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Haviam se passado três dias após a guerra. Muito coisa havia acontecido e mudado, Jane estava em seu quarto. Devido a perca de sangue excessiva, foi colocada de coma. O quarto estava mergulhado em um silêncio profundo, quebrado apenas pelo som rítmico do vento que passava pelas janelas entreabertas e pelo leve sussurro do tecido das cortinas. O ambiente era simples e acolhedor, com paredes desgastadas pelo tempo e um aroma suave de ervas medicinais que preenchia o ar. O sol da manhã invadia o espaço em listras douradas, iluminando o rosto pálido de Jane enquanto ela descansava na cama, seu corpo ainda se recuperando dos ferimentos da batalha.
O tempo parecia congelado ali dentro. A cama onde Jane estava deitada era pequena, mas confortável, e ao lado dela, Isha segurava sua mão com delicadeza. Seus dedos trêmulos mostravam sua ansiedade, mas também sua determinação de não largar Jane, como se temesse que ela desaparecesse caso o fizesse. Seus olhos claros estavam fixos na jovem, carregando uma mistura de esperança e preocupação.
Na poltrona próxima à janela, Jinx estava jogada de qualquer jeito, mas não relaxada. Sua postura, embora parecesse desleixada, traía a tensão que ela sentia. A perna balançava compulsivamente, os dedos tamborilavam no braço da poltrona, e seu olhar, por vezes perdido, retornava constantemente para Jane. Ela não era boa em expressar preocupação, mas era evidente que estava presa a uma angústia silenciosa.
Jane começou a se mover. Não era muito — um leve tremor na mão e uma respiração mais profunda —, mas foi suficiente para que Isha percebesse. Seus olhos brilharam, e ela se inclinou para frente, apertando suavemente a mão de Jane. A vibração sutil no ar pareceu alertar Jinx, que levantou a cabeça abruptamente, sua expressão oscilando entre alívio e descrença.
Os olhos de Jane se abriram lentamente, como se pesassem toneladas. A luz a cegou momentaneamente, e tudo ao seu redor parecia embaçado, como um sonho. Mas quando sua visão se ajustou, o primeiro rosto que viu foi o de Isha, que a observava com uma expressão de pura alegria.
Antes que Jane pudesse processar o que estava acontecendo, ouviu o som rápido e inquieto de passos. Jinx já estava ao lado dela, os olhos arregalados e cheios de emoções conflitantes.
— Você está viva! — Jinx exclamou, sua voz carregada de alívio, mas ainda tentando soar indiferente. Seus lábios tremiam levemente, como se ela estivesse lutando para segurar as lágrimas. Sem esperar uma resposta, ela se inclinou e envolveu Jane em um abraço firme, mas cuidadoso, como se temesse machucá-la ainda mais.
Jane piscou, surpresa. Sua voz saiu fraca e rouca, quase inaudível.
— Jinx… Isha…
Isha, que ainda segurava sua mão, começou a pular no lugar. Ela levou a mão livre até o rosto, como se tentasse conter as lágrimas de felicidade. Apesar de não conseguir falar, sua alegria era tão evidente quanto a luz do sol entrando pela janela. Ela inclinou a cabeça, encostando-a de leve na mão de Jane, como se quisesse demonstrar o quanto sentira sua falta.
Jane sentiu um calor indescritível no peito. O toque das duas era como um lembrete de que ela estava viva, de que tinha algo pelo qual lutar.
Jinx afastou-se um pouco, mas manteve as mãos nos ombros de Jane, como se quisesse ter certeza de que ela não desmaiaria novamente. Sua voz, agora mais baixa, ainda tremia com o peso de tudo que tinha sentido.
— Você é uma idiota, sabia? Por que sempre tem que ir até o limite? Achei que... — Ela parou, engolindo as palavras, incapaz de terminar a frase.
Jane tentou sorrir, mas seus lábios estavam secos e rachados. Mesmo assim, havia uma suavidade em sua expressão.
— Desculpa... — Ela murmurou, sua voz pouco mais que um sussurro. — Não queria preocupar vocês...
