capítulo 3 🌗

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O sol nascera mais contente essa manhã, irradiando nova energia.

Xiao Zhan aproveitara o último final de semana para trabalhar em casa. Trabalhar em si próprio. Cortou o cabelo e fez a barba, quase que reconhecendo-se novamente no espelho.

Comprou petiscos para Doncel, e foi renovar as medidas no alfaiate. Talvez quisesse algo novo para um futuro breve.

Alimentou a felina, e pôs-se a sentar em seu escritório com os fones, caderno e caneta.

Abriu a janela, vendo o alaranjado no céu já quase limpo, lembranças anestesiadas invadiram sua mente em furacão desgovernado.

Só por que algo não dói, não significa que nunca se ferira.

Ligou a melodia de um violão em conjunto com um piano e um violino, e deixou rolar enquanto rabiscava palavras, até então, desconexas no pedaço de papel em cima da mesa de madeira.

Sua mente divagou diversas vezes enquanto escrevia, para imagens de Yibo. Como se o próprio estivesse ali, o assistindo compor a melodia de seu coração desconsolado.

Yibo dançava vagarosamente, com movimentos sutis, delicados e ritmados. Desejando quase que desesperadamente que aquilo fosse real, Xiao Zhan dispersou sua imaginação cruel e continuou a rabiscar .

Com o som em seu fone, misturado a leve chuva que começava lá fora, e o ronronar da felina que acabará de comer, ele cria uma nova canção, que lhe parecia bem mais sincera do que qualquer uma das que já escrevera.

Na segunda pela manhã, correu ao estúdio para gravá-la ao som dos instrumentos e melodia originais. Enlouqueceu os produtores tentando corrigir os mínimos detalhes, e deu se por satisfeito quando já tinha a música pronta em seu celular.

O resto da tarde, seguiu-se com ele interrompendo o dia de descanso de várias pessoas, tentando organizar um show o mais depressa possível. Seu agente o mataría por incomodá-lo em pleno domingo, se o mesmo não tivesse reconhecido que era extremamente satisfatório ver o moreno tão animado para uma apresentação.

Depois de muitas reclamações, e algumas perguntas do tipo se está doente ou algo assim, Xiao Zhan conseguiu reservar um estádio para o próximo sábado a noite.

Ligou também para seu alfaiate, e pediu-lhe que escutasse a música em primeira-mão, e fizesse um traje que combinasse. Quando o homem o perguntou o que tinha em mente, sua resposta foi inesperada; — Surpreenda-me.

Todos que encontravam com ele ao decorrer do dia, se perguntavam se era algum tipo de virose ou o quê, que o deixará tão diferente.

Normalmente, nada poderia sair minimamente do planejado, sem que ele tivesse um mini ataque de pânico. Pedir por surpresaz com certeza não se encaixava em seu perfil.

E é exatamente isso que Xiao Zhan desejava a partir de agora.

Não se encaixar, não fazer criar expectativas, Deixar-se ser e acontecer. Sabe onde aprendeu tudo isso, e jamais irá negar, assim como não nega que o entendimento veio um pouco tardio, digamos.

Yibo lhe ensinara durante cinco anos e meio que nada vale mais a pena do que aquilo que te faz feliz, te faz ser você. Será que ele gostaria de saber o que fez por Zhan? Que o fez feliz, feliz de verdade.

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A cada passo que dava, mais uma palavra surgia em sua mente, se conectando a todas as outras. Criando letra improvisada, e depois passando-a para o papel. Depois de muito tempo, Yibo finalmente tinha ideia de uma nova composição.

Depois de passar a limpo, ligou a caixinha de som e começou a movimentar-se suavemente pelo piso de madeira do salão, tentando encaixar cada passo na letra da música, de maneira que retratasse tudo que ele queria dizer.

Para a direita e esquerda, deslizando sobre os próprios pés e escorregando até o outro lado da sala. Buscando algo a qué se apoiar, algo invisível porém compreensível.

A doce ilusão que seu subconsciente já se acostumara a criar da melodiosa voz de Xiao Zhan cantarolando para si enquanto lhe fazia cafuné nos fios negros.

E a sólida realidade de que estava sozinho naquele salão de piso frio. Sentia falta até mesmo de Doncel, e seu ronronar brusco demais para uma gatinha tão delicada.

Não se deixando abalar, o Wang não se importou com frio ou com os machucados em seus tornozelos e dedos enquanto se deitava sobre o assoalho e se impulsionava para levantar.

A dança sempre foi para si, a melhor maneira de tirar de dentro de você aquilo que te mata. Que na realidade, não é nada além de você mesmo, só que uma versão sua que não sabe o que fazer.

E a cada passo, seja no ritmo ou não, era um passo mais perto de saber o que fazer, o que sentir ou o que ser.

Ele era confuso, mas estava feliz. Ainda não conseguiu alcançar o por que da felicidade repentina, mas ele tentaria descobrir em outro momento.

Pois agora, ele tinha uma música para gravar, uma roupa nova para fazer, e um estádio para reservar.

Eu Lua, Tu sol, nós constelação - YizhanWhere stories live. Discover now