Capítulo 1 - Bolo de patê

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_Amanhã é o aniversário do Thor, meu cachorrinho, e eu pensei que pudéssemos sair com ele para passear em um lugar especial, afinal, ele é da família _ Disse à Clarice, minha mãe, que estava conversando comigo por ligação.

_Claro Lia, eu vou com você. Preciso fazer umas compras, e o Thor é um bom garoto _ Lembro até hoje do dia em que ele salvou sua vida do incêndio na sua antiga casa. Minha mãe dizia com uma voz doce e feliz. Em 2019, eu estava morando em outra casa. Lembro que havia saído para comprar um remédio meu que tinha acabado. Senti que estava sendo seguida, mas ignorei. Entrei em casa e fui dormir, mas acordei rápido, sentindo um cheiro de fumaça. Já estava fora de casa e com uma dor no corpo, como se tivesse sido arrastada. Olhei para cima e vi um lindo cachorrinho branco, um Husky Siberiano.

Ele me cutucava com sua patinha como se tentasse me acordar. Depois disso, só lembro de acordar no hospital. Minha mãe contou que o cachorro havia salvo minha vida. Ele era treinado para isso e estava abandonado na rua. Soube no mesmo momento que era ele que estava me seguindo. Desde então, decidi cuidar dele. Nunca descobri como ocorreu o incêndio, mas provavelmente foi a fiação da casa, que era antiga.

(...)

 _Acho que vou levar esse brinquedo para Thor _ Disse minha mãe enquanto mostrava uma asa de fada que possuía em si luzes.

_O Thor vai ficar uma gracinha com essas asas _ Respondo soltando uma leve risada, imaginando meu pequenino com elas.

_Deveríamos levar patê para ele também, para o bolo. O de frango é o seu preferido.

_Claro, mãe, ótima ideia. Vamos passar no salão de beleza, tenho horário marcado com a Annie _ Falava enquanto colocava três latas de patê no carrinho de compras.

_Eu concordo, preciso mudar meu cabelo, o vermelho já está saindo de moda, agora vou pintá-lo de roxo_ Minha mãe sempre foi bem moderna, já teve diversas cores de cabelo, no auge dos seus cinquenta anos agora irá voltar para o roxo, a sua cor favorita que realça sua pele parda e seus olhos amendoados. Ela é bem vaidosa, diria que bem mais que eu, sua aparência me lembra uma mulher no auge dos seus trinta anos. Já eu, com meus vinte e três, estou parecendo uma idosa de sessenta de tantas dores no corpo, além disso, meu cabelo é chanel, o que me traz um ar de pessoa madura. Nunca pintei meu cabelo, tinha medo de ter um corte químico igual minha mãe teve a 6 anos atrás.Após pagarmos as compras, fomos para o salão de Annie, estranhamente ele estava fechado, tudo trancado. Resolvi mandar uma mensagem para Annie para confirmar o horário, talvez algum imprevisto havia ocorrido.

Chat: Annie

Visto por último, 06:06 am

Lia: Oiie Annie Bom dia 

Lia: Gostaria de saber se o meu horário ainda está marcado pra hoje para fazer a hidratação no cabelo ✓

_ Mãe, acho que a Annie não está aqui_ Digo a ela e vejo seu rosto fechar por alguns segundos, sendo seguido por um sorriso ardente.

_ A gente pode voltar amanhã e pedir para ela reagendar o seu horário e me arranjar um encaixe, quero muito pintar meu cabelo de roxo.

_ Pode deixar mãe, dessa vez eu pago para você pintar seu cabelo, amo ver seu sorriso toda vez que muda de visual_ Enquanto falo isso ela me puxa para um abraço apertado e diz rindo que ama ter uma filha como eu, principalmente o fato de eu ser formada em medicina e ser a psiquiatra mais linda de todas. Ela sempre fazia questão de falar isso quando estava feliz comigo. Havia feito meu doutorado a um ano, eu era a garota prodígio, tão nova e já formada, era o que eu sempre escutava, e eu gostava, era o meu porto seguro para ajudar as pessoas.

As crônicas do amanhecer - ArmagedomWhere stories live. Discover now