2. Darkness.

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"The places I've been to, the voices I've heard
Mistakes I've lived through, the lessons I've learnt
Cause we're all getting older and some of us dumb"
— It Gets Better by C.

⋆。°✩

Louis.

O resto da aula de História é como uma tortura psicológica desde que eu voltei para a minha mesa, eu sinto vontade de me jogar de uma das janelas da minha sala ou enfiar um lápis no meu olho. Desvio o olhar para a minha mesa, considerando a minha última ideia, mas me contento em bater o dedo ritmicamente na madeira já ela está vazia já que eu não fiz questão de tirar meu material da mochila e suspiro alto, perdendo uma guerra interna que eu venho tendo há alguns minutos.

Eu tentei, de verdade, não encarar o tal de Harry Styles que estava sentando ao meu lado, mas meus olhos são muito traidores e minha mente é extremamente traiçoeira quando se trata de garotos bonitos. Principalmente os que têm olhos verdes um pouco apagados, cabelos e roupas estilosas.

Não sei se ele realmente não percebe meus olhares ou se somente decide me ignorar. Seja qual for a opção, ele continua lendo avidamente aquele livro como se o mundo não existisse. Eu queria ter essa paz de espírito.

Observo o fone na sua orelha e sorrio, menino esperto. Faço o mesmo, conecto meus fones no meu celular e começo a mexer nas minhas redes sociais com a música Always de Gender Roles de fundo, abafando a voz estridente do meu professor que continua chamando os alunos até a sua mesa.

Vejo algumas fotos dos meus colegas do meu antigo colégio ao rolar a página. Fotos em festas, fotos borradas, fotos cheias de efeitos e vídeos trêmulos que eu não faço questão de abrir. Se eu não tivesse sido expulso daquele colégio fudido, eu estaria com certeza em uma dessas imagens pois não consigo fugir de uma festa, mas não sei se me sinto exatamente triste com o fato de que não estou lá.

Odeio pensar no que aconteceu no dia da minha expulsão e como eu vim parar aqui, então não penso no assunto. Sou profissional em não pensar em coisas que não quero, não sei se minha psicóloga me apoia nesse costume.

Aumento o volume do meu celular e deixo It Gets Better de COUNTERFEIT tocar alto nos meus fones e cruzo os meus braços em cima da mesa para apoiar minha cabeça ir dormir. Em segundos, tudo se torna escuridão.

Não sei quanto tempo se passa, mas eu acordo sentindo cutucões no topo da minha cabeça, estou pronto para xingar alguém por me acordar. Quando levanto minha cabeça, estou extremamente perdido, meu olho demora a se acostumar com a claridade excessiva que vem das enormes janelas, a minha visão foca depois de alguns segundos, vejo um dedo com a unha pintada de vermelho escuro apontando para mim como se estivesse indo realizar uma ação — acredito que me cutucar novamente? — mas parou no meio do caminho.

Olho mais para cima e vejo Harry falando algo que eu não consigo ouvir por conta do volume do meu fone de ouvido, retiro eles rapidamente e encaro Styles com dúvida. Como se ele percebesse que sua mão ainda estava parada no ar, seu braço cai ao lado do corpo em um baque surdo.

— Eu não estava ouvindo, pode repetir? — Harry deu um suspiro cruzando os braços e brincou rapidamente com seu piercing no lábio, atraindo minha atenção para lá antes de me responder.

— A aula acabou há algum tempo — disse sem dar mais explicações.

Eu arregalo os olhos em compreensão e olho ao redor, realmente não tinha mais ninguém na sala, nem o professor que possivelmente foi trocar de camisa. Harry me encara e volta a mexer no maldito piercing. Será que se ele soubesse o tanto que me deixa com vontade de experimentar os seus lábios com essa ação, ele continuaria fazendo?

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