Capítulo 2- Merodianos

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  _ Me dá a chave que eu dirijo_ Nick diz e eu entrego a chave para ele. O que quer que esteja acontecendo, ele sabe melhor do que eu o que fazer.

_E agora, Nick?

_ Agora o máximo que podemos fazer é fugir, ele é um nível alfa, porém ainda é forte.

_ Nível alfa?_ Pergunto ainda sem entender nada.

_ Isso, depois te explico, entra no carro_ Nick me disse enquanto entrava no lado do motorista. Eu me apresso e entro dentro do carro. Assim que viramos a esquina de minha casa, olho para trás e vejo aquela criatura se levantando, ainda meio tonta pelo tiro na cabeça. O medo subiu em meu corpo e, a imagem de minha mãe morta e sua cabeça rolando em minha direção me fizeram chorar.

_ Calma, vai ficar, a gente vai para um lugar seguro_ Assim que Nick começou a falar, eu o interrompi.

_ Não queria ir para um lugar seguro, queria morrer, queria que minha mãe estivesse viva no meu lugar, ou melhor queria que nada disso tivesse acontecido. Sabe o que eu acho, acho que isso não é real, eu devo estar louca de tanto trabalhar só pode. Isso é algo praticamente impossível de ocorrer e, por mais que eu tente negar que isso é real, parece até que, tudo o que ocorreu hoje eu sabia, ou sentia que iria ocorrer.

_ Será que você pode me explicar mais sobre isso?_ Nick disse enquanto estacionava o carro em uma casa, que estava em um estado não muito agradável. Parecia abandonada à décadas, eu diria até que ela me lembrava um manicômio abandonado pela coloração branca mofada de suas paredes. Apesar disso, havia duas árvores de flores vermelhas, iguais a que tinha em minha casa, que causavam um contraste enorme, diria até que combinava com o cenário do local.

_ Que lugar é esse?

_Não importa, vamos entrar? _Nick disse já indo em direção a porta de madeira branca e eu, ainda assustada, o segui.

_ Comece a me contar sobre o que viu ou sobre o que você sentiu.

_ Isso foi a muito tempo, acho que não tem importância.

_ Não tem problema, me conta tudo_ Nick disse enquanto entrávamos em uma sala empoeirada. Os móveis estavam cobertos com panos brancos e teias de aranha cobriam quase todo o teto. Nick chegou perto de uma estante de livros e, por um segundo, eu achei que ele iria puxar um livro e a estante iria sair do lugar, porém, ele só abriu o livro e começou a recitar palavras em uma língua que eu acho reconheci como latim. Eu era fascinada por essa língua, Nicolas e eu fizemos aula de latim juntos a dois anos atrás, ideia minha, porém ele nunca aprenderá o significado de uma única palavra, fiquei até surpresa, eu porém era fluente, gostava da idéia de saber uma língua que mesmo morta, ainda estava tão viva

_Si anima tua transierit, sanguis tuus monstrat locum ubi regnat sapientia_ "Se sua alma for pura, seu sangue mostra o lugar onde reina a sabedoria" foram as palavras que Nick havia citado, e logo após isso, vejo que ele tirou uma adaga de sua cintura.

Não tive tempo nem de pensar, quando vi, Nicolas já havia feito um corte na minha mão.

_ Aí porra, porque fez isso?_ Ele nem olha pra mim, só segura o pulso da mão esquerda  que jorrava sangue de sua palma e puxa com força o suficiente para me aproximar dele.

_ Nick, que merda... _Ele se vira para mim como se me pedisse, não, como se me ordenasse a ficar quieta. Seu olhar arrepiou até os meus pelos das pontas dos dedos dos pés, parecia que ele iria me jogar de comer aos lobos, e eu nem consegui me mexer de medo de tudo o que estava vivendo em apenas 14 minutos após perder minha mãe.

_Si anima tua transierit, sanguis tuus monstrat locum ubi regnat sapientia. _ Ele repetia de novo, porém agora, derramava meu sangue em uma espécie de círculo que havia no meio daquela sala de estar. Eu estava tão perturbada que nem havia reparado. O círculo era formado por vários arabescos, desenhos de pessoas meio humanas e meio lobos, haviam asas de fadas e anjos, uma língua que nunca havia visto em toda a minha vida e alguns círculos pequenos e coloridos, tudo em um tom meio envelhecido. Quando nick repetiu a frase novamente, pela terceira vez, meu sangue que estava pingando no centro deste círculo, onde havia uma papoula desenhada, começou a brilhar, e o sangue começou a percorrer o caminho dos arabesco e das figuras, preenchendo-as em um tom de vermelho neon. Os círculos coloridos começaram a brilhar em diversos tons, como em azul, amarelo, verde, vermelho, magenta, eles já não eram mais cores mortas.

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⏰ Última atualização: Apr 11 ⏰

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