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Arminda Ezra

Como eu estava com saudade da minha casa.
da minha vila.
da minha amiga.
Das nossas conversas, lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que a vi, eu era uma criança muito tímida, havia acabado de me mudar com Elohim, tudo era muito novo. Me recordo que estava ela e Dylan brincando de amarelinha, eles eram ainda muitos pequenos, nem imaginavam que um dia iriam se casar, logo fui acolhida por todos, foi difícil de me acostumar a novas pessoas.
Novos horizontes.
Novos ares.
Mas fui me acostumando.
Tinha que me acostumar.
Eu deveria me acostumar.
Nunca fui de dar trabalho para o meu pai, as pessoas da nossa vila já o ocupavam demais e não via necessidade de o incomodar pela refeição atrasada ou o brinquedo não dado em dias de festas, o importante é que ele sempre esteve ao meu lado.
Colocando todas as noites para dormir e dando o tradicional beijo de boa noite.
Minha infância foi completa, com pessoas completamente amáveis, com amigos inseparáveis, se Yesu me desse outra oportunidade de voltar ao passado eu faria tudo novamente, viveria tudo novamente.

-Arminda? - nossa eu havia viajado em dimensões.
-Mil perdões, acabei me perdendo em pensamentos - falei com muita vergonha.
-não tem problema.
-Mesmo assim, que vergonha... - coloquei a mão na testa abaixando a cabeça.
ela sorriu, mas passando algum tempo falou
- Você sente saudades de lá?
- da vila?
- sim - afirmou.
- ah, sinto muita falta, principalmente de dar os ensinamentos e da Cordélia.
-Ela é sua irmã? Percebe-se que tanto Dylan e a senhorita tem uma ligação muito forte com ela.
-não, não somos irmãs de sangue, crescemos de certa forma juntas, Dylan e Cordélia nasceram praticamente juntos, suas mães eram amigas, o tempo foi passando e foram se apaixonando, mas eu não nasci na vila...
-E onde você nasceu?
-Muito antes do deserto de Cornely, em um povoado não muito conhecido pelo nosso povo, mas com tudo isso eu me considero daqui.
- E sua mãe não veio com vocês?
- Não conheço meus pais biológicos - afirmei.
-Então quer dizer... - falou com receio.
- Elohim me adotou na mesma idade em que Gustina se encontra, não me recordo muito bem do rosto deles, mais de algumas cenas.
- ah, mil perdões - falou preocupada.
- Não tem problema, eu me sinto muito grata por ter Elloincomo meu pai.
-Meus pais também não foram muito presentes, não na sua proporção, mas não na sua proporção.
- como assim?
- Meu pai é um homem muito ocupado, com muitas posses, não tem tempo para a família e, minha mãe só tem olhos para seus dois filhos homens que tinham um futuro muito lucrativo por vir - suspirou.
- Eu sinto muito - com muito receio coloquei a mão em seu ombro em forma de consolo.
-está tudo bem...
-mas veja pelo lado bom.
-Como? - sem entender ao certo ela protestou.
-Você acredita que tudo acontece com um propósito?
-Por algumas partes sim...
-Então, se tudo isso não acontecesse você não teria a experiência de cuidar dos senhores de idade.
- olhando por esse lado...
- Como é perfeito as obras feitas por Yesu.
- Gostaria de ter sua vida.
- Inverlia, não fale assim, você pode experimentar também das coisas que eu já vivi.
- Como? Minha vida inteira foi invejando a atenção que era depositada em meus irmãos, no trabalho do meu pai, nunca ninguém olhou para mim, até às pessoas da vila, só olham para mim pois tenho algo para oferecer - Com olhos em lágrimas Inverlia se levantou indo em direção a cabana onde Gustina estava.
- Não fale assim,eu conheço alguém que sempre está olhando pra você - Com os gritos os rapazes saíram da barraca.
- Não venha com esses passatempos e não venha me falar que foi 'Yesu' - fez sinal com as mãos - onde ele estava quando eu mais precisei?! - Gritou.
- O que está acontecendo? - Luke falou perto da barraca junto com Dylan.
- Não fale isso por favor... - falei com os olhos cheios de lágrimas.
- ONDE? - Gritou - quer saber, deixa para próxima, talvez ele próprio venha me responder pessoalmente né - falou ela com sarcasmo e entrou.
- E onde você estava quando ele queria estar ao seu lado? - Ao longo de sua imagem sumia sussurrei em meio às lágrimas

