Run.com. - Jikook

Don't hurt yourself.

— Eu juro... — A voz dele estava cada vez mais desesperada, com o choro quase não permitindo que ele falasse. — Eu não sabia... por favor, não me machuque mais...

As palavras de Jimin atingiram Jungkook como uma bala. Ele congelou por um instante, a expressão dele se contorcendo com uma mistura de dor e arrependimento. Ele olhou para Jimin, como se visse algo novo, algo que ele não queria enxergar antes, algo que ele temia profundamente. A reação de Jimin, aquele medo genuíno, fez com que Jungkook parasse, sem saber o que fazer a seguir.
O silêncio se arrastou, pesado e denso, até que Jungkook finalmente deu um passo para trás. Suas mãos estavam trêmulas, como se ele estivesse tentando se livrar de algo que o queimava por dentro. Ele olhou para Jimin, e então sua mão alcançou a máscara, mas antes de tirar, ele parou, um gesto como se tivesse mudado de ideia no último segundo.
Jungkook, em vez de se desvencilhar da máscara, se dirigiu até um jarro de rosas que estava na mesa ao lado. Jimin o seguiu com o olhar, uma sensação de pavor tomando conta dele. O rosto de Jimin empalideceu, as memórias da dor que Jungkook havia causado anteriormente, com os espinhos daquela rosa, voltaram com força.
A lembrança da dor de quando Jungkook pressionou os espinhos na mão de Jimin como se fosse um simples capricho fez com que o medo tomasse conta dele mais uma vez. A respiração de Jimin ficou mais pesada, seu corpo tenso, e ele ficou paralisado. Ele se perguntou, num pensamento desesperado: "Ele vai ser cruel comigo de novo... de novo não..." O medo o consumia, mas ele sabia que, de alguma forma, não poderia recuar.

Jungkook se aproximou, mas não tão perto do garoto, não queria assusta-lo. Ele retirou a luva de couro de uma de suas mãos, e ali estava ele: parado com a rosa na mão, seus dedos apertando com força os espinhos. O sangue escorria por sua mão, gotas caindo ao chão com uma precisão angustiante. Jimin o observou, incrédulo.

— Você... está se punindo? — A voz de Jimin saiu como um grito de desespero, como se ele não pudesse acreditar no que estava vendo.
Jungkook apenas olhou para ele, os olhos intensos, como se estivesse desmoronando internamente.

— E eu irei me punir muito mais. Eu jamais deveria ter te machucado tanto, Jimin, de várias formas... — Sua voz estava baixa, carregada de arrependimento e dor. — Sem saber direito da história. Eu mereço coisa pior que isso.

Jimin olhou para Jungkook, o choque refletido em seus olhos, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Ele sentia como se o chão estivesse sumindo sob seus pés. As palavras de Jungkook não estavam apenas rachando a máscara de sua dureza, mas também o quebrando por dentro.
As gotas de sangue caíam, e o som delas no chão parecia um prelúdio, o sinal de uma tormenta que ainda estava por vir. O que seria de Jimin, agora que ele tinha certeza de que o homem à sua frente, mesmo com toda a sua força e frieza, estava se rasgando por dentro?
O que aconteceria quando a verdade – a verdadeira verdade, nua e crua – finalmente fosse revelada entre eles?

O silêncio que pairava no ar estava mais denso agora, quase palpável, como se cada suspiro que escapasse dos lábios de Jimin fosse uma revelação de algo que ele não queria entender. Seu corpo, antes imóvel, estava repleto de um turbilhão de sensações que ele não sabia como processar. A dor ainda o consumia, mas algo novo, algo mais profundo, estava se infiltrando em sua alma: uma atração, um desejo difícil de negar, uma necessidade visceral de estar perto de Jungkook.

Enquanto Jungkook continuava a apertar os espinhos da rosa, Jimin sentiu uma estranha sensação tomar conta de si. Era como se o ódio e o afeto, a dor e a devoção, se misturassem em um único ponto, uma linha tênue entre o amor e a destruição. Ele sabia que não deveria querer se aproximar de alguém como Jungkook, mas ainda assim, seus pés se moviam na direção dele, como se uma força invisível o atraísse.

Jungkook, por sua vez, não parecia perceber o que acontecia, ou talvez, no fundo, ele já soubesse. Ele só negou com a cabeça, um gesto de resistência que vinha do fundo de suas feridas não curadas.