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Saí da minha turma de matemática, e fui direto pra de baixo da árvore que tem no pátio da escola, sempre como o meu lanche por lá, vendo as poucas pessoas que realmente se importam de tomar um pouco de luz solar pra variar, hoje trouxe um sanduíche de manteiga de amendoim, meu favorito.

Depois de terminar o sinal já tinha tocado e tive que correr um pouco pra dar tempo de pegar meus livros no armário, peguei o de geografia que infelizmente seria minha próxima aula e tropecei nos meus próprios pés e quase caí no chão, ficando numa posição meio desengonçada mas não seguindo a gravidade o que foi ótimo, mas mesmo assim algumas pessoas ainda riram da minha desgraça.

Em toda essa "brincadeira" a alça da mochila arrebentou e tentei arrumar com algum nó que aprendi nos meus anos de escoteira enquanto ia andando pra sala, o que não esperava era a porta de um dos armários bater com toda a força na minha testa.

- Ai!! - Gritei soltando a mochila e esfregando o local da ferida, já estava latejando, com certeza vai ficar roxo, merda! O menino moreno que é o dono do armário me olhava com uma mistura de arrependimento, surpresa e preocupação, que facilmente se transformou em medo me vendo murmurar alguma coisa sozinha com raiva enquanto pegava a mochila do chão com uma mão já que a outra ainda estava na minha testa. - Não se fazem mais homens como antigamente, - Murmurei mais alto, mas ele ainda me olhava de forma estranha, cara, se toca e me ajuda! - ...claro que não fazem, esse bando de gente que acha que cavalheirismo é uma idiotice e que a vida nunca mais será a mesma... Meu Deus, eu tenho que comprar uma nova mochila, e cortar uma franja pra tampar isso! - Bati com força na ferida e gemi de dor. - Idiota!

- V-você quer ir pra enfermaria? - Olhei pra ele incrédula e concordei bufando. Que idiota, tô com um buraco na testa e ele pergunta se quero ir pra enfermaria, pff. É bem óbvia a resposta.

Os corredores já estavam vazios quando ele tomou minha mochila de mim pra eu não ter que levá-la.

Quando chegamos lá, a enfermeira tinha saído e só um assistente estava lá, mas atendia outro aluno, por isso só me deu um saco de gelo pra por na cabeça, e falou pra esperar, o menino moreno que ainda não sei o nome mas bateu a porta do armário na minha cara se sentou na minha frente, evitando muito contato visual, mesmo que as vezes eu o pegasse me encarando, claro que de ambos os lados daquele corredor os bancos em que sentávamos separadamente cabiam nós dois e até uma terceira pessoa mas quando ele se sentou do outro lado não me incomodei.

Agora mais calma o observei com mais atenção, o cabelo escuro não era muito longo a ponto de chegar nos ombros nem muito curto a ponto de dar pra amarrar, as vezes ele passava as mãos no cabelo de um jeito bem sexy, mal percebi quando comecei a encará-lo mas quando ele ia olhar de volta me endireitei na hora, as vezes pensamentos que uma menina como eu não não devia ter vêm a minha cabeça, eu sei, bem estranho. O rosto dele me era familiar, já que já tinha o visto passando pelos corredores da escola, mesmo de uma certa distância a beleza dele tem como ser vista, na verdade ele era bem bonito, tipo bonito mesmo...

Ombros largos, rosto levemente quadrado e olhos azuis tão profundos que se olhar por muito tempo têm perigo de se afogar, mas o rosto ainda parecia de um garoto perdido, como se ele não soubesse o que está fazendo.

Um menino da minha aula de geografia(onde eu deveria estar agora) se sentou do lado do moreno e começou uma conversa bem animada que tirou sorriso de ambos, de onde eu estava não podia entender muito, mas depois do menino imitar a professora(muito bem por sinal) vi que ele foi expulso de sala por alguma gracinha, um tempo depois ele foi embora novamente nos deixado sozinhos.

Passou mais um tempo e ouvi uma menina gritar, e ele virar pra olhá-la.

- Oi Eli! - Gritou levemente e o levantou dando um abraço de urso e ele retribui não tão animado, ela logo puxou assuntos mas não pude ver o resto já que o assistente da enfermaria me chamou. Ele fez alguns exames bobos como passar a lanterninha nos meus olhos e depois perguntou se eu estava com alguma tontura, neguei mas mesmo assim ele achou melhor eu ir pra casa e fosse ao médico caso algo acontecesse, claro que não reclamei, ficar em casa sempre era bom.

Meu Novo Amigo GayOnde histórias criam vida. Descubra agora