CAP 22

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CAP 22
Elisa.
. Era uma sexta-feira à noite quando terminei de corrigir algumas provas que havia aplicado ainda essa semana, estava tão entretida que acabei me assustando quando minha barriga roncou alto.
- Com fome bebê? - pergunto olhando para a minha barriga e vou para cozinha. Não me contento com nada que ali tinha, resolvo então ir até ao mercado que ficava há duas quadras daqui. Volto para o meu quarto, troco meu short por uma calça, faço um rabo de cavalo no cabelo, pego minha carteira, celular e saio.
. Agora eu estava confusa com o que comprava, estava andando de um lado para o outro e nada de conseguir achar algo vamos se dizer " bom" para comer, até que então um rapaz aproximou-se de mim e disse:
- Está perdida, moça?
- Não exatamente... Eu estou com fome, mas não sei o que compro para comer. - bufo.
- Quer uma dica?
- Pode ser.
- Mais para o fundo do mercado, tem uma padaria e lá costuma ter algumas coisas muito boas para comer. - ele diz com um sorriso.
- Obrigada, vou passar lá. - digo.
- Qual é seu nome?
- Elisa e o seu?
- Beto, é um prazer conhecê-la. - ele diz apertando minha mão levemente, dou um sorriso fraco e vou para a padaria. Mas quando estou chegando há um corredor, uma parede de músculos enorme me faz quase cair de costas ao esbarrar.
- Que susto. - digo ainda de cabeça baixa.
- Que bom que te encontrei.
" Opa, eu conheço essa voz...- penso."
. Olho para cima e vejo que é o Thiago, que azarada que sou. Olho para os lados procurando sua namorada mas não a vejo.
- Eu acho isso péssimo, boa noite. - digo e vou para a padaria que por sinal estava uma fila, ele vem atrás e fica comigo na mesma.
- Eu preciso conversar.
- O que você quer? Eu já fiz a sua vontade Thiago.
- Não exatamente. - ele sorri de forma maliciosa, e então noto que um casal com uma criança estava nos encarando.
- Vocês são tão lindos. - diz a moça que estava de mãos dadas com o homem que suspeito ser seu marido.
- Obrigada. - digo meio confusa.
- Vocês namoram não é? - o homem ao seu lado pergunta, eu não sei o que responder. E então, Thiago passou seus braços em volta da minha cintura e com um sorriso disse:
- Sim, ela é minha namorada. Teremos um bebê.
- Que lindo, um nenê. - a criança diz e sai pulando. - Deixa eu tocar na sua barriga.
- Sim. - respondo e coloco sua mão na minha barriguinha.
- Ai que lindo, eu acho que é mulher. - responde.
- Será? - pergunto e chega a nossa vez, não havia escolhido ainda, optei por comprar salgado. Me despedi deles e sai à frente do Thiago, quando estava chegando no leitão principal do mercado, ele segura meu braço quase derrubando meu salgado.
- Thiago, se você derrubasse os meus salgados, eu iria quebrar a sua cara! - digo revoltada.
- Me deixa falar com você, só hoje e eu prometo não te aloprar mais.
- Me garante? - pergunto.
- Sim.
- Tá, vamos para a minha casa. - digo e ele vai comigo a pé.
- Não veio de carro? - pergunto.
- Ele vai ficar bem sozinho, na esquina. - respondeu e caminhamos em silêncio até ao meu apartamento.
. Chegamos, ele entra primeiro e eu fecho a porta, vou pra cozinha e ele me acompanha.
- Quer Fanta? - pergunto.
- Sim. - ele responde e eu pego uma Fanta de maracujá, era deliciosa.
- Por que maracujá? - perguntou.
- Por que você tem que ficar calminho, ou vou meter a mão nessa sua carinha bonita. - respondo e me sento, ofereci pra ele mas o mesmo não quis.
- O que você quer comigo?
- Dizer que...eu terminei com a Emika.
- Isso é bom? - arqueio a sobrancelha.
- Pra nós sim.
- Não existe nós Thiago.
- Eu quero que exista, Elisa. - ele toca minha mão.
- Mas eu não Thiago. - retiro a minha mão.
- Do que você tem medo?
- Eu não tenho mais medo, só acho que um homem que sente vergonha do próprio filho ou filha, não serve pra mim.
- Poxa Elisa, era a minha imagem que estava em jogo. Você também faria isso se estivesse no meu lugar.
- Pelo ao contrario Thiago, eu iria preferir o meu filho pois assim como a beleza, a imagem também acaba porém os filhos são pra sempre. Sem dúvida alguma, eu preferia meu filho. - respondo e mordo um pedaço do meu salgado.
- Eu não quero brigar e tão pouco falar sobre o que já passou, eu vim aqui pra te pedir uma chance.
- Não sou vídeo-game. - rebato.
- Seja o meu, eu quero ficar com você Elisa, não paro de pensar em você. - ele diz, eu levanto e coloco meu copo na pia, ao me virar vejo que ele também está em pé. Em um passo só, aproximou-se de mim.
- Você está falando isso Thiago por medo de ficar só, você e a Emika terminaram por isso tu veio atrás de mim. Eu não sou o consolo de ninguém Thiago, nem o meu próprio consolo! E outra, eu sou casada no papel então não haverá probabilidade de estarmos juntos. Você é lindo Thiago, de verdade, mas o nosso compromisso será apenas o nosso filho se você quiser. - respondo.
- Você não sente nada por mim Elisa? Nem uma vontade de ficar comigo, de me beijar, de estar ao meu lado? De criar nosso filho junto comigo? - perguntou.
- Eu não sei Thiago, tudo é novo pra mim! - respondo por fim.
- Ok, eu entendi... - ele se afasta. - Boa noite Elisa.
- Eu o levo até a porta.
- Não precisa, eu sei o caminho. - rebateu, voltou pra perto de mim, beijou minha testa e acariciou minha barriga. - Se cuidem. - e com um sorriso falso se foi.
. Naquele momento eu me senti culpada por não corresponder a esses sentimentos de Thiago que com o tempo irá desaparecer, basta esperar. Eu realmente não sei o que sinto, não penso em mais nada além de trabalho e nessa pequena bolinha que está crescendo em meu ventre. Estou feliz assim, quero evitar sofrimentos.

O DiretorOù les histoires vivent. Découvrez maintenant