"Capítulo Dois."

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Ana.

— Ana? Ana? – A July me tira do meu transe, com um estalar de dedos.
— Oi? – Respondo avoada. E ela faz cara de riso, tampando sua boca com as mãos.
— Garota, você tava babando no gatinho. – Ela diz debochada. Reviro os olhos e saio andando brava. Quem disse que aquele esnobe me fez sentir algo. Você não viu, ele acabou de chegar e já beijou uma garota.
— Ei, vai me deixar falando sozinha? – Ela me alcança e enlaça seu braço ao meu. Não olho pra ela, ainda continuo brava. — Ah, qual é? Vai ficar com raiva por causa de uma brincadeira? Confessa, vai ele é um gatinho. –Ela fica a minha frente e me para, segurando em meus umbros.  — Ana! – Viro o rosto para o lado, e cruzo os braços.  — Tá bom, desculpa.
Olho para ela.
— Promete que não vai fazer mais isso? – Ela balança a cabeça confirmando.
— Tá, eu te desculpo. – Ela sorri feliz, e até faz uma dancinha. – Sorrio achando graça.
Continuamos nosso caminho, e mesmo prometendo ela não para de falar.
— Mais Ana, agora falando sério, até quando você vai ficar, sem namorar? Menina, você já tem 17, e ainda é BV! – Ela fala alto, justo quando uns garotos passam, eles sorriem e eu fico vermelha de vergonha.
— Juliana! – Paro a encarando.
— Que?
— Eu não vim aqui, para namorar. Tudo o que me importa agora, são meus estudos. Nada mais!
E a ponto de retrucar, uma voz no auto falante começa, tanto que a boca dela fica aberta, coloca a mão na sua boca, o que faz com que ela, fique quieta.
Atenção alunos! O almoço será servido, em cinco minutos, por favor, dirijam-se ao refeitório.
— Que notícia boa, estou morrendo de fome. – Sigo andando sem da brecha para July, falar nada. E ela me acompanha nervosa, por não ter terminado de falar o que queria. “ Sempre querendo fazer com que eu namore. – Balanço a cabeça. Não, agora não! Acontece que ainda tô muito nova, e não encontrei a pessoa certa.– Penso sozinha.
— Ei, a gente não terminou de conversar.
— Eu já! – Entramos no refeitório, e ele já estava quase cheio. Os grupinhos começavam a se formar, e os já formados ganhavam novos integrantes. A Juliana olha tudo ao redor, astuta ela estuda os lugares.
— Vamos sentar ali. – Aponto para uma mesa vazia, no canto.
— Não mesmo! Não vamos começar o ano como as isoladas da escola.
— Mas Ju... – Tento falar, mas ela não deixa, sendo ela a tapar a minha boca dessa vez.
— Escola nova, tudo se renova! Vem comigo. – Segura em minha mão, e nos guia por entre as mesas, onde alguns dos alunos nós olham.
Paramos em uma mesa, com bastante gente, nem sei dizer a qual grupo eles pertenciam, por que deslocados eles eram, mas não ao ponto de serem os “Populares” da escola.
Bom, para a July, sempre foi fácil se enturmar, já para mim...bem meu nível de timidez, era um empecilho para novas amizades.
Sentada comendo apenas uma maçã, eu apenas respondia ao que me perguntavam, e essa situação já estava ficando tediosa, principalmente por um dos meninos estar muito próximo a mim.
— July? – Chamo por ela, que conversava tranquilamente com algumas meninas. — Eu vou dá uma volta, guarda alguma coisa pra mim?
— Tá tudo bem? – Ela pergunta preocupada.
— Está sim! Eu já volto, OK? – Falo me levantando da mesa.
— Eu vou com você. – Ela diz e se levanta também.
— Ei, eu tô bem, não precisa vir. Pode ficar aí, a gente se encontra depois.
— Posso te fazer companhia, se você quiser? – O menino que estava ao meu lado, e que eu acabei esquecendo o nome, pergunta solidário, mas sei que com certas intenções.
— Não precisa, só quero ficar um pouco sozinha. Nos vemos depois. – Caminho para a saída, do refeitório, e quando finalmente encontro a claridade que emana da porta, respiro.
Caminho um pouco e me deparo com o jardim que eu posso ver pela janela do meu quarto, assim tão perto ele é ainda mais lindo. Não tem nem 24 horas que sai de casa, e já estou morta de saudades da minha família.
Paro em uma fonte, próximo a ela, há um banco sento-me, e só então noto que estou bem no meio do jardim, longe de todo o barulho. Fecho os olhos, e apenas ouço o canto dos passarinhos ao meu redor.
— Tá perdida, princesa? – Me assusto, abro os olhos rapidamente com aquela voz tão próxima a mim, e por milímetros nossos lábios não se tocam. Nossos rostos ficam próximos e nossos olhares se conectam um ao outro, minha pele volta a se arrepiar, sua respiração quente se choca contra meu rosto.
Era o mesmo garoto, que chegou de manhã, e que passou por mim, com tanta prepotência. Eu sentia seus olhos rasgarem a minha alma, a intensidade do seu olhar, revelava até às sensações mais profundas e profanas do meu ser. Suas mãos uma em cada lado da minha coxa, deixa o meu corpo tão a mercê dele, eu me senti tão bem, nunca fiquei tão próxima assim de um garoto, e ele, logo ele que eu vi apenas uma vez é que está provocando tantas sensações...me senti tão vulnerável de repente e com um medo, descomunal aflorando da alma que o peço:
— Pode se afastar? – Recobro os sentidos. Ele sorri de lado, sopra os fios de cabelo que caíram sobre o meu rosto, e finalmente se afasta. Levanto e me apresso em sair dali, mas ele segura em meu braço fazendo com que eu pare, e bota com as mãos em seu peito. Suas mãos estão em minha cintura, unindo nossos corpos.
—Porque tanta pressa? – Pergunta.
— Não tenho que te dá satisfação.
— Brava você! – Ele da um sorrisinho de lado.
— Você nem imagina o quanto! – Falo seria, e me solto do seu aperto.
— Paulo Duarte! – Ele me estende a mão, mas não a pego. E ele a recolhe. — E você, como se chama?
— E pra que, você quer saber? – Cruzo os braços.
— Quer saber? Não precisa dizer, eu descubro sozinho.– Novamente ele passa tão sedutor próximo a mim, pisca e some, no jardim.
— Paulo Duarte! – Repito seu nome intrigada. — Nojento asqueroso. Respiro fundo, saio do jardim e volto para o quarto.

Nosso destino. "O amor e ódio, de Paulo e Ana!"Where stories live. Discover now