Uma coletânea de Contos interpretativos repletos de crises existenciais.
A bela tragédia da vida de Alaska Hati, uma jovem mulher que tenta se encontrar em meio as nuvens obscuras de traumas e luta pra sobreviver sozinha em um mundo cruel demais par...
O som do profundo e extenso oceano parece sufocar seus ouvidos com a pressão, seus olhos permaneciam fechados, podia sentir o toque da água gélida em seus dedos. Parecia flutuar, pensou Alaska.
Ouvia baleias grunindo a distância, seu corpo parecia estar em um estado inativo mas ao mesmo tempo consciente. Ela sentia todos os sentidos aguçados por aquele assustador e entorpecente som dos animais marinhos e o fundo do mar, sentia que a qualquer momento poderia despencar da água a cair naquela profundidade desconhecida de cor azulada que era o oceano. Alaska não sabia quando e como havia parado ali, suas vestes claras outrora secas agora pesavam mais ainda dando ao seu corpo a sensação de pânico. Só então notou que não conseguia respirar.
Não se movia, se quer enxergava algo, a ansiedade consumindo seu peito em grande escala a fez desesperadamente bater as pernas e braços tentando nadar para sair daquilo. Era péssimo, turbulento e assustador demais, estava tão apavorada que não conseguia pensar direito, era como estar presa em seus próprios pensamentos e medos que a afogavam lentamente, transbordando aquela água cristalina para fora de seu corpo. Alaska percebeu que o ato de se debater não ajudaria em nada, mas sim só a afundaria mais ainda já que não poderia subir a superfície daquela forma impulsiva.
Sentiu ânsia, queria vomitar mas nem isso era possível, havia parado ali por puro descuido de si mesma, era seu fardo por ser tão...inconstante. A pressão fazia sua cabeça se aquecer e doer como se alguém a jogasse longe, pos a mão em seu pescoço tentando desesperadamente respirar ou cuspir, falar algo; mas suas palavras pareciam a engasgar agora.
"Não posso morrer, não denovo" pensou ela. Esse não seria o seu primeiro vislumbre da morte, nem mesmo o último.
Quando abriu os olhos tossiu demasiadas vezes, recuperando o seu pulmão devolta. Esptava devolta as paredes azuladas de seu quarto e sua cama estava enxarcada do suor frio que escorria pela fina camisola branca.
Alaska se engasgou com seus próprios pensamentos. Se as pessoas fossem água, você seria uma garoa, Alaska seria uma tempestade em alto mar.
O preço a pagar realmente faz isso valer a pena?
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