PARTE SETE: Alguém segura esse gatinho

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MOONIE PARECIA MAIS CALMO depois do susto que dera nos garotos. Eram quase 17h00 e após as pernadas pela redondeza, o gato revezava-se em eriçar os pelos toda vez que se aproximavam e a miar um choro tocante.

— Ele é assim com todo mundo? — Dos três adolescentes que ali estavam, Ni-ki era o mais sensível. Carregava consigo uma afeição imensa pelos animais, e seu cenário atual mais triste era ver aquele gatinho arisco temer que o maltratassem.

— Normalmente é sim — confirmou Haein, um suspiro escapando dos lábios. — Acho que só o Hee pra deixar ele à vontade... Moonie gosta demais dele, sabe? Um grude só.

Pela visão deles se via o gato deitado na poltrona pequena e cinzenta. Calmo, até; mas os olhos, tão inquietos, não se fechavam por nada.

Como é difícil viver em constante alerta, Ni-ki pensava bastante comovido. Se ele soubesse que só quero oferecer carinho...

— Talvez ele esteja com sede. — Taki tinha o costume de dizer mentirinhas para situações ruins a fim de evitar sofrimento. Se levava uns cascudos do pai por qualquer besteirol, botava na cabeça que merecia, porque era muito irritante e isso deixava o pai estressado. Era melhor pensar assim.

Moonie não estava com sede nem com fome. Talvez um pouco sonolento, mas não pregaria os olhos tão logo.

Restava uma hora para que o senhor e senhora Lee retornassem do trabalho e a casa jazia quieta, quase como se não houvesse ninguém. Silenciosa, mas não sossegada. Era angustiante.

Taki tinha as mãos inquietas o tempo todo, deslizando-as pelo tecido encardido da calça. Ni-ki e Haein se espalhavam no sofá da sala: ela, zonza de pensamentos; ele, folhando uma revista barata e rasgada que encontrou na mesinha. E Moonie dando ares de ansioso.

Enquanto Ni-ki marcava uma página sobre jaquetas de couro para rever depois, acabou se atentando à movimentação repentina do gato. Pata ante pata, Moonie saía da poltrona aos arrastos, miando em direção à cozinha.

Haein, reparando que Ni-ki preparava-se para segui-lo, adiantou:

— Moonie não vai fugir de novo, fica tranquilo. Fechamos todas as janelas.

— Eu sei, mas é que... — Percebeu que estava preocupado demais. Ela tem razão, raciocinou, e voltou a se acomodar no sofá alaranjado.

Taki não fez o mesmo. Apreensivo como estava, que mal havia em acompanhar o bichano?

De pé em frente à porta entreaberta, deparou-se primeiro com um miau decidido; depois, deu com o gato em cima da mesa no centro, com os olhões fixos à janela travada sobre a pia recém-limpa.

— Que bom que fechamos tudo — ele virou para avisá-los na sala, rindo de alívio—, o danado tava tentando fugir pela janela da cozinha agorinha.

Quando Taki tornou sua atenção para frente, a mesa parecia pequena demais para Moonie. Com uma coragem impressionante para um gato tão singelo, o travesso animalzinho alçou voo em direção à liberdade, afiando as garras para libertar a vista daquela janela sem cor.

Foi um pulo lindo... E tão errado.

Quando Taki viu que Moonie voava, correu pegá-lo e até conseguiu o feito, mas não pode segurá-lo por muito tempo por conta das unhadas que levava. Foi um escarcéu só.

Ni-ki e Haein, espantados pela barulhada, chegaram à cozinha no exato segundo em que o gato saltava dos braços de Taki e aterrissava as patinhas na prateleira de um armário antigo, derrubando uma lata de vinho, duas taças e algo muito, muito valioso.

— AI. MEU. DEUS. — Cada palavra era acompanhada de puro desespero.

Porque ali no chão da cozinha, rachada em todas as cores, estavam as sobras do que uma vez havia sido a xícara favorita da senhora Lee.









Notas da Autora:(🐈‍⬛) Quase um mês depois, cá estou eu com mais um capítulo pra vocês 🤡 Admito que deixei relaxar um pouco, mas quero muito continuar com a fic porque gosto muito dela, mas vou ir no meu tempo. Se chegou até aqui, muito obrigada! Desejo um bom início de semana para todos vocês <3

Operação Gatinho TravessoWhere stories live. Discover now