Também não entendo o que seria esse labirinto, muito menos os monstros que Chuck citou anteriormente e nunca respondeu meu questionamento. Não sei se esses "monstros" podem nos matar, mas faz sentido já que há uma função de operação sobre cadáveres... certo? Ou seja, há sim como eu morrer, há como todos morrerem. Que porra de lugar é esse? Quem fez esses muros, o labirinto está dentro dos muros, dizendo Chuck, mas não faz sentido nenhum, muros? Labirinto?
Eu fecho meus olhos, tentando acreditar que tudo é um sonho, mas é impossível. Se fosse um sonho, imagino que saberia meu nome.
Mas, apenas ouço o vazio.
Sou uma casca vazia, uma casa sem móveis, uma lareira sem fogo. Eu não sou ninguém.
Isso me afeta, por algum motivo, mas não deixo de pensar que é o que eu tenho, mais nada e nada menos.
Eu me levanto, preparada para ir embora, voltar para comer o meu sanduíche e fingir que nada aconteceu para Chuck. Mas assim que comecei a dar meus primeiros passos, observo dois garotos saindo de dentro dos muros correndo. Trotando e rindo, como se estivessem passeando por um campo de flores iluminados.
Eles... Quebraram uma regra?
Me pergunto observando eles em choque total, não compreendendo o que estava havendo.
—Oi.— Eu solto um grito fino, cobrindo minha boca rapidamente envergonhada com a voz grave atrás de minha pessoa. Me viro assustada, adrenalina comendo meu sangue e meu coração saltando pela boca como se estivesse em um trampolim. Noto a figura alta do garoto loiro a quem conheci e simpatizei primeiro, agora observando-me sem graça pelo grito que tive. —Sinto muito, não foi minha intenção te assustar.— Ele diz com um pesar, seu sotaque enrolando sua palavras e seu tom de voz.
Fecho os olhos com força, não acreditando o quão concentrada eu estava que não havia nem mesmo escutado seus passos na grama verde.
—Meu Deus...— Solto baixo, respirando fundo antes de abrir meus olhos para o garoto que se mantém com um olhar mel preocupado em minha direção. —Acho que você acabou de me tornar definitivamente cardíaca.— Comento rindo da minha desgraça. Ele parece achar graça, dando uma risada gostosa entre o vento, segurando meu ombro com delicadeza.
—Não brinque com besteiras.— Brinca, tirando sua mão antes de colocar suas mãos dentro de seus bolsos de cor castanha e olhar na direção que eu estava encarando. Observo como seus olhos são atentos, antes de se voltar novamente para mim. —O que estava pensando?—
—Por que eles saíram do labirinto?— Pergunto inocente, encarando ele em busca de respostas. Seus olhos se abrem como uma criança que ganha algo inesperado de Natal, mas infelizmente não me parece ser um presente bom, pois sua face se modifica com as emoções de surpresa, confusão e até mesmo choque.
—O que? Quem te disse isso?— Ele pergunta, apontando para mim ainda com a boca suavemente aberta, piscando em busca de uma resposta clara. Portando, eu dou de ombros, finalizando sua pergunta com um corte rápido.
—Ninguém.— Respondo com um sorriso sem dentes, enquanto espero a responda do meu questionamento. —Pensei que ninguém poderia entrar no labirinto.— Admito o observando, notando seus olhos fixos ao chão, enquanto seus braços se cruzam sobre seu peito.
Ele respira fundo, parecendo chateado com algo ou aflito com uma situação que repassa em sua mente.
—Chuck, certo?— Ele apenas fala o nome do garoto, observando meu olhar em busca de algo que admita que foi o ruivo.
—Não, nunca.—
—Certo...— Ele sabe que é o Chuck, mas parece não se importar, o que me deixa mais aliviada, pois se não teria que inventar uma história muito interessante. —Eles são os únicos na clareira que tem permissão de entrar e sair, ambos são Corredores, uma função a qual se baseia em explorar o labirinto, que você deve saber o que é... Certo?— Ele usa um pequeno deboche brincalhão, continuando. —Procurando uma saída ou informações para ajudar na clareira.—
Eu fico em silêncio, desviando meu olhar para os dois garotos que trajavam roupas específicas para sua função. Pareciam ter dado tudo certo na exploração, pois estavam bastante sorridentes. Minha mente enrola, pensando como deve ser lá dentro, imaginando se eu conseguiria correr e sobreviver dentro do labirinto. Sinto como se conhecesse, a sensação me esmaga com força, me forçando continuar encarando a entrada dos muros.
—Quero ser uma corredora.— Exclamo, ainda com o sentimento intenso dentro do meu peito. —Eu consigo...—
—Não, você não vai poder. Por isso não listei essa classe.— Foi rápido e seco, como uma flecha em um alvo. Minha boca permanece aberta, em choque de como sua voz misturou com um grande empecilho. —Me desculpe...— Ele suspira, passando a mão pela sua face em estresse. —Não queria te responder dessa forma, mas você apenas pode entrar por meio da indicação dos membros. É uma função limitada, entende?— Explica com suas sobrancelhas franzidas.
—Então eu não posso... Entrar?— Eu me sinto decepcionada, como uma bola furada.
—Não, sinto muito.— Ele diz, agora acolhendo minha tristeza em silêncio. —Mas, tenho notícias sobre a reunião que tivemos a alguns minutos atrás.—
Olho curiosa para o garoto loiro, o qual lambe os lábios vermelhos ansioso para dizer o que estava decidido. Sinto que é algo relacionado a mim, já que está me informando sobre a reunião que aparenta ser sigilosa. Eu observo como seus olhos brilham a fim de falar o que estava decidido. Noto que o dia está terminando, que o céu se torna turvo entre a cor escura do céu para a cor brilhante do sol laranja, pintando o cabelo loiro de Newt de forma harmônica, o próprio menino dos cachos dourados. Seus olhos mel parecem se tornar mais fortes, assim como sua pele pálida parece mais quente.
—Bem, na caixa junto a si, veio alguns estoques de roupas femininas, e isso é bom, pois você terá roupas.— Ele começa a falar, parecendo nervoso com algo. —Bem como, vieram um tipo de fralda... Algo assim, uma caixa enorme deles, vieram com seu nome.— Absorventes, ótimo, não irei precisar usar nada misterioso. Ele tosse, limpando sua garganta nervoso enquanto balança suas mãos. —E por fim, o conselho também chegou a decisão de dar um espaço do banheiro apenas para você, e também construir um quarto privado.— Ele informa e eu abro um sorriso, satisfeita com as decisões.
—Isso é ótimo Newt...—
—Mas por enquanto, foi decidido que você irá dormir no meu quarto.—
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Psycothic | Newt
Teen Fiction"Mês a mês uma alma é sacrificada ao ser enviada a clareira, uma alma sem memórias, um casco vazio. Mês a mês é menos uma alma que desfruta da liberdade da sua terra, os frutos da sua mente e oportunidades de viver a elegância da vida fora do labiri...
02| Quarto?
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