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Cheguei em casa, peguei os arquivos que o Ian me emprestou e sentei em frente ao meu notebook. Queria pesquisar tudo o que poderia sobre aquele serial killer.

Joguei seu apelido na internet para ver o que as pessoas falaram. Nunca sobrou uma vítima para contar a história.

O caso era sempre o mesmo: A pessoa some por dias, depois aparece morta na sua própria casa, com marcas no pulso e no pescoço. A causa da morte é sempre estrangulamento. Não tinha escolha de gênero ou classe social.

O culpado pode ser homem, alegando pelo motivo dele ter força pra carregar a pessoa. Acredita-se que a pessoa tem ligação emocional com a vítima por sumir com ela por dias antes de matar. As marcas do pescoço são sempre mais recentes que algumas do pulso, não todas. É como se as do pulso acontecesse periodicamente, logo pensamos que seja por deixar a pessoa presa.

Não tem marcas de arrombamento na casa, por esse motivo ele ganhou o apelido que tem. E também pelo motivo dele sempre deixar uma letra do alfabeto perto da vítima com a inicial do sobrenome da próxima. E essa letra é arrancada do tabuleiro Ouija. O tabuleiro usado pra conversar com pessoas mortas.

Pensei que se não tem arrombamento, logo ele é convidado ou tem a chave da pessoa, logo ele é conhecido da vítima. Então, tem sim ligamento emocional. Como pode ser conhecido da vítima e nenhum dos amigos e familiares conhece? Porque nisso seria uma pessoa em comum, mesmo que mude o nome, seria a mesma cara.

E como ele sabe o sobrenome da próxima vítima? Ele já conheceu a pessoa ou procura logo alguém com aquele sobrenome?

Eram muitas perguntas, que agora eu entendo o porque do Ian não descobrir nada ainda. Peguei meu celular pra tirar umas fotos dos arquivos antes de entregar de volta, e vi que tinha mais de 30 ligações. Como meu celular estava no silencioso eu nem percebi. Era o Brendon. Liguei de volta, preocupado.

- Olá, Brendon, aconteceu alguma coisa?

- Por que você não atendeu? Está sozinho em casa?

- Como sabe que estou em casa?

- Eu...deduzir.

- Certo. Eu estava ocupado escrevendo o livro, e não vi as ligaçoes estava no silencioso.

- Eu queria saber se eu poderia te ver de novo.

- Olha, Brendon...não acho uma boa ideia?

- Por que?

- Porque você está me assustando.

- Achei que você gostava disso, de aventura.

- Isso está mais pra um filme de terror do que de aventura.

- Deixa eu me redimir? Vem aqui em casa, você me conhece, conhece o local que eu moro. O que você acha?

Pensando no que ia responder, fui até a janela, e notei que tinha um carro estacionado e comecei a pensar se era ele me espionando. Mas acho que estava começando a ficar louco com essas coisas do Ian e ignorei.

- Certo, Brendon. Eu gostei de você, só foi hoje que você me assustou. Topo sair com você de novo.

- Sim, que ótimo. Desculpa se eu te assustei, é porque eu sei que você é especial e que combinamos, Dallon. Somos muito parecidos, eu sinto isso.

- Ok, me manda seu endereço e o horário por mensagem, amanhã eu passo ai. Agora eu preciso desligar, continuar a escrever.

- Tá, então até amanha.

- Até amanha.

Eu me achava carente até conhecer o Brendon. Engraçado que no começo ele parecia o cara que podia ter qualquer pessoa e em uma noite de sexo, o jogo mudou. O medo é ele ser tão possessivo como era na cama. Resolvi deixar isso pra lá e quando olhei pela janela de novo, o carro não estava mais lá.

Estava começando a ficar tão louco quanto os personagens das minhas histórias.

Deixei mensagem pro Ian falando que deixaria os arquivos no trabalho dele já que de noite eu não poderia sair com ele. Não quis contar que eu ia sair com o Brendon de novo. Mas não precisou quando eu recebi a resposta dele com uma mensagem "Vai sair com o garoto da cafeteria de novo, né pervertido? Está liberado, só não demora porque preciso desses arquivos amanhã mesmo. Depois te conto o porque"

Lá vai Ian me deixar curioso. Será que encontraram o cara? Será que eu poderia pegar o laudo da psicóloga depois do interrogatório? Eu estava incrivelmente ansioso pra amanhã mais pra ver o cara na prisão do que meu encontro a noite.

Por isso que eu sou um cara solteiro.

Violent ThingsWhere stories live. Discover now