Viktor se levantou e sentiu o chão girar sob seus pés. A tontura o desequilibrou, e ele tropeçou, pronto para se espatifar no chão... mas foi aparado por braços firmes.

Jayce.

O cientista então sentiu o coração disparar enquanto as mãos do outro o seguravam com força. Antes que pudesse reagir, percebeu que seu rosto estava pressionado contra o peitoral quente de Jayce. O calor do corpo dele era como um milhão de sóis, e perfume amadeirado intenso que ele usava o envolveu completamente, como uma névoa que não queria dissipar. Além disso, era possível ouvir os seus batimentos estranhamente acelerados.

— Me perdoe Jay, acho que bebi demais... — murmurou, tentando se desvencilhar dos braços do amigo.

Jayce, no entanto, não recuou. Seu coração batia com mais força, a proximidade o deixando vulnerável de uma maneira que ele não estava acostumado. Viktor, com toda a sua complexidade, parecia tão humano naquele momento, tão real e ainda assim... inatingível.

Os olhares se encontraram. Viktor sentiu um calor inexplicável subir de seus quadris, enquanto Jayce mantinha os olhos fixos nos dele como se quisesse decifrá-lo e ao mesmo tempo, como se lutasse contra algo dentro de si mesmo.

Ele olhou para Viktor, a confusão em seu olhar, as bochechas coradas pelo álcool. Jayce sentiu o peito apertar.

— Vik... — sussurrou, hesitante. — Faz tempo que eu quero te dizer algo, e acho que agora é a hora certa.

O rubor no rosto do moreno, combinado à respiração entrecortada, tornava tudo surreal. Viktor o observou: o cabelo despenteado, a camisa aberta, a vulnerabilidade em seus olhos. E então sentiu a mão dele em sua bochecha, um toque que o fez congelar no lugar.

— Acho que estou apaixonado por você, Viktor — confessou Jayce, com a voz baixa.

Por um momento, tudo parou. Viktor piscou, a mente um turbilhão de dúvidas. Amor?

Jayce estava falando sério? Ou era apenas o efeito do álcool? Talvez fosse um tipo diferente de amor, algo mais platônico, sim, essa era a única explicação lógica.

Ainda assim, era como se aquelas palavras expusessem algo que ele passara tanto tempo tentando esconder, até de si mesmo. Ele queria negar, queria afastar Jayce, mas algo o impedia. Talvez fosse o olhar de cachorrinho perdido nos olhos dele, ou o calor de suas mãos em sua cintura, ou a respiração entrecortada dele.

— Você está louco... — sussurrou Viktor, revirando os olhos e mais uma vez, tentando se afastar.

Jayce continuou apertando-o, pressionando contra si, um toque que com certeza deixaria marcas. Viktor sentiu seu corpo reagir, sua razão lutando contra o desejo crescente.

— Você está bêbado, Jayce. Não pode estar falando sério...

Mas Jayce o fitava com uma intensidade que o desarmava por completo. Como se quisesse devorá-lo por inteiro.

— Estou mais lúcido do que você pensa — respondeu, a voz carregada de convicção. — Apenas... me diga se você sente o mesmo, porque eu não posso mais viver escondendo isso Vik.

Viktor não entendia o porque de estar fugindo, lá no fundo, ele tinha a certeza de que também estava apaixonado, que também o queria. Mas por que era tão difícil admitir isso?

Seu corpo estava completamente paralisado, alheio às investidas do garoto de ouro. Como sua carne poderia traí-lo tão cruelmente?

— Eu sinto o mesmo, Jayce. — ele conseguiu unir forças para dizer.

Um sorriso de pura alegria surgiu no rosto do parceiro ao ouvir aquilo, e abruptamente, ele enterrou os dedos nos cabelos ondulados de Viktor, segurando-o pela nuca e puxando levemente, fazendo-o se inclinar para trás. O mesmo fez menção de protestar, mas foi silenciado pelo beijo de Jayce — lento, apaixonado e cheio de desejo.

Viktor hesitou, ainda nervoso, mas logo cedeu, retribuindo o beijo. O sabor doce do vinho misturava-se à sensação de calor que crescia entre eles. Os lábios dele eram tão quentes, tão cheios de poder e ousadia.

A língua de Jayce movia-se como uma serpente, quase como se conduzisse uma dança, e Viktor, relutante em ceder todo o controle, levava as mãos aos ombros largos do parceiro, acariciando e apertando com mais força do que pretendia. Quando seus dedos esguios alcançaram o pescoço, Jayce gemeu contra os seus lábios, provocando um arrepio que percorreu todo o seu corpo.

Viktor se afastou instintivamente ao ouvir aquilo. Incrédulo com o que acabara de ouvir. Seu olhar percorreu o corpo do moreno outra vez, sendo atraído como um imã para os seus quadris, onde suas calças pareciam ter ficado mais apertadas, de repente.

Como haviam chegado àquilo tão rápido? O que algumas taças de vinho eram capazes de fazer?

— Me desculpe V, estou indo rápido demais? — perguntou, sentindo-se constrangido com a ereção aparente, mas ao mesmo tempo incapaz de se conter.

— N-não, tudo bem. — respondeu o outro. — Eu só não esperava por isso. — confessou.

De repente, Jayce se lembrou que Viktor era uma pessoa extremamente reservada, e que, até onde ele sabia, jamais tivera alguém com quem pudesse — ou quisesse, partilhar daquele tipo de intimidade.

Você quer? — o moreno perguntou, com um sorriso travesso estampando os lábios avermelhados pelo beijo intenso, tomando as mãos do outro com ternura e aproximando-se novamente.

Ah, como ele queria.

Queria mais do que estava disposto a admitir, mais do que achava ser capaz de suportar. Viktor não era homem de ceder a impulsos, mas ali, com o corpo de Jayce tão próximo do seu, com as suas investidas descaradas e as palavras dele ressoando em sua mente, era quase impossível resistir.

E, por uma vez, mesmo que pudesse se arrepender depois, mesmo que tudo não passasse de um sonho, Viktor decidiu se permitir.

Things That Science Cannot Explain | JayVik  | (18+)Where stories live. Discover now