Resfriado

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Quando Jake abriu os olhos na manhã seguinte, foi inundado pelas lembranças do dia anterior: a festa, o convite para que Jungwon dormisse em sua casa e o fato de que ele estava no quarto ao lado vestindo seu pijama. Isso o despertou melhor do que o despertador que sempre desligava umas três vezes até finalmente se arrumar para a escola; logo, já estava de pé. Lavou o rosto e escovou os dentes apressado, depois arrumou o cabelo em frente ao espelho, sem saber ao certo por que estava fazendo isso. Por fim, foi pé por pé até a porta do quarto de hóspedes e bateu delicadamente. Só esperava não estar acordando o mais novo desse jeito...

Alguns segundos de apreensão se passaram e a porta se abriu. Para a surpresa — e felicidade — de Jake, Jungwon ainda estava vestindo seu pijama. Ele o olhou de cima a baixo e precisou conter um sorrisinho, nem sabia dizer por que tal coisa o deixava tão feliz...

— Desculpa, te acordei? — Tentou fingir que nada tinha acontecido dentro de si.

— Não, eu já estava acordado, tinha ido escovar os dentes.

— Que bom. — Ele sorriu. — Vamos tomar o café da manhã?

— Ah, só vou trocar de roupa antes-

— Não precisa! — Jake o segurou pelo braço. — Aqui em casa é costume tomar café da manhã de pijama, venha!

Antes que o mais novo sequer pudesse reagir, já estava sendo carregado para o andar debaixo. Ele estava morrendo de vergonha de ver os pais dele estando de pijama, porém, como o próprio Jake estava assim, tentou pensar que era o normal mesmo. Assim que chegaram na sala de jantar, a senhora Sim já os aguardava. Ela os cumprimentou educadamente e pediu que Jungwon se sentasse e ficasse à vontade; poderia comer o que quisesse. Logo que viu a mesa repleta de diversas opções de comidas, ele nem soube o que escolher. Nunca tinha visto tanta fartura; tinha comida para umas dez pessoas comerem juntas e eram só três — o senhor Sim tinha saído para trabalhar.

— Amor, quer melancia? Eu sei que você gosta! — Jake colocou uma fatia no prato dele.

Ao ouvir aquele "amor", o Yang sempre ficava travado, mesmo que soubesse que não passava de encenação do outro. Ele não se lembrava de ter dito a ele que gostava de melancia, mas como realmente gostava, aceitou de bom grado.

— Nunca pensei que veria meu filho sendo um namorado tão atencioso! — A senhora Sim deu uma risadinha.

— Eu trato bem as pessoas que eu gosto. — Jake acariciou o ombro de Jungwon, que deu um sorrisinho sem jeito.

— Ele é um ótimo namorado. — Entrou na mentira.

— Isso me deixa muito feliz!

A mulher ofereceu mais coisas para que Jungwon comesse, e ele se sentiu um pouco mal. Os Sim eram uma família muito boa, estavam tratando-o com muito respeito, enquanto ele não passava de um mentiroso. Sabia que a ideia original não tinha sido sua; a mentira partiu de Jake, porém, mesmo assim, estava tirando proveito da situação. Em momentos como esse, sentia um misto de arrependimento e tristeza que não sabia explicar. Seria estúpido pensar que tinha um lado seu que gostaria que essa fosse a realidade. Afinal, para isso teria que ser o namorado real de Sim Jake, e isso era pior do que um castigo. Sabia muito bem quem aquele garoto era de verdade e tinha noção de que todas as regalias que vinha recebendo não passavam de mentiras para que os pais dele comprassem aquela relação. Se namorassem de verdade, as coisas seriam bem diferentes...

O Yang estava com a mente cheia de pensamentos, ao contrário do outro, que não tirava os olhos dele. Jake não sabia dizer por que estava tão encantado, mas vê-lo tomando o café enquanto vestia seu pijama tinha trazido um novo sentimento ao seu coração.

Par imperfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora