-Você estuda?
Neguei e abaixei a cabeça.
Ele suspendeu-me o rosto, pegou-me pela mão e levantou-me do banco sujo da praça. Olhou-me dentro dos olhos com uma ternura que eu nem sabia que existia, mandou em dar uma voltinha e me disse algo que nunca mais esqueci em minha vida.
-Eu nunca mais quero ver você de cabeça baixa, você tem o porte de uma princesa Núbia, jamais se esqueça disso, minha querida.
Desde aquele dia nunca mais senti fome e nunca mais abaixei a cabeça pra vida, Zie me levou pra sua casa e eu o ajudava com tarefas simples da casa por que fazia eu me sentir mais útil, participativa na casa, não porque fosse sua empregada, de modo algum, ele fez de mim a sua melhor amiga, confidente, sua irmã mais nova.
Custeou todos os meus estudos, me ensinou outro idioma e as histórias de seu país. Financiou a minha faculdade de Artes e assim eu me tornei uma artista plástica promissora, uma mulher independente, capaz e segura, tudo graças à generosidade de Zie.
Ele era um homem bom, generoso, tinha um coração muito puro, eu o amava tanto. As lembranças engasgam minha garganta, o choro preso se solta depois de tantos dias de angústia e incertezas.
Há dois anos não pensei duas vezes em realizar o sonho de meu amigo querido em ser pai.
Eu não o deixaria escolher qualquer mulher para ser a sua barriga solidária.
Ele tinha a mim, quando ele me tirou daquela praça, resgatou-me para a vida e eu lhe devolveria a benção, dando-lhe o filho que ele sempre quis ter e nunca pode.
Ele queria uma família com Johnny e eu nunca tive em meu passado, nada que realmente fosse meu.
Agora eu tinha ao meu lado, pessoas que me amavam e me respeitavam, eu era importante para elas.
Eu tinha todas as condições para dar a Zie esse milagre.
Nós sempre tivemos a mesma opinião, filhos são milagres na vida.
Preparamo-nos para a inseminação in vitro, eu engravidei logo na primeira tentativa e o milagre aconteceu, eu me tornei mãe.
Sem me preocupar com denominações ou convenções sociais, eu agora também tinha a minha própria família, eu simplesmente amava Kaled, assim como amava Zie e Johnny.
Minha gratidão por Zie e Johnny não tem tamanho, assim como não tem tamanho o meu amor por Kaled, eles eram meus menininhos, todos os três e eu tinha um prazer enorme em cuidar de minha família.
Sem ceder a rótulos ou conceitos pré-estabelecidos, entre nós só existia o amor, em estado bruto e indelével.
Nós formávamos uma família incomum e feliz.
O meu sonho de uma família feliz foi destroçado no acidente de carro de Zie e Johnny.
Aziz estava no volante, retornando cansado de uma viagem de negócios e o cansaço falou mais forte.
Ele cochilou por alguns segundos, tempo ironicamente suficiente para mudar a vida de todos nós.
O carro capotou na pista, matando Johnny na hora e deixando-o sofrendo no hospital por dias.
Em um desses dias durante a sua internação na UTI, fui pra casa buscar roupas limpas, quando retornei ao hospital encontrei o advogado de Aziz no corredor, Maximiliam Petronis, um senhor grego muito reservado e competente.
Ele abraçou-me de forma paternal, confortando-me.
- Tônia, seja forte, eu sei que você consegue, Aziz precisa muito de você, caso você decida aceitar, eu preparo tudo imediatamente, eu sei que você fará o que é o certo.
JE LEEST
OS VÉUS DE ANTÔNIA
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CAPÍTULO 5
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