Aquele Azulejo

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Aquele azujelo - de massa cinzenta,
Com seu azul desbotado,
À ímpar, perdeu-se sem volta,
De ponta a ponta, fugiu, sumido

Por dentro e por fora, uma calúnia
O azulejo, de tudo, já viu e lastima,
O que podia e também não devia,
Da testemunha à vítima,

Nem azulejo azul, nem pessoa cinza
Nem pessoa azul, nem azulejo cinza
Que se dane a massa corrida,
Aguentaria o peso latente daquela vida

Cairia da parede, rastejaria pelo chão,
Avulso da realidade, contra a razão,
Sumiria, nem seria visto, tachado de fujão,
Rasparia, bruto e doloroso, o vermelho por repulsão

Poemas de Fundo de GarrafaOnde histórias criam vida. Descubra agora