Chapter 2 - Don't you cry.

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Washington, USA.

Victoria Flaming.

Não recordo-me bem de como fui parar ali, em sã consciência não estaria deitada no chão do velho e sujo porão de nossa... Digo, da casa dele.

Me levantei com dificuldade, minha cabeça doía tanto que parecia que a qualquer momento meus miolos iriam dissolver. Me sentei no chão empoeirado, olhei envolta para inúmeras coisas cobertas por lençóis e teias de aranha, pude jurar ver alguns ratos passando entre os quadros velhos e renascentistas que estavam apoiados no chão.

Não faço idéia de que horas são, ali não tinha sequer uma janela ou fenda iluminada, tentei olhar algum sinal de luz entre juntas do telhado, mas nada. Poderia ser de manhã, tarde, noite ou madrugada, não saberia.

De qualquer forma aquele lugar sempre foi melhor do que estar perto dele, as vezes rezava a Deus para que Adrian se irritasse comigo e me castigasse me prendendo ali. Preferia passar horas e dias trancafiada naquele porão do que ter que lidar com o homem repulsivo que tinha ao meu lado.

Não sei ao certo como isso começou, no começo ele era gentil, nos dávamos muito bem, por um momento da minha vida até pensei ter encontrado a pessoa certa, a minha alma gêmea.

Pobre garota imaginativa, talvez se não lesse tantos livros seria mais ciente da realidade, sempre acreditei que não devíamos parar de sonhar, mas nunca deixei os pés firmados no chão. Mais um grande e estúpido erro.

Quando me mudei com ele para Washington, não acreditava que teríamos uma vida tão conturbada, namorávamos a quase 7 meses, nunca tínhamos discutido, eu o conhecia, não conhecia?...

Não.

Buscava um lugar para me refugiar que fosse longe da casa dos meus pais, não porque eram pais ruins, mas sim porque era uma família elitista, por certo teria que me casar de forma arranjada se não encontrasse ninguém até os meus 18 anos, e eu não queria isso... Me casar com um desconhecido? Jamais.

Essa frase se torna hipócrita quando você percebe que o homem que você amava, era totalmente diferente do que transparecia.

Um completo desconhecido.

Sim, eu me casei com Adrian Blackthorne, uma nova pessoa para mim depois de ver sua verdadeira face.

Tudo começou com pequenas discussões, suas vontades sempre eram as que deveriam prevalecer. Eram um homem opnioso e com a personalidade forte, não poderia ser tão difícil de lidar com ele... Todos os casais tinham problemas, ninguém é perfeito, afinal.

O problema não era seu gênio, era ele.

Não era sua personalidade, era ele.

Era a frieza e sadismo em seus olhos que eu nunca pensei que veria naquele homem, a qual eu me entreguei de olhos fechados assim que o conheci naquele baile. Gentil, educado e romântico... Uma farsa de seu ato insano.

Ele não me amava, amava o controle que exercia sobre mim.

Me sinto tola, uma verdadeira idiota por me submeter a tamanha humilhação e crueldade... Mas o que eu poderia fazer? Não tinha para onde fugir, nem como fugir, estava em uma cidade completamente desconhecida, não saía de casa sequer para ver a movimentação urbana.

Eu sou um passarinho indefeso nas garras dele, um lobo feroz e faminto por violência.

O que poderia fazer além de me encolher em meu ninho e agonizar?... Nada, pare de sonhar, toria, não vale a pena, não mais.

[...]

Não sei mais quantas horas ou minutos fiquei presa ali, não lembrava de nada da noite anterior, nem de ter ferido sua autoridade para ele achar de bom tom me castigar.

Só fui retirada de meus pensamentos quando escutei as trancas das portas grossas de mogno serem desbravadas e abertas.

Estreitei meus olhos tentando enxergar, a luz que invadiu o andar não era tão forte, mas ainda assim incomodava. Escutei passos descerem as escadas, suspirando aliviada ao enfim conseguir enxergar a figura de Edmond em minha frente.

- Ed! O que estou fazendo aqui?... - Corri confusa até ele, por mais que minhas pernas falhassem um pouco pela fraqueza, o abraçando forte.

- Eu não sei, princepesa, não estava acordado na hora que o patrão te colocou aqui, já deveria ser muito tarde, tinha me recolhido... Espero que não se chateei por eu não estar presente para ajudá-la... - Alisou meu rosto de forma carinhosa, me olhando nos olhos com ternura e pena, seus polegares tocando gentilmente alguns hematomas espalhados em meu rosto, enquanto me aninhava em seus braços.

- Não se preocupe, sabe que não é culpa sua, Ed, ele é um homem terrível... - Sussurrei suspirando pesadamente.

Edmond era meu porto seguro naquela casa, era como um pai para mim. Trabalhava a muito tempo na mansão, veio muito jovem da Itália e começou a trabalhar para a família Blackthorne como mordomo muito precocemente, depois do senhores pais de Adrian falecerem, creio que ele resolveu deixar as coisas como estavam, Edmond era um bom mordomo, confiável, não teria porque tirá-lo do quadro de funcionários.

Não sei se Adrian confia nele... Do que estou falando? Aquele monstro é incapaz de confiar em quem quer que seja, acho que desconfia até da própria sombra.

Todavia Edmond era meu responsável, gostava de vê-lo, porém, sabia que quando ele me buscava era por um motivo... Adrian.

- Ele quer vê-la, princepesa, lamento por isso... É melhor subirmos antes que a demora insista em irrita-lo. - Edmond alertou, me dando um beijo reconfortante na testa e me guiando pelos ombros, ajudando-me a subir os degraus.

...

Damned loves - Dark Romance.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon