Cheguei a me culpar por ter feito sexo oral no Chorão, porém, levando em consideração as circunstâncias atuais, talvez eu tenha começado a minha vida sexual com a pessoa certa para mim. Confesso que tenho um medinho de quando chegar a hora da penetração, mas espero que não seja nada traumatizante.

— Não vai entrar, Lia? — Isadora questionou ao me ver parada, olhando para o nada.

Adentrei a parte traseira do veículo e fiquei com a cabeça entre os dois bancos para garantir que o GV não ia tentar nada com a minha irmã.

— Tá em qual ano, Isa? — GV indagou como se tivesse intimidade com a minha irmã e deu partida no automóvel.

— O nome dela é Isadora, Isa é só para os íntimos — ironizei e a minha irmã me deu um tapinha no joelho.

— Isadora, Isa, tanto faz... — Ele deu de ombros e me olhou por por um segundo antes de voltar a sua atenção para o trânsito. — Eu quero é chamar a sua irmã de amor.

Só pode ser brincadeira!

— Se manca, GV! Ela tem idade pra ser sua filha.

— Mas graças a Deus não é, cunhadinha.

Com um balançar negativo da cabeça, respirei profundamente, sentindo um peso se acumulando em meus ombros. O medo de ultrapassar o limite e e de perder meu cabelo me pegou e eu me calei.

[...]

Após alguns minutos, o GV parou o carro na frente de um estabelecimento vazio, onde o Rato, Diego e uma garota estavam nos esperando.

Descemos do carro simultaneamente, e assim que nossos pés tocaram o chão, percebi que os olhos de Rato se fixaram imediatamente em direção à minha irmã, como se fosse atraído por um ímã invisível. Enquanto isso, Diego parecia completamente absorto pela presença da morena ao seu lado, seus olhos não se desviavam dela nem por um segundo.

— Essa é a Isadora, não é? — Rato indagou com malícia.

Isadora assentiu com um movimento sutil da cabeça, e ele estendeu o braço para cumprimentá-la com um aperto de mão. Observando essa troca de gestos, uma sensação de apreensão começou a se formar dentro de mim, como se meu coração estivesse sendo comprimido por uma mão invisível. A mera ideia de minha irmã se envolver com alguém que pudesse representar algum tipo de perigo ou problema fez com que minha mente se enchesse de preocupação e temor.

— Prazer! Pode me chamar de Isa.

— Eu sou o Rato, cunhado da sua irmã.

Isadora deixou escapar um sorriso tímido, mas sua atenção parecia vagar em direção a Diego, ignorando em grande parte a presença de Rato. Seus olhos revelavam um interesse evidente pelo homem, que, por sua vez, apenas acenou para ela de forma casual, demonstrando pouco interesse pela garota.

Tanto homem para a Isadora se interessar e ela vai ter interesse logo no que parece o Chorão? Quase uma talarica!

— Vamo entrar que o Herbert tem outro compromisso daqui a pouco — GV pediu, e todos seguiram-no em direção ao interior do local.

— Esse é o Herbert, o corretor — Diego nos apresentou, indicando um homem de cerca de 50 anos, de pele branca, cabelos pretos e magro.

O ambiente era amplo e arejado, com uma localização que poderia ser considerada excelente para iniciar qualquer empreendimento.

— Vocês vão abrir uma boca aqui? — Isadora sussurrou para Rato, que prontamente soltou uma gargalhada diante da pergunta.

Apesar dos inúmeros defeitos que poderiam ser atribuídos a Rato, sua risada era surpreendentemente contagiante, e ele exibia uma beleza singular quando sorria.

Odiava admitir o quanto esse desgraçado era atraente, mas era impossível negar que o charme corria na família.

— O Chorão quer comprar isso aqui pra montar o salão de beleza da sua irmã.

— O quê?! — gritei e arregalei os olhos. — Você tá falando sério?

Olhei ao redor e meu coração se encheu de emoção ao visualizar mentalmente cada detalhe do espaço. Lágrimas brotaram em meus olhos, pois conseguia visualizar vividamente onde cada cadeira estaria posicionada, como as prateleiras seriam organizadas, o local exato para o carrinho, o design do lavatório, o reflexo nos espelhos e até mesmo a disposição do sofá naquele ambiente. Cada elemento ganhava vida em minha mente, refletindo não apenas um espaço físico, mas também as expectativas, sonhos e aspirações que eu depositaria naquele lugar.

Já tinha tido a oportunidade no passado, mas como demoraria para ter lucro e a Isadora teria que trabalhar, eu preferi enterrar um sonho para o bem da minha irmã caçula.

— Como ele soube que esse era meu sonho? — indaguei, olhando para o GV.

— Perguntei da sua irmã quando liguei para perguntar qual iPhone ela queria.

— Se soubesse que ele ia realizar tudo o que eu dissesse teria dito que o sonho da Emília é me levar para os Estados Unidos — Isadora brincou, rindo.

— Essa eu posso realizar pra você, Isa — Rato se ofereceu, seus olhos fixos na minha irmã.

— Ele queria fazer uma surpresa e te dar todo montado, mas depois achou melhor você escolher o local e como ia querer decorar — Diego explicou enquanto segurava a cintura da morena misteriosa.

— Dá pra soltar a sua filha por um segundo, cara? — GV pediu. — Ela não vai fugir.

— Ela não é minha filha!

— Só acredito quando o exame de DNA sair.

Diego puxou a sua suposta filha para o fundo do local, afastando-se do restante do grupo. Oremos para esse DNA dar negativo ou será mais um pecado para o idoso levar para o túmulo.

Rato continuava com um sorriso estampado no rosto enquanto olhava para Isadora, como se tudo o que ela falasse ou fizesse fosse a coisa mais engraçada que ele havia escutado em muito tempo. Isso me fez ter certeza de que o relacionamento dele com Cláudia deve estar por um fio.

Quando um homem começa a se divertir mais com outras pessoas do que com a própria esposa, é um sinal de que o amor entre o casal está esfriando.

— Então, o que tu achou? — GV me deu uma leve cotovelada na costela. — Podemos ver outros lugares, mas espero que tu escolha esse, porque tenho zero paciência pra ficar te acompanhando por aí, marmita.

— Você é tão legal! — Coloquei a mão no peito como se estivesse emocionada.

— É sério, vai querer esse ou não?

Todos, incluindo o tal Hebert, me olharam com expectativa.

— Óbvio, gente! Não consigo imaginar um lugar mais perfeito que esse!

— Parabéns, Lia! — Isadora me abraçou apertado. — Você merece tanto!

— Você fala como se fosse fruto do meu próprio suor — brinquei e me afastei da minha irmã, olhando tudo ao redor.

— E não é? — GV perguntou e completou: — Galopar em cima do Chorão deve te fazer suar muito!

— Eu, definitivamente, te odeio!

Todos começaram a rir da minha cara e o desejo de matar o GV só crescia dentro do meu peito.

Todos começaram a rir da minha cara e o desejo de matar o GV só crescia dentro do meu peito

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ATRAÍDA PELO TRÁFICOWhere stories live. Discover now