𝐇𝐀́ 𝐌𝐔𝐈𝐓𝐎, 𝐎𝐒 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐄𝐋𝐀𝐒 𝐅𝐀𝐍𝐓𝐀𝐒𝐌𝐀𝐒 𝐀𝐓𝐄𝐑𝐑𝐎𝐑𝐈𝐙𝐀𝐌 𝐒𝐔𝐍𝐃𝐈𝐎𝐑. O perveso líder deles destrói impiedosamente as províncias e não hesita em bombardear os domínios do governador, Awen Strong.
Em meio a tudo isso...
Volto-me para trás pronta para correr, quando vejo aquele soldado. O idiota que estragou as minhas chances de lucrar hoje, mas salvou Hazel.
— Você — ele olha para a Fritz de cima a baixo e suspira. Se em algum momento, as tranças dela foram ajeitadas e bonitas, não estão mais. — Sugiro que não se envolva em confusões por enquanto, senhorita.
O rapaz olha para mim, então, e sorri arrogante. Passa por nós e finaliza, tão provocante quanto imaturo:
— Ou podem acabar morrendo de verdade.
Quase respondo, mas não abro a boca a tempo. Entretanto, não dou a mínima no fim. Hazel está bem. Logo volto a minha atenção para ela e passo um dos braços sobre os ombros dela — o menos ruim. Olho para sua cara e beijo sua bochecha exageradamente, apertando seu rosto.
— Você é foda, Hazel! — Exclamo, sorrindo. — Mas sabe que nada disso teria acontecido se...
— Eu fosse mais calma — completa por mim. Ainda pretendo lembrá-la por um bom tempo que quase morreu por ser pontual. Mas não agora... Só queremos ir embora. — Nunca mais piso aqui. — Sussurra, finalmente com a respiração regulada.
Ela dá um tapinha nas minhas costas e sorri, os lábios levemente cortados.
— Vamos embora — pede, clemente, enquanto caminha na direção oposta à arena.
— O que acha de... Irmos comer morangos? — Pergunto em um cochicho à Fritz.
⸙
Apesar de ser estritamente proibido sair da Província de Jade e de qualquer outra província sem autorização do próprio governador Strong, ou simplesmente se aproximar das fronteiras, é um risco que vale a pena... Pelos morangos silvestres. Além da adrenalina de estarmos próximas à ilegalidade, no perigo de sermos pegas, tudo vale a pena no final, por alguns cestos da fruta preferida da Fritz e segunda que eu mais gosto.
— Eu achei que morreria hoje — a Fritz comenta, enquanto mordisca uma das frutinhas vermelhas ácidas e olha para o céu. Está deitada no gramado, toda estendida, enquanto eu ainda me encontro sentada, também observando as nuvens.
O campo longínquo da cidade, mais belo que qualquer acessório encontrado em Jade e eu poderia roubar, maior que a área inteira da Província, quase chega às terras em ruínas pertencentes a uma das linhagens fundadoras: Kuzunoha.
— Queria perguntar isso... — olho para ela e abraço os joelhos. — O que foi aquilo? Seu inconsciente lutando pela vida? Você quase morreu porque acertou Kyle Strong e acertou ele mais uma vez por isso!
Hazel para de comer, a boca um pouco vermelha. Parei de devorar as frutas quando senti a boca amarrar e feridas surgirem por ela. Além de deliciosos, os morangos silvestres da fronteira são acres demais para uma boca tão sensível quanto gentil como a da Fritz, que gosta mais doces. Essas coisas são a exceção e ela nunca para de comer.
— Não sei. Morreria, se não fosse por esse poder... Que surgiu do nada e sumiu do nada. Mas eu não vou ficar mexendo com isso, ou posso ser confundida com um rebelde. — Ela levanta e estende os braços para cima, mas mesmo tentando fazer algo emergir por entre os dedos, falha. Nada aparece.
Hazel franze o cenho e seu olhar de repente se torna sombrio. Ainda está encarando as pontas das unhas lascadas, quando abre os olhos cor de ameixa preta madura voltam a brilhar e serem doces. Arqueio uma das sobrancelhas.
— Ouviu isso? — Ela ri ao perguntar.
— Não? — Hazel falou alguma coisa? Encaro-o e retribuo o riso, sem saber ao certo como reagir. No entanto, não indago o que ela disse que eu não escutei. Estou convencida de que é ela quem está maluca.
— Imagina só! Eu falando em derrotar Kyle Strong! Se fosse capaz e fizesse isso, não acordaria no dia seguinte! — E cai na gargalhada.
Chego a pensar que destoei da realidade e não a ouvi falando. Contudo, eu sei que a Fritz não disse nada... E estava terrivelmente sombria. Se eu não a conhecesse, morreria de medo.
