⏱ Conto Relâmpago I - 3 dias para o fim

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As palavras 'Futuro e Lívia Deco' martelavam incessantemente em minha mente. 

Eu observava as duas jovens à minha frente, Lívia e Lily, e era impossível ignorar a semelhança entre elas, como se tivessem sido duplicadas em algum experimento bizarro.

Lily despertava com um gemidos sonolentos, um sorriso de alívio se espalhava pelo rosto de Lívia. Seus olhos estavam fixos em uma fresta na janela, como se estivesse esperando algo ou temendo o que poderia vir.

Lívia levanta a manga do seu casaco, revelando um aparelho chamado iPulse.

Seus dedos ágeis deslizam pela superfície sensível ao toque do dispositivo digital. 

Concentrada, ela acessa o mapa virtual em 3D da cidade devastada pelo apocalipse.

Seus olhos escaneiam rapidamente as ruínas ao seu redor, navegando pelo holograma em busca de uma rota segura. Em seguida, o holograma ilumina uma rota clara, delineando o caminho através do caos e da destruição.

'Será o Farol da Barra?' pensei, contemplando o prédio digital projetado pelo holograma. 

Lívia direcionou o iPulse para Lily, iniciando o escaneamento que rapidamente produziu uma imagem tridimensional.

— Quer morrer? — Lily com uma voz constrangida ao perceber que o holograma a representava nua. Seu rosto ruborizou enquanto ela tentava cobrir-se com as mãos e a boneca digital repetiu seu movimento. — O que está fazendo?

— Estou apenas verificando se não houve nenhuma sequela durante a passagem. Sua saúde é prioridade — respondeu Lívia, tentando manter a compostura diante da situação delicada, me olhando furiosa para que pudesse respeitar a privacidade de Lily.

O iPulse projetou os dados de saúde de Lily em um espetáculo futurístico de luzes e hologramas.

Os gráficos pulsavam e se contorciam no ar, revelando informações detalhadas sobre seu ritmo cardíaco, de respiração e outras métricas vitais, que pulsavam em sincronia com seu corpo.

O ambiente ao redor parecia um consultório digital, onde cada ponto de dados era destacado. Um show de cores e formas dinâmica.

Paciente: Lilian Cody
Idade: 16
Ritmo cardíaco: 105 bpm
Taxa de respiração: 14 por minuto
Função pulmonar: Normal
Estresse: Alto

Tudo certo com Lily, Lívia entregou duas garrafinhas azuladas e indicou que deveríamos conectá-las à máscara. Pacientemente ela ajudou Lily a prender a garrafa na cintura.

Saímos do condomínio onde Lily residia, seguindo as orientações do iPulse, pelas ruas desertas e obstruídas por escombros.

Dúvidas surgiram ao lembrar do sobrenome informado pelo aparelho: 'Era o mesmo que o meu, mas o sobrenome dela não é Roz? Que diabos está acontecendo?'

Lívia, com sua confiança no aparelho, avançava. O iPulse emitia bips metro a metro.

— Lily, essa garota se parece muito com você? Confia nela? — sussurrei secretamente ao nos esconder atrás de um carro enferrujado.

— Ela parece um clone meu. Eu quero saber mais sobre isso — Lily rindo empolgada. — Confiança é uma palavra forte, mas dentro de mim, uma vontade enorme de proteger e cuidar dela.

Quando iríamos avançar, Lívia nos empurrou contra o carro, apontando para um poste negro com câmeras acopladas.

Ela explicou que era o eyeGreen, um rastreador de níveis de dióxido de carbono na área, caso identificado, robôs coletores seriam teletransportados para eliminar qualquer forma de vida orgânica no local.

Lívia instruiu-nos a deixar os respiradores no mínimo, antecipando uma possível ameaça iminente.

Em seguida, um robô coletor foi teletransportado, elétrons e raios preencheram o lugar. 

O androide nos deixou arrepiados, seus membros esguios e articulações se moviam com uma fluidez sinistra. Sua órbita ocular emitia um brilho vermelho intenso, vasculhando a área em busca de qualquer sinal de vida orgânica.

— Um AirDefense nesta área? — Lívia murmurou, visivelmente preocupada. — Devem ter ativado o sistema de escaneamento na alvorada. Mas qual motivo?

Lívia começou a procurar freneticamente por um portal alternativo no iPulse.

O som pesado dos passos metálicos do robô ecoava ao nosso redor, anunciando uma ameaça iminente.

— AirDefense? — perguntei, curioso.

— Uma máquina de destruição projetada para eliminar qualquer coisa que consuma oxigênio — respondeu, retirando uma arma de plasma de sua mochila, entregando-a para Lily.

— Deixe-a comigo — tentei tomar a arma.

— Meus dados mostram que Lily é melhor em tiro do que você — argumentou Lívia. Verdade seja dita, Lily é melhor ranqueada no multiplayer do Halo. 

Lívia deixou claro que não buscava um confronto com o robô, mas insistiu que usasse se fosse necessário.

Em um beco, Lívia abriu um portal e passamos. O iPulse emitia sinais indicando que estávamos seguros, trazendo alívio para Lívia.

As estruturas antigas estavam em ruínas e as paredes de pedra desgastadas pelo tempo, o Farol da Barra permanecia erguido como um monumento à resiliência humana.

Com fios elétricos expostos e equipamentos enferrujados, ele se mantém como um guardião da história e um farol de esperança em um mundo em destruição.

Entramos no Farol, agora transformado em um laboratório secreto. Uma fusão peculiar entre tecnologia moderna improvisada e equipamentos primitivos revelava a persistência incansável da jovem cientista.

Ela era a última esperança contra a extinção da humanidade, empenhada em encontrar uma maneira de restaurar a pureza do ar, mesmo diante das adversidades.

Ela nos ofereceu um pouco de água, estava um pouco amarga, mas bebível. 

Circulando pelo ambiente, encontrei um calendário de novembro de 2075, com um "x" marcado sobre o dia trinta.

— O que acontecerá nesse dia? — indaguei, mas temia pela resposta.

— A extinção da humanidade! — Lívia respondeu abruptamente, ligando a ventilação do local e retirando sua máscara. — Preciso levar a Lily até a Chapada em três dias.

— Se não conseguir? — pressionei, a jornada a pé sem descanso levaria quatro dias.

— O fim do oxigênio — Lily interveio, exibindo a previsão de um jornal datado de 2030, sua mão trêmula transmitia o medo.

Novamente fui tomado pela semelhança entre Lívia e Lily, era impressionante e perturbadora. Igualmente belas, compartilhavam expressões, comportamentos e até a maneira de rir.

Observava as duas conversando sobre o mundo em ruínas e como tudo havia chegado a esse caos.

— Cadê o Henry? — gritei.

As duas jovens me olharam e Lívia respondeu:

— Henrique Foster?

Assenti com a cabeça.

— Ele não atravessou o portal? Ele não é bem-vindo aqui!

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As palavras alvorada e garrafa estão destacadas conforme exigido na copa dos contos.
Total de palavras do conto: 993
Total com as informações do rodapé: 1025

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Zera Ar
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