Único

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A neve se acumulava rapidamente no batente das janelas tão fácil quanto cobria cada canto do lado de fora, onde jazia o quintal coberto de branco como véu. Seokjin limpou, pela quinta vez naquele dia, todo gelo acumulado com uma pá de plástico. O Kim estava cansado de todas aquelas canções cheias de letras felizes, das luzes brilhantes e das pessoas sorridentes, mas nada acima do quão cansado estava com a presença insistente do monte de neve em sua porta toda vez que tinha que sair de casa.

Os pés afundaram assim que os colocou para fora, com esforço caminhou até seu carro  – agora branco – tirando com a destra o excesso de gelo dos vidros antes de se acomodar no banco do motorista.

Sabia que não deveria ter deixado para ir as compras tão em cima da hora, entretanto, seu objetivo de evitar pessoas extremamente empolgadas com a data comemorativa havia sido um sucesso, nem mesmo a moça do balcão com seu gorro vermelho precisaria ver. Porém, também ficaria sem os ingredientes para a massa do seu macarrão, já que o excesso de neve fez com que o comércio fosse fechado um pouco mais cedo que o esperado. Seokjin voltou para casa com o mesmo mal-humor, dirigindo ainda mais devagar para evitar um acidente na estrada lisa e úmida.

Enquanto retirava a chave da ignição, já em frente sua casa, viu o garotinho da casa ao lado sair correndo dos pais escorregando pela terceira vez enquanto apoiava as mãozinhas espalmadas na calçada coberta por uma fina camada de gelo, caindo de bumbum no chão novamente, sorriu inconscientemente observando-o cruzar os braços e inflar as bochechas rosadas, aparentemente estava chorando. Não demorou muito para que um dos pais do garoto, o de cabelo azul e aparentemente mais jovem que o outro, surgisse apressado para acolher o menino que aguardava aos prantos. Seokjin saiu do transe ao vê-lo abraçar fortemente o filho, balançando o corpo suavemente. Em um pulo saiu da caminhonete, afundando as botas no chão fofo.

— Olá, Seokjin-ssi! — saudou o azulado todo sorridente. O moreno logo se aproximou do filho e marido, acenando para o Kim.

— Boa tarde.

E entrou em casa, sem olhar para trás. Sentia-se mal por estar invejando aquele momento em família dos vizinhos, era algo tão simples e cotidiano quanto os pais brincando com um filho, que o Kim se sentiu ainda mais estúpido. E com tal pensamento, se afundou no sofá sob alguns edredons pelo restante do dia.

(...)

O relógio em seu pulso marcava altas horas da noite, perto das dez e meia, quando a campainha soou sobre o som do programa reprisado que passava no televisor.

— Boa noite, Seokjin-ssi. — Soobin reverenciou o mais velho assim que a porta foi aberta, um pouco atrapalhado pelo casaco grosso e o filho em um dos braços.

— Boa noite.. Soobin.

—  Me desculpe por vir a essa hora perturbá-lo, mas eu preciso deixar o meu filho com alguém. Yeonjun está um pouco mal, provavelmente pegou um resfriado depois de brincar na neve, preciso levá-lo ao hospital e não quero tirar Beomgyu nessa geada.

— Eu posso ficar com ele, por um tempo.

— Muito obrigado, Seokjin. Beomgyu é um bom garoto e vai obedecer o tio, não é filho? — O pequeno balançou a cabeça em concordância. — Podemos combinar um valor depois.

— Não precisa disso, é só um favor.

— Oh, certo. — Soobin deixou o pequeno no chão e agachou para se despedir, beijando o rostinho corado e frio. —  Se comporte, uh? Logo eu e o papai Yeonjunnie voltamos, enquanto isso obedeça o Seokjin-ssi.

— Sim papai.

Soobin se levantou tirando do ombro a alça de uma mochilinha azul.

— Aqui tem algumas coisinhas para o Beomgyu. Roupas, mamadeira e uns brinquedinhos. — Entregou para o Kim. — Obrigado, Seokjin. Prometo que voltaremos logo.

Natal com bolo frito | TXT (Yeonbin ft. bebê Beomgyu)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora