-Entre a Federação e um Jantar-

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“E sua data de nascimento?”

“Dezessete de março de dois mil seis.”

Luiz anotou as respostas sem desviar o olhar intenso: “E em relação aos seus objetivos pessoais dentro da federação? O que você espera alcançar nos próximos meses?”

A pergunta pegou Pedrux desprevenido novamente. Ele tinha seus próprios sonhos e ambições, mas articulá-los sob os olhos atentos de Luiz era assustador.

“Eu… eu gostaria de me tornar mais proficiente nas minhas tarefas e contribuir efetivamente para a equipe,” respondeu ele hesitante.

“Desejo é importante,” disse Luiz com um tom sério e rígido. “Mas lembre-se: ações falam mais alto do que palavras.”

Pedrux assentiu nervosamente enquanto a pressão do olhar de Luiz pesava sobre ele como uma montanha.

Finalmente, após mais algumas perguntas desafiadoras e observações incisivas sobre seu desempenho até então — sempre colocando um certo peso nas costas dos novatos — Luiz encerrou a conversa: “Obrigado por compartilhar suas experiências, Pedrux. Continue se esforçando.”

Pedrux saía da sala de Luiz com o coração na garganta. As palavras do mentor ainda ecoavam em sua mente, e a pressão que sentia parecia aumentar a cada passo que dava. Ele precisava encontrar Nait — era urgente. Com um nó no estômago, ele se dirigiu ao refeitório, cada vez mais ansioso.

Ao abrir a porta do refeitório, o ambiente o recebeu com um silêncio desconfortável. Mesas vazias e algumas cadeiras solitárias eram tudo o que restava, enquanto seu olhar procurava freneticamente por Nait. O relógio na parede parecia zombar dele, marcando o tempo que escorria como areia entre os dedos.

“Nait! Onde você está?” murmurou Pedrux, quase em desespero. O peso da responsabilidade parecia esmagá-lo — ele precisava daquela conversa, da sabedoria de Nait para dar sentido às suas ideias confusas.

Desesperado e sem saber para onde ir, seus olhos se fixaram em Ameizim, que estava sentado em uma mesa ao fundo, cercado por alguns livros e anotações. A expressão acolhedora de Ameizim sempre trazia um certo conforto, mas agora Pedrux mal conseguia pensar em outra coisa além de Nait.

Com um suspiro pesado, ele se aproximou da mesa de Ameizim. “Oi… Ameizim,” disse Pedrux, sua voz tremendo levemente enquanto suas mãos se moviam nervosamente sobre a mesa. “Você viu o Nait? Eu realmente preciso falar com ele.”

Ameizim olhou para Pedrux com preocupação nos olhos. “Oi, Pedrux! Não vi o Nait desde cedo… Você parece angustiado,” respondeu com um tom suave e acolhedor. Ele gesticulou para que Pedrux se sentasse ao seu lado. “Vem aqui, me conta o que está acontecendo.”

Pedrux hesitou por um instante antes de aceitar o convite, sentando-se à mesa com uma expressão fechada e os ombros tensos. Ele respirou fundo, tentando controlar a tempestade de emoções dentro dele, mas suas mãos continuavam trêmulas.

“Eu… eu tive uma conversa difícil com Luiz,” começou ele, a voz quase sussurrante. “E… estou me sentindo tão perdido agora.” As palavras saíram apressadas enquanto ele evitava olhar diretamente nos olhos de Ameizim.

Ameizim inclinou-se ligeiramente para frente, mostrando empatia genuína em seu olhar. “Entendo como é frustrante não conseguir encontrar alguém quando você mais precisa,” disse ele suavemente. “Mas saiba que você não está sozinho nisso.”

Pedrux mordeu o lábio inferior e olhou para baixo. “É só… tudo parece tão pesado,” admitiu ele, as tremedeiras nas mãos intensificando-se à medida que falava sobre suas inseguranças. “Eu sinto que estou lutando contra uma maré alta... e não sei como nadar.”

^~Shards of Memory~^Where stories live. Discover now