— Pareço tão velho para me chamar de senhor?

— Claro que não, papai — Judy foi mais rápida.

Claro que não. O pai dela era um pedaço de mau caminho, mas eu nunca admitiria isso a ele, obviamente.

— Me chame de Hudson, eu prefiro.

— Tudo bem, Hudson. Eu quero um chocolate quente e biscoitos, se não se incomodar — falou minha amiga.

Ele a repreendeu com o olhar.

— Eu disse que ela podia, não você, mocinha. — Foi até ela e beijou sua testa antes de ir atrás do que ela pediu.

Achando lindo o relacionamento dos dois, atrevi-me a perguntar:

— Por que não vem morar com o seu pai? — Ela arregalou os olhos. — Tenho certeza de que ele não iria se incomodar.

— Ele tem uma namorada, Lua. Não vou atrapalhar meu pai depois de tudo que minha mãe fez. Ele precisa seguir a vida dele.

— Mas você é a filha dele.

— E você é a namorada de Bryan, mas está fugindo dele. Quer mesmo ir por esse caminho? Nem parece que você tem 20 anos e ele 23.

Emburrada, cruzei os braços, ainda que Judy se divertisse com minha expressão. Que absurdo, ela usou o que eu falei contra mim.

Passamos o dia juntas e, após isso, conversamos. Mesmo que, às vezes, eu a visse preocupada com emprego, encorajei-a. Sabia que ela iria achar o que procurava.

Ela era incrível e era minha melhor amiga.

No fim da sexta, voltamos para o campus. O pai de Judy fez questão de nos levar e conversou com ela um tempo, enquanto eu entrava na ala dos dormitórios. Respirei fundo quando adentrei o quarto. Tomei banho, deitei-me e rolei por horas, sem conseguir dormir, mesmo que precisasse. Meu celular estava ao meu lado, e assim que o peguei, desejei não ter pegado. Diversas ligações, muitas mesmo, e elas me perturbaram muito.

Já era tarde e nem valia a pena responder a ninguém, mas, mesmo assim, teimosa, eu quis. Quando eu tinha a intenção de responder à minha família, o celular tocou na mesma hora e me irritei por ver o apelido dele na tela. Recusei-me a atendê-lo. Ele não parou e ligou novamente. Dessa vez, recusei a chamada, e sua mensagem brilhou logo depois.

Eu estava farda de ordens, e sabia bem que seu "por favor" não era muito calmo. Enviei uma mensagem para ele e larguei o celular.

Que inferno de homem!

(...)

Vesti-me apressadamente. O jogo seria em breve e eu não queria perder nenhuma apresentação de Judy. Por sorte, Bryan não me procurou durante o dia, e eu sabia que isso tinha a ver com o jogo. Seria tudo muito acirrado com a equipe de Nova Iorque.

Escolhi um lindo vestido vermelho — para combinar com a universidade —, que chegava até antes dos joelhos, e um par de tênis brancos. Os cabelos, deixei soltos e livres, tendo colocado apenas uma presilha no topo para dar um toque a mais.

Quando fechei o quarto e me virei para ir até o jogo, John surgiu na minha frente de repente. Eu me assustei e ele ficou meio envergonhado.

— Meu Deus, você está linda! — ele me elogiou e eu senti uma vergonha descomunal. Era estranho falar com ele depois de tanto tempo. — Ah... Judy me pediu para te acompanhar no jogo; falou que você precisava de um amigo. Posso fazer isso?

Aquela pestinha!

— Claro que pode, John. Por que não poderia? — perguntei, já sabendo a resposta. — É bom falar com você novamente.

Broken Rules - RETIRADA 24/06Where stories live. Discover now