Hwang S/N era apenas uma universitária, aspirante a jornalista policial que esteve no lugar errado, no momento errado, tornando-a testemunha de um assassinato.
Deixando que o espírito jornalístico falasse mais alto, decide mergulhar numa investigaçã...
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❝ O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as.❞ Benjamin Franklin—
LUTANDO CONTRA OS fones, S/N se encontrava em um estado profundo de impaciência. Já estava atrasada, e se demorasse mais um pouco, era muito provável que seus melhores amigos iniciassem a partida sem ela. E se tinham duas coisas que ela odiava, essas coisas eram atrasos e ser deixada de fora das partidas.
Partida essa que, até onde ela sabia, ainda estava de pé, visto que nem Yuta e nem Sicheng tinham confirmado; tampouco desmarcado.
Sentada no duro banco da praça de frente para o portão de sua casa em plena onze e meia da noite, a universitária iria fazer aquilo que fazia quase toda noite: sentar no banco da praça, colocar os fones e jogar seu joguinho online com os amigos pelo celular.
O investigador Hwang, pai de S/N, não gostava muito de tal atitude. Dizia que era perigoso ficar sozinha numa praça mal-iluminada, até madrugada. Isso irritava profundamente a filha mais nova, já que ele agia como se ela não soubesse se defender, quando ela havia aprendido com o próprio. A filha mais velha, Stephanie, ou carinhosamente chamada de Tiffany, defendia a liberdade da irmã mais nova, e como era ela quem atualmente passava a maior parte do tempo com S/N, a estudante de jornalismo fazia o que queria.
Já estava cogitando desistir da partida e voltar para casa com uma derrota sem ao menos ter participado, quando algo a fez querer ficar. E esse algo não eram os fones que haviam magicamente se desenrolado, e sim uma movimentação suspeita, nos confins da praça, perto da lagoa.
Geralmente S/N ficava sozinha no espaço, poucas vezes encontrando com jovens bebendo, fumando ou usando drogas pesadas. Imaginou que fosse uma dessas opções, mas percebeu que não quando ouviu um grito abafado, seguido por um "Cala a boca".
Por um momento ficou ali, sentada, com o tronco virado para trás, encarando a direção da qual a voz vinha, em meio as árvores que se aglomeravam para os lados da lagoa. Sabia que deveria ir embora e ligar para o pai ou para a investigadora Yoona, parceira do Hwang, mas a maldita curiosidade a guiou na direção oposta da qual deveria seguir: na direção dos sons. Com os fones nos bolsos e o celular silenciado em mãos, se escondeu atrás do tronco mais grosso, próximo até demais da cena.
Eram dois homens: um estava com as mãos amarradas atrás do corpo por uma corda grossa, tendo o rosto afundado na água. O outro, ria do desespero da vítima que se debatia como podia. O amarrado foi puxado para a superfície pelo cabelo tingido de preto, revelando seu rosto: ela teria admirado a beleza, se não fosse pelos olhos inchados e roxos, cortes feitos por socos nos lábios e sobrancelhas, e hematomas escuros nos braços. Mesmo estando literalmente a beira da morte, encarava o seu agressor. Agressor este que estava de costas para a garota e mergulhado no escuro, ela praticamente não conseguia vê-lo, mesmo dando seu melhor para tal.
