Capítulo 10: Segredos e Beijos

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- O Kieran ficou muito magoado, no passado. Ele e o River estavam noivos. E então, há três anos atrás... o River teve um ataque de coração e faleceu.

- O Kieran teve um noivo que morreu? – perguntou William, de queixo caído.

- Mãe! – exclamou Kieran, surgindo à porta com uma chávena de chá nas mãos. Ouvira o que a mãe dissera. As mãos tremeram-lhe. – Não acredito que lhe contaste isso. Não tinhas o direito de o fazer!

- Filho, eu só estava...

- Estavas a partilhar coisas da minha vida, coisas que eu deveria revelar quando estivesse preparado, se assim entendesse – Kieran avançou, chegando perto da mãe. Passou-lhe a chávena de chá. William olhou de um para o outro. – Sabes muito bem como me magoa falar nisso e pões-te assim a falar disso?

- Não estava a falar disso contigo, Kieran. Estava apenas a explicar ao teu possível novo namorado o porquê de tu teres certas reservas sobre te envolveres seriamente com alguém. É algo natural, ninguém te culpa por isso.

- Eu vou apanhar um pouco de ar – disse Kieran, saindo da sala de rompante.

- Ele ficou muito abalado – disse William, sem saber se devia ir atrás dele ou deixá-lo sozinho.

- Talvez eu tenha ultrapassado as marcas, mas as minhas intenções eram boas – disse a mãe, suspirando. Bebeu um gole de chá. A sala ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto ambos os seus ocupantes se mantinham em silêncio. – Queria que percebesses exatamente qual o problema que faz com que o meu filho tenha receio de gostar de ninguém, de voltar a namorar a sério e depois algo acontecer e ele ficar infeliz.

- Eu não fazia ideia de que ele tinha estado noivo ou que o noivo dele tinha morrido. Ele nunca o mencionou.

- Não, eu devia ter calculado que não, se ainda não estavam sequer a namorar oficialmente. Bom, o que está feito, feito está. Podemos mudar o futuro, mas não o passado. Penso que o melhor será ires ter com o meu filho, deve ter ido para o pequeno jardim nas traseiras. Voltas ao corredor e depois viras à esquerda. Ele não deverá falar comigo agora, mas penso que falará contigo.

- Mas ficará bem aqui sozinha?

- Penso que sim. A dor parece estar a amainar. De qualquer forma, se precisar de algo, gritarei. Agora, vai lá. Pede-lhe desculpa por mim.

William levantou-se do sofá, achando que sem querer acabara por se envolver em algo inesperado. Não fora ele que fizera a mãe de Kieran contar-lhe a verdade, nem fora ele que o magoara. A vida era complicada, para todos. William nunca poderia adivinhar aquilo pelo qual Kieran passara. Seguiu as indicações, até uma porta que fora deixada entreaberta. Passou para lá dela, para um pequeno jardim murado, onde existia uma única árvore. Kieran sentara-se na base da árvore, de olhos baixos, mas levantou-os ao ouvir o outro homem aproximar-se.

- Quero estar sozinho – disse o ator, a sua voz mais baixa do que era normal.

- A tua mãe pede desculpas pelo que disse. Não sei se isso ajuda alguma coisa ou não, mas claro que ela não me contou sobre o River para te magoar de forma nenhuma. Queria apenas que eu percebesse, visto que era uma peça do puzzle que me escapava – disse William. Kieran manteve-se em silêncio. – Porque não me contaste?

- Quando achas que teria sido o momento apropriado para te dizer que tive um noivo que morreu subitamente? Quando comemos juntos em restaurantes, quando fomos à festa, quando fomos ao cinema ou por mensagem?

- Eu não estou contra ti – disse William. Avançou e sentou-se ao lado de Kieran. – E desculpa, mas não vou respeitar o teu desejo de estares sozinho. Acho que precisamos de falar, mesmo que talvez tenhas o desejo de não abordar nunca mais o assunto.

O Falso NamoroWhere stories live. Discover now