5. In another life.

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"I don't know why I am the way I am, not strong enough to be your man.
I tried, I can't"
Not Strong Enough by B. 

⋆。°✩

Harry.

Ouço o estalo da porta ao fechá-la, ouço o barulho do trinco quando eu giro a chave na fechadura e o ronco da moto de Louis se distanciando cada vez mais. Retiro o meu All Star verde claro de forma preguiçosa pelo calcanhar e o deixo-o ao lado da porta. Não contenho o suspiro de alívio ao perceber que minha mãe não está na sala, as chances dela ter visto eu descendo da moto de Louis vão caindo drasticamente.

Não estou a fim de mais uma sessão de drama em casa. Só quero subir, tomar um banho e depois ir para casa do Niall. Coisas simples, não vai ser tão complicado.

Dou dois, três passos antes da minha mãe aparecer na minha frente, saindo da cozinha que há uma entrada na sala. Solto um arfar assustado, pelo visto, vai ser complicado, sim.

Eu analiso suas expressões, como eu sempre faço antes de qualquer conversa para tentar interpretar como está o seu humor, e percebo que sim, ela viu eu descendo da moto de Louis. Suas sobrancelhas e lábios estão franzidos e seus olhos verdes, que até poderiam expressar preocupação por eu ter chegado tarde em casa, estão transbordando de ódio, como se eu fosse um incômodo que Elizabeth não queria lidar no momento. Um empecilho que ela não conseguiu se livrar.

É tão exaustivo ser filho dela, eu não aguento mais. Eu só queria ter uma mãe que me amasse.

Eu sei o que vem em seguida, como um filme que já assisti repetidas vezes contra a minha vontade, sei todas as falas de trás para frente e sei que, no fim, todos estão errados, menos minha mãe. Nunca minha mãe. Posso tentar ser o filho perfeito, o filho ruim, o filho invisível, o filho prestativo e o desobediente mas sempre, sempre, acabamos no mesmo lugar, onde eu estou errado e sou um ingrato com ela.

E eu só queria poder me aposentar do meu papel de uma vez por todas.

— Isso é hora de chegar em casa? E quem te deu permissão para andar na moto dos outros Harry Edward? Quem era? — encaro minha mãe em silêncio, considerando o que

vou deixar sair dos meus lábios, dependendo do que eu vá falar, sua ira pode ou não aumentar. Estou tão exausto dessa situação que poderia facilmente jogar tudo pelo ar e sair pela porta do mesmo jeito que eu entrei, mas sei que é pior. Ignorá-la sempre faz a situação que antes era uma chuva se transformar em tempestade — Me responda! Pare de me desrespeitar assim! — Ela grita, como se eu estivesse desafiando-a, e fecha as mãos em punhos. Mesmo me esforçando muito para não acontecer, eu dou um pulo no lugar com o grito e me encolho inconscientemente.

De forma instantânea, sinto uma vontade avassaladora de chorar.

Percebo que o bolo na minha garganta não sumiu mesmo depois de eu ter engolido a seco duas vezes seguidas, respiro fundo para tentar desfazê-lo mas nada adianta. Me recuso a chorar na frente da minha mãe, não vou deixar ela ter esse gostinho da minha fraqueza, por mais que eu queira muito, por esse mesmo motivo, eu respiro fundo com mais força, tentando mais uma vez me acalmar. Não vou chorar na frente dela.

Odeio brigas e gritos rudes direcionados na minha direção, sempre desabo em lágrimas no colo dos meus irmãos com eles sussurrando palavras doces no meu ouvido como uma tentativa de apagar tudo o que eu ouvi sair dos lábios da minha mãe. E eles realmente conseguem por um tempo, mas na calada da noite, é sempre a voz dela que eu ouço ecoando na minha cabeça.

Eu já deveria ter me acostumado com essas situações, mas eu não consigo.

Eu só queria ter uma família normal.

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⏰ Last updated: May 13 ⏰

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