SECRETS Vol.02 (Série: Grecos)

Capítulo 29

Após ser recebido pelos empregados responsáveis pela casa, e me instalar em uma suite, resolvi fazer algo totalmente incomum para mim em um fim de tarde, andar pela cidade.

Caminho pelas ruas de paralelepípedos, o dia está como eu imaginava que estaria, ainda ensolarado, forçando-me a ajustar os óculos de sol para continuar em frente. Soldados de confiança me escoltam à distância, garantindo minha segurança em meio à agitação que começa a se instalar no lugar. Há quanto tempo eu não fazia isso? Algumas mulheres e até mesmo homens lançam olhares curiosos, sedutores em minha direção. Normalmente, inspiro medo, mas aqui, aparentemente sou apenas mais um rosto em meio aos demais.

Como seria andar com a Aurora ao meu lado? Ouvir as bobagens que normalmente as mulheres tagarelam, sendo ditas por ela? Eu toleraria tudo de bom grado, sabendo que ao voltarmos para casa eu me colocaria entre aquelas coxas macias, e sucumbiria ao prazer naquela boceta deliciosa e quente.

Infelizmente não é o que acontecerá.

Ando mais um pouco entrando em uma pequena rua da qual eu me lembro com riqueza de detalhes, pois era onde eu e o Nicolas gostávamos de nos misturar às demais pessoas nos festivais de verão. Lembro-me vividamente dos dias em que fugíamos da casa da família para participar do Festival de Atenas e Epidaurus.

Era o ápice do verão grego, o ar quente carregado de excitação e alegria, enquanto lindas garotas se entregavam à embriaguez do vinho e a luxúria que tanto apreciavamos. Nicolas e eu mal podíamos conter nossa animação enquanto planejávamos nossa fuga. Nosso pai era terminantemente contra a ideia de seus filhos se aventurarem pela cidade sozinhos, por razões óbvias, mas nós éramos determinados.

Lembro-me da sensação de liberdade ao escapar pelas vielas estreitas, a ansiedade misturada com a emoção de estar prestes a mergulhar em um mundo tão diferente do nosso.

Esses momentos com Nicolas eram preciosos, uma fuga temporária das pressões e expectativas da vida que estava tão bem traçada para nós. Naquela época eu sabia que tudo logo acabaria, aqueles momentos de imprudência ficariam para trás. No Festival de Atenas e Epidaurus, éramos livres para ser irresponsáveis por algumas poucas horas, para nos perdermos no prazer negligente.

Diante de mim está uma escultura de mármore, uma figura feminina esculpida com uma perfeição que me deixa um tanto impressionado. Os detalhes delicados do rosto, a postura graciosa e a expressão serena da estátua capturam minha imaginação. Imediatamente, a imagem da Aurora surge em minha mente. Seus cabelos ruivos, aqueles olhos de um azul pálido perfeito, aquele corpo delicado de pele pálida com seu perfume juvenil de baunilha e que me excita por completo.

“ O que está acontecendo comigo? Sinto como se tivesse sido enfeitiçado, como se minha mente tivesse sido dominada por aquela garota. Estou perdendo completamente o meu juízo. É como se uma névoa tóxica tivesse tomado conta da minha mente, distorcendo minha percepção da realidade e me deixando à mercê dos caprichos dela. Como posso ter chegado a este ponto desgraçado?”

A estátua parece uma representação física da beleza e da sensualidade que eu associo a ela. Me aproximo lentamente, observando cada detalhe da escultura.

Aquela garota vai me pagar por essa perturbação. Ela vai me dar a paz que eu preciso para continuar a ser quem eu sempre fui.

Eu irei seduzi-la. Com o controle que tenho de cada movimento dela, não será difícil encontrar as brechas em momentos oportunos para estar em sua companhia. De uma coisa eu sei, ela se sente atraída por mim, o que me permitirá tê-la nos meus braços sem muita dificuldade. Quanto a idade dela, só me resta uma saída, esperar.

Em meses ela completará a maior idade, até lá terei tempo o suficiente para dexa-la a minha merce. Ela vai me querer tanto, ou mais do que eu a quero. Irei me deleitar nos momentos furtivos de intimidade, e ela mesma irá manifestar ao pai o desejo de ser minha esposa. No tempo certo, direi a Aurora o seu destino ao meu lado. Ela é jovem, facilmente moldável, e eu irei moldá-la aos meus desejos.