Capítulo 10 - Hanna Tompson

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Meu segundo dia em Paris... a trabalho.

Já estamos na rua fazem cinco horas, passando de obra em obra, reuniões e reuniões. Anoto tudo, até a coisa menos importante.

— Olá, bela moça. É a americana que está com o Liam Moss, certo? — um homem que aparenta ter a idade do Liam, pergunta.

— Isso. — sorrio.

Me viro ficando frente a frente com o homem. Ele veste um terno azul escuro, cabelos penteados para o lado direito, barba bem feita. Seu cheiro é forte de um jeito que me incomoda.

— Você gostaria de sair para jantar? Posso te mostrar uns lugares em Paris. — ele fala com sotaque, então presumo que seja daqui.

Abro a boca para responder, mas escuto a voz do Liam, atrás de mim.

— Sinto muito, Pierre. Minha funcionária está ocupada, e não está aqui para passeio. — seu rosto está sério.

— Claro. — responde o homem e se afasta.

Observo o tal do Pierre se afastar. Desvio o olhar para Liam, parado ao meu lado.

— Você não me deixou responder. — digo lhe encarando.

Ele me olha em silêncio por alguns segundos e diz:

— Ele não é um boa pessoa. Aliás, ia te levar para jantar, passamos o dia na rua. — sorrio.

— Tudo bem. Para onde vamos? — pergunto indo na direção da saída do prédio.

(...)

O lugar que o Liam me trouxe é perfeito, tudo muito chique, assim como o outro que me levou. Diferente da primeira vez, me sinto mais confortável, mas, presumo ser por conta do meu chefe. Estamos indo bem nesse lance de amizade desde a noite passada.

Ele continua com as mudanças de humor, porém, tenta não me afetar com isso. É muito gentil da parte dele.

Ainda não descobrir por que não gosta de ser tocado, percebi que não é só comigo. Enquanto come lhe observo tentando desvendar esse mistério...

— O que foi? — sua pergunta me faz sair do meu devaneio.

— Posso fazer uma pergunta? — dou um sorrisinho.

Ele olha para minha boca e então diz.

— Diga. — volta a me olhar nos olhos.

— É... por que não gosta que te toquem? — sou direta.

Ele fica em silêncio por alguns segundos até que diz:

— Não vou responder à sua pergunta. Pergunte outra coisa. — bebe o vinho.

Reviro os olhos, mas, penso em outra pergunta.

— Qual seu passatempo? — lhe olho.

— Participo de corridas. — diz rapidamente.

— Você não parece ser esse tipo de cara que corre por aí, com óculos escuros de manhã cedo. — faço uma careta.

Ele dá uma risada, e voluntariamente sorrio também.

— Não esse tipo de corrida. Corrida com carros, tipo fórmula 1. — ah... tá explicado o carrinho em miniatura.

— E como você foi parar na arquitetura, se gosta de correr? — espero pela sua resposta, que demora um pouco.

— Pensando bem, não sei... acho que para ter um emprego reserva, caso a corrida não dê certo. — explica.

— E está dando certo? — pergunto.

— Até o momento sim, mas, não o suficiente. — da um gole no vinho.

— Você não tem medo de se acidentar? Já assisti esse tipo de corrida na televisão, é bem perigoso. — ele concorda com a cabeça.

— E é, porém... não me importo. Não tenho com quem me importar, caso algo aconteça. — diz.

Sua voz soa fria, mas sua expressão parece triste.

— E seus pais? — pergunto sem me importar que ele é meu chefe.

Ele demora a responder.

— Meu pai morreu quando eu ainda não tinha nascido, e minha mãe... é complicada. — respira fundo.

Analiso sua resposta. Esse assunto parece lhe incomodar, então, mudo para outro.

— Já viajou para quantos lugares? — faço uma pergunta aleatória.

E funciona, ele está se abrindo. Não totalmente, mas, já é o suficiente. Ele me conta que já viajou para dezessete países, e o escuto atentamente falar sobre todos.

(...)

Estamos de volta ao seu apartamento, não fomos dormir, apesar de já ser tarde. Estamos na cozinha bebendo vinho e conversando sobre o meu ex chefe.

— Ele era um chato, ignorante e grosso — digo.

— Você vai falar assim de mim quando eu for embora? — ele me olha sério.

Penso muito antes de dizer, mas, opto pela verdade. Acho que já estou bêbada.

— Sim. Vou guardar nossa amizade em segredo, então falarei mal de você por aí. — dou um sorrisinho.

— Você já está bêbada? — levanta uma sobrancelha.

— Não. — bebo mais um gole. — Então, esse seu lance de corrida, é sério? — apoio os braços na bancada da cozinha.

— Estou tentando fazer com que seja. Por enquanto foco na arquitetura, não quero deixar ela totalmente de lado caso eu consiga correr profissionalmente. — concordo com a cabeça.

— Eu gosto desse Liam. Ele não me deixa confusa. — bocejo.

Ele me encara e depois diz:

— Acho melhor você ir dormir. — sorri e se levanta.

— Eu vou, mas, só porque eu quero. — me levanto da cadeira.

Sem me despedir, ando até a escada.

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O Que Está Acontecendo Comigo? - Livro únicoWhere stories live. Discover now