ATRAÍDA PELO TRÁFICO

Capítulo 14

— Ok, eu prometo que não vou mais gozar na sua calcinha.

— Já disse que essa não é a questão, Chorão! — gritei, bufando de raiva. — Porra, você tá se fazendo de burro?

— Olha como você fala comigo, Emília!

— Eu tenho que medir palavras até por ligação e você acha normal passar na minha cara que mesmo me dando dinheiro pra me comer, resolveu esperar o meu tempo só pra eu me sentir mal em te dizer não e deixar você fazer o que quiser comigo?

— Não foi a minha intenção.

— Mas me magoou.

— Só tenho medo de te perder — Chorão confessou em um sussurro e eu mordi meu lábio inferior para não sorrir. — O Rato tá solto e eu tô aqui dentro.

— Eu não vou ficar com ninguém, Chorão. A minha vida é muito corrida pra eu pensar em ter algo com alguém que não seja com o cara que me fez refém.

Sorri abertamente ao ouvir sua gargalhada do outro lado do celular.

— Que te fez refém, mas que você chupou gostoso.

— Porque você estava tendo uma crise e como sou uma boa católica, tive que ajudar o próximo.

— Não que eu esteja reclamando, mas até hoje não entendo o porquê você decidiu me chupar do nada.

— Tem uma cena em Teen Wolf que o Stiles tem uma crise de pânico e a Lydia beija ele, porque disse que leu em algum lugar que isso poderia ajudar.

— Bom, beijo eu não sei se funciona, mas boquete? Com certeza. — Chorão riu.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Pode, coração. O que você quer saber?

— Você tem essas crises desde quando?

— Desde que eu era criança, nunca procurei me tratar, então não sei exatamente o motivo.

— Tem um tal de GV te chamando aí na frente — minha mãe entrou em casa e me encarou com os olhos semicerrados. — Olha bem com quem você tá se metendo, Emília!

— Já tô indo lá, mãe — disse completamente envergonhada, ela assentiu e saiu outra vez.

— Aproveita teu presente, coração.

— Não se preocupe, farei bom uso do seu amigo.

— Tu brinca muito com a sua vida, Emília. Vai lá e depois me diz o que achou.

— Tchau. Amo você.

Desliguei a ligação e imediatamente engoli em seco ao perceber o que havia dito para Chorão. Um misto de arrependimento e perplexidade inundou meus pensamentos. Como pude ser tão descuidada? O breve surto interno foi sufocado pela realidade quando meu celular tocou novamente e, sem hesitar, atendi.

— Não sou idiota, sei que você disse que me ama da boca pra fora — Chorão declarou com uma voz amena e emocionada. — Também sei que tô pagando pra ter seu corpo uma vez por semana, mas o que eu tô querendo mesmo é te conquistar, Emília.

— Chorão... — Joguei a minha cabeça para trás sem saber o que dizer.

— Eu nunca gostei de ninguém como eu gosto de você, coração. Só quero te perguntar se tô sozinho nessa ou você tá comigo também.

Suspirei fundo e respondi:

— Você é o primeiro cara que me faz querer ter um relacionamento sério.

— Ótimo, então eu não sou o único emocionado. — Sua risada ecoou. — Tô aliviado.

— Não, não é.

— Se cuida e não esquece que tô aqui pra você.

Após desligar o celular mais uma vez, senti uma onda de felicidade inundar meu ser. Levantei-me do sofá com um sorriso radiante estampado no rosto, transbordando de alegria pelas palavras que acabara de ouvir. Instintivamente, comecei a dar pequenos pulinhos de felicidade, incapaz de conter a emoção que pulsava dentro de mim.

— Emília! — Minha mãe gritou novamente. — Estão te chamando!

Corri para frente da minha casa e encontrei o GV parado na porta sem nada nas mãos.

— Ué, o Chorão disse que você tinha um presente.

— Esse não dá pra carregar — GV disse em tom de brincadeira e fez um sinal com as mãos para eu acompanhá-lo até o carro.

— Pra onde vamos? — questionei, desconfiada.

— Vem com a gente, tia. — GV me ignorou e se dirigiu a minha mãe que estava terminando de limpar a calçada. — Acho que a senhora vai gostar também.

Cocei a cabeça, intrigada com o suspense que Chorão estava criando. Me questionei sobre o que ele estaria tramando, pois sua natureza impulsiva e imprevisível sempre gerava expectativas. A curiosidade borbulhava dentro de mim enquanto aguardava ansiosamente para descobrir o que ele tinha em mente.