Addicted - Vinnie Hacker

-"Massa e Chamego"

Capítulo 28

Meio da semana: dias esquisitos, encontros aleatórios e um convite inesperado

POV Vanessa

A semana passou num ritmo estranho.

Os dias pareciam mais longos, meio desajustados. Eu ia pra faculdade, encontrava as meninas, fazia as aulas, mas tinha uma nuvem constante sobre a cabeça. Não era nem raiva... era aquela sensação de quando algo importante quebra por dentro e você tenta fingir que ainda funciona do mesmo jeito.

Às vezes, cruzava com o Vincent nos corredores. Ele sempre estava cercado dos meninos, falando baixo, sério, e com o olhar meio perdido até me ver. Quando me via, endireitava a postura, ajeitava o boné (mesmo sem necessidade) e fingia não estar prestando atenção.

Mas eu via. Eu sentia. E talvez isso fosse o pior.

A tensão ficava no ar como estática. A gente se olhava rápido demais, desviava rápido demais. Dizia "oi" e "tchau" como se fosse suficiente, mas nunca era.

~~~

POV Vincent

A semana parecia um castigo.

Eu via ela quase todo dia na faculdade, mas o jeito que ela agia... dava vontade de arrancar o coração do peito e pedir desculpa com ele nas mãos. Vanessa não me ignorava totalmente, mas... sabe quando a pessoa tá ali, mas não tá? Era isso.

Tentei dar espaço. Tentei respeitar o tempo dela. Mas por dentro, cada vez que ela desviava o olhar ou dava aquele sorriso murcho, eu sentia que tava perdendo ela.

E eu não podia deixar isso acontecer.

Na quarta, criei coragem e mandei mensagem depois da aula:

Vincent: "Tá em casa?"

Nessa: "Sim, por...?"

Vincent: "Vem dar uma volta comigo. Não é cilada. Prometo."

Demorou uns cinco minutos, mas ela respondeu.

Nessa: "Ok. Só se eu escolher a playlist."

~~~

Ela entrou no carro com o cabelo preso em uma trança e uma blusa larga que provavelmente usava pra dormir. Ainda assim, parecia mais bonita do que qualquer uma das garotas que passavam pela faculdade com maquiagem milimetricamente aplicada.

- Que foi? Tá me olhando assim por quê? - ela perguntou, ajeitando o cinto.

- Só conferindo se você ainda é real - brinquei, meio sem graça.

Ela rolou os olhos, mas o canto da boca entregou que segurou um sorriso.

Saímos dirigindo pela cidade meio sem rumo, só com a playlist dela tocando e o vento entrando pelas janelas abertas. Depois de alguns minutos de silêncio confortável, estacionei numa rua tranquila, perto de um mirante.

- Trouxe você aqui porque... - cocei a nuca, tentando achar as palavras - porque eu precisava que você soubesse que eu tô arrependido. De verdade. Nem lembro da metade daquela noite, mas lembro do que senti quando acordei e vi tuas mensagens ignoradas. E quando escutei aquela ligação... mano...

- Você escutou? - ela me cortou, surpresa.

- Tava tudo gravado. Eu tava rindo com os caras, e do nada tua voz, baixinha, dizendo "boa noite" e desligando... - minha voz falhou um pouco - doeu, sabe?