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— Acho que vai chover hoje. — Falo com os braços cruzados olhando para o céu fechado.
— Com certeza vai, e nem pense em faltar no treino amanhã. — A loira diz andando ao meu lado e eu reviro os olhos vendo aquilo como uma ofensa.
— Como se eu faltasse nos treinos, Cathrine. — Digo com ênfase em seu sobrenome para provocar, ela me olha com tédio e eu sorrio a abraçando de lado enquanto caminhamos.
Ela passa o braço por cima de meus ombros e me mantém perto de si, não consigo deixar de pensar no quão bom é ter essa amizade, onde posso receber muito carinho e ao mesmo tempo muita provocação. Mas era nosso jeitinho de nos amar, quem olhasse de longe poderia pensar que éramos mais do que amigas, mas no fundo, os anos de amizade e companheirismo prevalecem.
— Quando você vai me ensinar aquele chute com efeito? — Pergunto lembrando que a mais alta prometeu me ajudar. — Acha que eu esqueci?
— Te ensino quando me ensinar aquele drible que você fez no treino de ontem. — Ela me olha rapidamente com um sorriso.
— Aprendi no YouTube. — Dou de ombros.
— Não importa, me ensina e eu te ensino.
Estamos caminhando no bairro onde moramos, era um domingo de manhã e como não tinha nada para fazer resolvemos ir bater perna. Mas hoje não fomos tão longe, o suficiente para termos conversas aleatórias. Então chegamos na frente da minha casa, e consequentemente de Leah também, já que ela era minha vizinha.
— Então, treino hoje mais tarde? — Pergunto parando de andar, mas não nos afastamos.
Vejo a garota suspirar pesado e desviar o olhar ainda mantendo contato físico comigo, pude observar bem de perto seu rosto angelical com traços delicados e ao mesmo tempo bem marcados.
— O que foi? — Pergunto vendo seu olhar baixo e as sobrancelhas levemente franzidas.
— Aquela mulher que meu pai está namorando. — Começa dizendo e eu já sei que algo nada bom vem por aí, julgando que nada sobre esse assunto era bom para Leah. Segurei com calma e suavidade sua cintura e a olhei com atenção. — Eles decidiram se casar, quer dizer, não agora mas, vão morar juntos e a filha chata dela não vai ficar de fora. — Ela me dá um sorriso triste.
— Então sem nenhuma chance de reconciliação entre seus pais, não é? — Pergunto por mais que fosse óbvia a resposta, a garota apenas negou. — Olha, você mesma disse, foi melhor assim, eles terem se separado por que já não era bom pra ninguém. Dá uma chance para elas, Leah, quem sabe vocês não podem ser felizes juntos. — Tento confortá-la com minhas palavras.
A garota me encara parecendo pensativa em silêncio por alguns segundos e logo sorri fraco, sinto meu rosto esquentar quando ela vacila com o olhar para meus lábios, e sei exatamente o que se passa em sua mente. Mas ela não faz nada, apenas respira fundo e se afasta.
