Twenty One

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Mas se você fechar os olhos

Quase parece que

Nada mudou afinal?

E se você fechar os olhos

Quase parece que

Você já esteve aqui antes?

(Pompeii - Bastille)

Será que nossas vidas estão amaldiçoadas e jogadas nas mãos do destino? Ou será que somos nós quem fazemos nosso próprio destino?

O céu daquela noite estava sereno, as estrelas dando seu típico espetáculo na imensidão negra. Louis gostava especialmente daqueles pontinhos brilhantes, mesmo que alguns já nem existissem mais; ele gostava pois o fazia se lembrar de Harry. O gênio gostava de pensar que algum dia que Harry olharia para o céu estrelado e se lembraria dele, do que ele foi.

- Louis?

- Fala.

- Por que você não pode curar alguém com câncer?

O garoto se remexeu no telhado, tentando inutilmente achar uma posição confortável, e um jeito fácil de explicar suas limitações.

- Eu não posso fazer tudo, Ronnie. Não posso matar alguém se você desejar, não posso te dar imortalidade, ou então salvar ou destruir alguma nação. Da mesma forma, infelizmente, não posso acabar com doenças que atingem milhares de pessoas tão frequentemente.

- Isso é triste.

- Sim, porém necessário. Imagina só a confusão que seria se eu pudesse atender qualquer tipo de desejo - ele falou, fazendo a garota ao seu lado ficar pensativa - Existem pessoas más o suficiente para usar os desejos pra fazer coisas ruins, e eu acho que, seja lá quem me criou, também pensou nisso e quis evitar, me dando então limites.

- Quem será a fonte da sua criação? - Ronnie indagou, mais pensativa ainda.

- Eu não sei. Sou gênio desde sempre.

- E você pode usar seus poderes para si mesmo?

- Só para coisas simples. Mas tipo, eu não posso ficar milionário se quiser, esse é o tipo de coisa que só funciona com o desejo de um amo - explicou.

- Então... você só poderia ficar milionário se eu desejasse?

- Exato.

- Por que isso? - a loira franziu o cenho.

- Porque eu também poderia me revoltar contra o mundo e ser um gênio do mal, usando meus poderes para destruir a humanidade.

- Oh. Acho que seu criador também pensou nisso - ela murmurou.

- Pois é.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando a paisagem acima de seus corpos deitados sob o telhado da casa Londrina de Ronnie.

- Eu só tenho mais um desejo - a loira novamente quebrou o silêncio.

- Já sabe o que quer?

- Eu não quero pensar nisso.

- Por que não? - Louis questionou.

- Porque você vai embora assim que meu desejo for realizado, e eu não quero que você vá.

Louis suspirou, tirando sua atenção do céu e mirando na garota ao seu lado.

- Você tem a vida que sempre quis, Ronn, e sem a minha ajuda. A única coisa que eu fiz foi ajudar seu pai naquela promoção da empresa, e apenas alguns meses depois ele novamente subiu de cargo, e sem a minha ajuda - começou, e depois de uma pausa, prosseguiu - Então você desejou colocar Taylor naquela lista e agora ela faz parte da banda de vocês, que ganharam aquele programa; e sem a minha ajuda. Daí você desejou que nevasse, tudo para atender o desejo de um garotinho que está morrendo, e ele sim precisava da minha ajuda, mas eu não posso ajudar.

A voz dele havia ficado mais baixa conforme falava, mais monótona.

- Não é culpa sua, Louis. E é claro que você ajuda. Muito. Droga, você é um gênio!

Ele não retrucou, apenas ficou calado e desviou o olhar.

Harry havia usado seu penúltimo desejo para desfazer todos os outros. Consequentemente, ele havia deixado de ser rico e popular e então Louis foi para a lâmpada por declarar seu amor ao rapaz. Anos depois ele é liberto e descobre que Harry conseguiu reconquistar a popularidade e riqueza. E SEM A AJUDA DELE! Styles estava famoso, mundialmente famoso! O gênio começou a se perguntar do que é que ele servia. Harry teria ficado rico e popular mesmo se ele não tivesse aparecido e virado o gênio dele. Talvez aquele fosse o destino dele desde o inicio.

Ou seja, Louis só serviu para quase acabar com o casamento dos pais dele; que estão juntos até hoje, a propósito.

- Eu vou ter que ir embora algum dia. Eu sempre tenho que ir. - disse por fim.

...

- Eu vou ser a Espanha.

- Não. Eu vou ser a Espanha - Zayn retrucou.

- Mas eu sou o controle número 1, o que automaticamente me dá o direito de escolher primeiro, e eu escolho a Espanha - Liam arqueou a sobrancelha.

Zayn sustentou o olhar de desafio do amigo, e um sorrisinho sacana foi surgindo em seus lábios. Então ele disse:

- Sinto lhe informar que o controle número 2 foi mais rápido.

Liam franziu o cenho, dirigindo então seu olhar para a televisão e constatando que Zayn havia selecionado a Espanha.

- O quê!? Não, não valeu! Ah, meu Deus, você nem olhou pra tv!

- Engole essa seu perdedor.

- Perdedor? - perguntou incrédulo, retomando a postura - Okay, você vai ver o perdedor. Vejamos se consegue ganhar do Brasil.

- Não adianta nada o time ser bom e o jogador péssimo.

- Sou o melhor jogador dentre todos aqui e...

Harry parou de prestar atenção na discussão dos dois, aquilo se estenderia por mais alguns minutos até que eles resolvessem começar a jogar. Niall estava jogado na poltrona e digitava algo em seu celular, não dando a minima para a discussão que se seguia entre Liam e Zayn.

Harry suspirou e se ajeitou no sofá, usando como forma de distração as pulseiras em seu pulso. Aquela estranha sensação de que faltava algo, seja lá o que fosse, havia voltado, depois de tantos anos. Isso o frustrava. Outra coisa estranha era o fato de ele pensar frequentemente no garoto que não sabe dançar, ele só o havia visto uma vez e isso foi o suficiente para o tal garoto preencher seus pensamentos durante alguns minutos por dia.

- Droga. Eu deveria ter pego o número dele - resmungou baixo - Ou pelo menos o nome.

Ele suspirou novamente e então se levantou, sentindo uma vertigem lhe atingir; mas bastou apenas alguns segundos para ela passar. Isso estava acontecendo muito ultimamente e cada vez com mais frequência. O garoto sentiu um aperto no peito, a dor se espalhando rapidamente e, acompanhada dela, a falta de ar. Ele arfou.

- Harry, tudo bem?

Não deu tempo sequer dele responder. Sua visão ficou turva e as pernas vacilaram, o levando ao chão.

I wish (larry stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora