— Você consegue saber o que eu vou fazer?

— Aham. Eu sei tudinho.

— O filho da Ava é menino ou menina? A gente ainda vai ficar juntos? Ela vai aceitar o bebê? Eu vou ganhar a libertadores esse ano pelo o Flamengo?

— Quantas perguntas — deu risada se levantando — Eu não posso responder nada disso. Existem caminhos pré prontos, o que você faz ou fala te leva para um lado e o que você não faz ou deixa de falar te leva para outro lado. Então, pode ser que sim e pode ser que não. Você só tem que tomar as atitudes certas, as que o seu coração manda.

— Mas..

— Eu preciso ir, Papai. Tchau.

— Não vai, Maria. — uma lágrima escorre dos meus olhos assim que o espírito da minha filha some mais uma vez e uma rosa vermelha cai no chão. — a mesma que eu coloquei no túmulo. — digo me agachando para pegar.

Eu só posso estar ficando maluco da cabeça, não é normal você vê espírito de pessoas, principalmente daquelas que nem nasceram.

— Bom dia, dormiu bem? — ouço uma voz atrás de mim e levo um susto — Tá devendo? — Ava brincou se sentando onde minha filha estava

— Você vai me achar um doido mas eu vi a Maria de novo, ela veio falar comigo.

— Eu não te acho doido por isso — negou rindo — Eu já vi a minha mãe depois que ela morreu, sorte sua que já viu a sua filha duas vezes, minha mãe não apareceu mais para mim. — disse triste

— Você acha que isso existe mesmo? Tipo, espírito, céu, inferno?

— Eu não sei, eu só creio em Deus. O que a Maria te disse?

— Ela disse que pai é quem cria, disse também que vou te ajudar muito. Tá vendo Ava? Isso é um sinal para você não abortar. — digo segurando a sua mão

— Gabi, eu acho que você tá se envolvendo demais nisso — tirou minha mão do seu braço — Você só não quer que a história se repita de novo mas existe uma grande diferença. Com a sua filha, foi um acidente e você não é culpado por isso, você não tem porque tentar concertar algo, tentar evitar algo porque você não teve culpa nenhuma.

— Não é isso..

— Eu não quero esse bebê. — ela disse com os olhos lacrimejados e meu coração doeu por dentro – é isso não é um crime, tá na lei. É o meu direito, não o seu.

— Docinho, é um ser inocente.

— E eu? Eu não sou inocente nessa história também? Imagina você olhar para alguém e lembrar todos os dias que foi fruto de uma violência?

— Você fala como se fosse um peso, Av..

— É porque é um peso.

Então você pensa realmente em abortar?

— Eu ainda não sei mas se essa for a minha decisão, eu gostaria muito que você me apoiasse. — disse encarando o chão.

— Me dá o bebê, Ava. Gere ele e quando nascer você me entrega, juro que vou cuidar muito bem dele ou dela.

— Você tá tentando arrumar uma criança para tirar a dor que a sua filha deixou — ela disse negando parecendo estar indignada.

— Não. Eu só quero ser pai, isso é muito importante para mim. É o meu sonho.

— Como eu vou te entregar o bebê e depois sempre vê-lo do seu lado? Eu não vou conseguir.

— Ele não tem culpa, o seu bebê não tem culpa. — me levanto da cadeira irritado.

— Eu sei que não, mas é questão de lembrança. Sempre que eu vê vou lembrar, entende? Você só tá me julgando.

Ava passou a mão no rosto chorando e engulo em seco, suspiro fundo e a abraço com força.

— Deixa esse bebê aí por algum tempinho por favor? Talvez você mude ideia, o amor nasce em você. Por favor, se daqui a três meses você não mudar de ideia, você faz o que achar melhor.

— Tudo bem. Três meses. — ela suspirou com os olhos cheios de lágrimas

— três meses é o suficiente para você se apaixonar por esse serzinho que tá aí dentro de você.

Beijo a sua barriga e abraço a sua cintura com o coração acelerado. Espero que ela te der uma oportunidade, serzinho.

 Espero que ela te der uma oportunidade, serzinho

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DOCE AMOR - GABIGOLWhere stories live. Discover now