Esse é o preço que eu pago por passar o dia todo ouvindo música e ficar no Twitter brigando com pessoas aleatórias, só pelo prazer de contrariar desconhecidos, mesmo que algumas vezes eles estejam certos e eu, completamente errado. Perturbar os fãs da Taylor Swift é o mais engraçado.

— Você consegue ligar para alguém?

Ele nega com a cabeça, balançando o celular também desligado na minha direção.

— Ótimo, agora temos dois pesos de papel — finjo animação. — Já posso escrever minha carta de despedida? Acho que vou usar a folha do caderno de Geometría. Vou começar com: “minha querida mamãe, se você está lendo isso é porque eu morri nesse banheiro fedido e imundo cheio de merda e mijo…”— Divago com os olhos fechados e uma mão sobre o coração, considerando a hipótese.

Ouço uma risada baixinha e abro os olhos na velocidade da luz, encarando o sorriso pequeno, mas ainda sim um sorriso, ainda presente no rosto de Styles. Sinto o pé da minha barriga revirar e tenho a sensação que o lugar onde fica meu coração está quentinho, algo como mel quente se espalhando pelo meu corpo. Doce e reconfortante. Não sei explicar, mas consigo sentir, e a sensação é muito, muito boa.

— Você é muito besta — seu sorriso vai diminuindo aos poucos, até não ter mais nenhum resquício que ele um dia esteve lá. Sinto falta dele no mesmo instante, quero fazer mais uma palhaçada para que ele volte. Faria loucuras por mais um sorriso daquele.

Dou um sorriso de lado e me aproximo dele diante do seu olhar atento, parando bem na sua frente, a ponta dos nossos pés se tocam mas alguns centímetros ainda nos separam. Sou um pouquinho maior que ele, acredito que por ser mais velho, então Harry tem que erguer um pouco o queixo para me olhar nos olhos. Estamos tão próximos que nossa respiração se entrelaça. Se eu for mais um pouquinho para frente nossos narizes irão se tocar, e se eu for um pouco mais, os nossos lábios.

Espero ele me empurrar e se afastar de mim, mas não acontece, então tomo como uma bandeira branca.

— Vai fingir que não gosta, coração? — o apelido desliza dos meus lábios antes que eu me de conta. Eu hesito, pensando que fui longe demais, mas pela vermelhidão fofa que se espalhou rapidamente do pescoço de Harry até suas bochechas, eu falaria outras centenas de vezes só para ter essa reação de novo.

— Eu não sei do que… — sua voz foi diminuindo até eu não ouvir mais, o olhar de Harry deslizou do meu rosto para algo que está nas minhas costas. Suas sobrancelhas se franzem antes dele separá-las totalmente, como se tivesse entendido alguma coisa. Estou confuso, olho para trás mas não vejo nada, somente as cabines vandalizadas e uma janelinha. Olho para ele novamente ainda sem entender. — A janela! — diz animado, saindo da minha frente para andar em passos rápidos até ela. — A gente pode tentar passar por ela. — Aponta se virando para mim.

Eu encaro-o incrédulo, olhando da janela para ele repetidas vezes antes de fechar meus lábios e aceitar que tentar passar por aquela janelinha é melhor do que ficar horas presos nesse banheiro nojento.

— Tudo bem, e como vamos fazer isso?

Harry mexe no colar com um pingente em formato de livro enquanto pensa antes de voltar a falar, voltando a encarar a janela.

— Ao invés de ir os dois pela janela, alguém pode pular, entrar no colégio de novo e abrir a porta. Eu poderia-

— Eu vou. — Interrompo sua fala.

— O que? Não! — Harry virou com tudo, acredito que ele não soubesse que eu estava tão próximo pois acabou batendo seu corpo em mim com força. Ele bambeou para o lado e eu segurei na sua cintura com as duas mãos, pressionando um pouco para estabilizá-lo, ele apoiou as duas mãos no meu ombro para tentar recuperar o equilíbrio. Sua respiração engatou com o susto e eu não me contive em rir da sua expressão assustada. — Oops. — Styles falou baixinho, suas bochechas estavam extremamente vermelhas pela vergonha.

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