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-Você não deveria ter dito aquilo - Dylan estava do meu lado me advertindo.
- Eu só queria ajudar... falar sobre Yesu, que ele podia socorrer ela...
- Nem sempre as pessoas dão cabimento para isso. Foi você mesmo que me ensinou isso.
- Foi mais, vi ela tão presa nas frustrações do passado que o meu desejo só era ajudar.
- Ela nem nos conhece direito. Nem fazem duas semanas que estamos aqui. Nem sairmos do lugar.
- Eu vou resolver isso agora - me levantei rapidamente mais uma tontura me fez recuar.
- Nada disso mocinha, você vai se recuperar. - ele me sentou com cautela - Aparentemente Inverlia tem um bom coração e vai te perdoar.
- Assim espero - bufei em frustrações - Como vamos sair daqui, Yesu?
- Não se preocupe Arminda - Dylan tocou em meu ombro gentilmente - logo, logo vamos sair.
- Eu tenho algo para falar... - sussurrei.
- Conte-me.
- Se eu falar que quando cai eu fui arrebatada para o paraíso e conversei com Yesu, você acredita? - minha experiência era de aflição. Será que Dylan acreditaria em mim?
- Claro que acredito - Ele sorriu me confortando.
- Ele me deu alguns direcionamentos para seguir, e também me avisou de várias coisas.
- que coisas são essas?
- eu não posso contar agora.
- Por que não?
- eu só posso contar quando o sétimo integrante estiver conosco.
- sétimo integrante?
- você saberá na hora certa. Mas Dylan, como foi perfeito estar com ele, o paraíso é algo maravilhoso e inexplicável, eu me senti em casa sem ao menos ter pisado antes.
- Mas não se preocupe, um dia todos nós estaremos lá. Ao lado do nosso mestre recebendo uma coroa de glória.
- assim eu creio. Mas antes disso nós temos algo muito importante para fazer.
- o alimento acabou - Luke, o soldado, abriu a lona da cabana informando o que tinha acontecido.
- Já?
- os alimentos que vocês trouxeram era sociável para três meses duas pessoas, não seis. - afirmou Luke sorridente.
- isso você tem razão - Concordou Dylan sorrindo.
- Não existe alguma árvore conhecida ao redor?
- Todos os frutos que vi pelas redondezas não conheço. - testificou o soldado.
- Interessante - Dylan colocou o amor queixo gesto que fazia quando pensar em alguma solução.
- como eu esperava... - sussurrei.
- Como assim? - perguntou meu amigo.
- Isso faz parte daquilo que eu vou explicar quando o sétimo integrante chegar.
- Sétimo integrante? - Luke perguntou.
- Que Sétimo integrante é este?
- tenho certeza que ele não está tão distante que ia chegar. Espera só mais um pouquinho.
- Mais e a comida - Luke trocou de assunto levanto para a questão mais preocupante - temos que levar em conta que temos um idoso e uma criança, e você senhorita não está em suas perfeitas condições para ficar sem refeição.
- Vamos sair para procurar alimentos. - a ideia veio de Dylan.
- Certo.
- você espera um pouquinho? Voltamos logo - o loiro afirmou preocupado.
- Não tenho pressa. - sorri gentilmente.

Como estava de noite achei melhor continuar na barraca. Mesmo cambaleando ia ficar de pé, o lado bom disso é que eu conseguia colocar remédio em meus experimentos. Passando algum tempo logo Gustina tinha entrado no quarto me fazendo companhia, a criança era bastante amorosa e carinhosa deixando o meu carinho por ela aumentar.
Até que teve um momento que adormecemos e Gustina começou a se debater, ela suava frio e repetia uma só frase: "Por favor mamãe, não me deixe... por favor não me deixe!".
Quanto tá o espanto não sabia o que fazer então acudi a criança o quanto consegui.

-Calma pequena.... - impressionei forte contra meu peito. - eu estou aqui... vai ficar tudo bem.

Repetir essa frase quantas vezes foi necessário até que ela voltasse ao normal. Presenciando meus olhos de pavor Inverlia entrou na cabana.

-O que aconteceu? - perguntou sem importância.
- Ela estava tendo um pesadelo - Gustina ainda estava nos meus braços.
- Isso acontece desde o dia que dormirmos pela primeira vez aqui. Não é para tanto - se acomodou e virou para o lado oposto.
- Mas ela está gelada de medo e...
- Para de mimimi tá certo? - me interrompeu - se quer discutir procura outro. - eu me calei de imediato recuando e me deitando também junto a Gustina que estava entre nós.

Por trás da ilha E Os Sete Pecados Capitais Onde as histórias ganham vida. Descobre agora