com atenção.

- Eu preciso saber o que está acontecendo. Precisamos saber por que sua mãe não contou nada a ninguém. Ninguém, Charlotte.

- Ninguém. – Ela remedou – Eu não sabia dessa história. Perdoe-me se não falar muito, ainda estou digerindo as informações.

- Entendo. Mas deixe-me continuar.... Deve haver algo em que possamos nos infiltrar.

Charlotte riu da expressão.

- Infiltrar?

- Bem, não infiltrar, de verdade. Não me leve ao pé da letra, por favor. – Ele riu, nervoso – mas precisamos agir, não acha?

- Como faríamos isso? E por que?

- Por que algo está mal contado, Charlotte. Não vês? Não estás entendendo? Com certeza sua mãe esconde algo sobre Lucy. Com certeza ela... sabe algo sobre. Ou não quer que algo aconteça. – Edward respirou fundo – Por que alguém esconderia uma filha assim, Charlotte? Ou melhor, esconderia o fato de não ter uma filha.

- Eu não acho que papai faria uma coisa dessas...

- É difícil...

- Não. Não é essa a questão... não é difícil. Eu não me recordo bem de quando ele... se foi. – Charlotte engoliu em seco – Não tenho lembranças, e gostaria de ter. Não gostaria de pensar nele como alguém que traiu a esposa ou escondeu uma filha.

- Bem... ao menos ele a trouxe consigo.

- E a deixou nas mãos de uma mulher que a maltrata! Por quê?

- Não é possível saber, Charlotte. – A expressão de Edward era sôfrega – Eu gostaria de saber. Gostaria de investigar.

Debateram por minutos. Várias possibilidades vieram em suas mentes, e eles discutiam avidamente, como se suas vidas dependessem daquilo. Não dependia, mas tinha a mesma importância.

Como se um raio o tivesse atingido, Edward saltou.

- Testamento!

- Perdão?

- Um testamento, Charlotte. Mas é claro! Onde está o testamento de seu pai?

Ela pensou por alguns segundos, quase um minuto.

- Não sei, Ed. Sinceramente, nunca procurei lê-lo.

- Deveria.

- Por que, agora?

- Pense, Charlotte. Seu pai deve ter colocado algo sobre isso no testamento. Deve ter deixado algo muito grande para sua mãe...

- Com certeza ele deixou.

- .... Com a condição de que ela cuide de Lucy como uma filha.

O rosto de Charlotte mudou de expressão vagarosamente, enquanto ela compreendia o que foi dito. Seus olhos brilharam quando ela finalmente entendeu, e encheu o peito de esperança. A esperança de que finalmente teria respostas para a rispidez de sua mãe para com Lucy.

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Capítulo grandão pra compensar o tempo sem! 

Desculpem, amôres

Voltarei a postar com frequência! Estava finalizando outra história, uma curta, apenas oito capítulos e 80 páginas. 

Querem que eu poste? Não está no wattpad ainda! 

Deixem nos comentários. Será mais uma para acompanharem depois que UCA acabar! (Sim, já está chegando o fim! </3)

Beijos à todos(as), e até Quarta!

Um Casamento AdorávelWhere stories live. Discover now