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DONCASTER, 1985.

-Por aqui, por favor. -o homem de jaleco branco guiou o casal para uma porta dupla ao final do corredor.

O silêncio absoluto deixava o som das solas dos sapatos do trio ecoarem no percurso. Tudo era tão entediantemente branco que fazia jus à um laboratório.

Ao atravessarem a porta, deram de cara para um pequeno escritório com prateleiras repletas de tubos de ensaio e órgãos humanos em formol. Em cima da mesa, lia-se uma placa de metal cravada com o nome "Dr. Dante Harrison". Para Alfred, aquele era um ambiente totalmente familiar. Contudo, não se podia dizer o mesmo sobre Pâmela.

-Sentem-se. Eu só preciso pegar...-Doutor Dante começou a vasculhar dentre as gavetas de sua mesa, e só aquietou-se quando encontrou um envelope marrom.

Já acomodado em frente ao casal, o biomédico releu superficialmente toda a papelada inclusa no envelope. , despertando a curiosidade de Alfred e Pâmela.

-Bem, como já conversado, as pesquisas de análise de clonagem de DNA foram concluídas. Entretanto, como Alfred bem sabe, não tivemos sucesso nos estudos de clonagem de seres. Precisaríamos de anos, de centenas de profissionais para faze-lo. E, no caso de vocês, seria um caso ainda mais delicado. O menino não iria resistir todo esse tempo.

Pâmela repousou a cabeça no ombro do marido e caiu em lágrimas. Já Alfred, com a feição vazia, apenas escutou em silêncio.

-Porém...-retomou Dante.-Um novo estagiário vindo da Universidade de Oxford foi bem sucedido na clonagem de dois ratos. Ele usou a base de seus estudos, Alfred, e alterou pouquíssimas coisas, que foram cruciais.

De imediato, o semblante do casal iluminou-se como um farol. No lugar das lágrimas, um sorriso esperançoso surgiu.

-Isso quer dizer que nós podemos? -perguntou a mulher.

-Ainda não se sabe. A estrutura molecular de um rato é completamente diferente e muito menos complexa que a de um ser humano. Não sabemos se há possibilidade de criarmos um clone saudável para doar células saudáveis para a forma original. Para isso, precisaríamos de um voluntário. Todavia, não há garantia de que ele sobreviva ao procedimento.

O silêncio tomou conta. O casal parecia estático, com os olhares distantes, com o peso da maior decisão de suas vidas nas costas.

-É a única chance do Mark, Pam. -Alfred virou-se para a esposa e segurou suas mãos com firmeza.-Podemos salva-lo!

-Podemos mata-lo! Do que isso tudo valeria? -gritou a mulher.

-Se não fizermos, do que valerá? Pode dar certo. Meses atrás não tínhamos nada além da sentença de morte do nosso filho. Hoje temos esperança!

Pâmela entrelaçou os fios do próprio cabelo entre os dedos e manteve seu rosto abaixado. Doutor Dante e Alfred a observaram quietos, aguardando a decisão da mulher, que não tardou a vir. Após alguns minutos de um silêncio cortante, a mulher de cabelos castanhos levantou o rosto aos poucos, revelando os olhos vermelhos e a face banhada em lágrimas.

-Faça o que tiver de fazer, Doutor.

LUA, 2018.

No outro lado da singela mesa de madeira, o espetor lambia o dedo indicador e folheava as páginas amareladas da pasta azul. Com seus 60 e poucos anos, o homem era de boa aparência. Vestia um terno preto acompanhado de uma questionável gravata vermelha com bolinhas amarelas, e mantinha o cabelo grisalho bem penteado.

Embora gostasse de reuniões que tratassem o futuro do hotel, Mark já não estava tão entusiasmado como estivera no início. O que era uma conversa rápida, tornou-se um transtorno quando o homem mais velho exigiu a leitura dos documentos oficiais do hotel.

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⏰ Last updated: May 07 ⏰

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