• 02. Alaska vê anjos

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Alaska não é religiosa, tampouco tem alguma espécie de crença divina, é totalmente descrente. Sua casa não é realmente feliz, seu pai não é um pai de verdade e sua mãe esconde a mentira com um tapete brilhante carmesin. Alaska é inocente, mas não ingênua. Ela vê tudo.
Uma noite onde os gritos vindos do andar debaixo eram tão altos que nem mesmo os fones de ouvido podiam abafar, a jovem se encontrava sentade abraçada com os joelhos se perguntando o porquê daquilo estar acontecendo, enquanto os vidros dos vasos estraçalhavam-se ao se chocar com a parede da sala, mamãe gritava enquanto chorava algo sobre ele não ser um pai presente e a trair pelos tapetes. Alaska tampava os ouvidos, sentindo-se um grande fardo em meio a aquele caos.
Onde estaria Deus essas horas? Nas horas que os copos voavam juntamente do sangue nos lençois recém lavados?
Alaska não sabia.
Ao abrir seus olhos marejados, uma figura em sua janela aberta com as cortinas voando brilhava imensamente em dourado como o sol, possuia asas tão longas e esbeltas como as descritas em livros, suas vestes eram brancas, e ao se aproximar e estender a mão para a jovem confusa e assustada, sussurou:
"Está tudo bem, vai ficar tudo bem, querida."
A feição do tal "Anjo" se parecia com sua mãe, a bochecha com um machucado recém feito e os olhos marejados.

Alaska agora vê anjos.

- Sippy Cup, Melanie Martinez.

Contos de Alaska Where stories live. Discover now