Era praticamente impossível ver o chão por baixo de tanta sujeira, eles seguiram por um corredor escuro, olhavam por entre as portas, mas sem entrar, nada demais, apenas mais sujeiras e algumas partes de velhos eletrodomésticos. Talvez as pessoas usassem aquele lugar como deposito de lixo.

- O que exatamente estamos procurando? – Perguntou Jen.

- Algo – disse Charlie, sem a mínima ideia do que estava fazendo.

Os dois se depararam com uma escada, ia tanto para baixo quanto para cima.

- Pra onde? – Perguntou ela.

            - Vamos descer primeiro – respondeu ele com hesitação. Eles desceram as escadas devagar, mesmo sendo oito e meia da manhã, a cada degrau ficava mais escuro, estavam indo para o subsolo. Charlie se arrependeu de ter escolhido aquele caminho, porém não voltou. Puxou do seu bolso um isqueiro, a escada fazia uma curva e descia mais, agora o breu era completo a não ser pela iluminação do isqueiro, que não ia longe. Jennifer puxou o seu celular do bolso e ligou sua lanterna.

- Eu sou muito burro – disse Charlie. Ela riu, aquele meio-sorriso que estava meio-iluminado deixou Charlie confiante, ela era simplesmente linda.

- Me sinto em um daqueles documentários de caça fantasmas – disse Jennifer.

A escada dava em um corredor estreito, as paredes ali embaixo não estavam tão sujas quanto as de cima e o chão também parecia mais limpo. Parece que pouca gente teve coragem de descer até ali. Haviam várias salas, todas com portas e numeradas, porém vazias.

- Eu estou com medo. – Disse Jennifer.

- Eu também. – Respondeu Charlie sem diminuir o passo, no final do corredor havia outra escada, Charlie olhou para Jen como em um pedido de permissão, ela balançou a cabeça positivamente e ele se pôs a descer, a escada terminava em uma única sala, porém era enorme, a luz do isqueiro zippo que ele carregava não chegava até as paredes, Charlie deu alguns passos até esbarrar em alguma coisa, iluminou com o celular – era uma maca. – Conforme ele andava percebeu que a sala era repleta de macas, um papel retangular no chão o chamou atenção e ele o pegou.

"Young, Louis"

Era uma etiqueta, um frio subiu pela sua espinha e ele conseguiu imaginar Richard Black deitado na pilha de corpos no fim daquela sala escura.

- Vamos voltar – Disse Charlie.

- Tem certeza? – Perguntou ela.

- Agora – os dois subiram as escadas novamente, quando chegaram no térreo sentiram um alivio inexplicável.

- Vai acabar com a bateria do meu celular – reclamou Jen. – Vamos ver lá em cima de uma vez e acabar com isso. Já estou ficando com fome.

Os dois subiram as escadas para o segundo andar, as escadas davam em um corredor que ia tanto para a direita quanto para esquerda, os dois lados igualmente sujos. Eles foram pela direita, haviam várias portas de ferro numeradas que Charlie não fez questão de entrar, o cheiro naquele lugar era horrível. O final do corredor deu em uma sala grande com as paredes marrons. Ainda haviam algumas mesas e cadeiras velhas, haviam filtros de cigarros no chão e algumas garrafas de bebida. Charlie andava pela sala em direção a janela quando pisou em uma camisinha usada, a ideia de transar naquele lugar dava nojo a Charlie. A janela continha grades e a visão dava para um lugar aberto, parecendo uma quadra de futebol, só que com o chão de cimento e muros enormes. Aquela sala onde eles estavam era a sala de socialização, havia sido ali que Richard conversara com o homem sem nome – George. – E os dois haviam decidido como fugir daquele lugar.

As Pontes InvisíveisWhere stories live. Discover now