14 - capítulo

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   Freen Sarocha


- Atende essa porra de celular Jauregui. – gritei para meu celular e por incrível que pareça funcionou.

- Alô. – ela disse.

- Que demora, Laur. – falei bufando e desligando o computador, depois de sair do meu plantão.

- São seis da manhã, eu tava dormindo. Ainda vou trabalhar hoje. – falou com irritação na voz.

- Meu turno acabou agora, e não reclama, você trabalha para o seu pai na revista. E também disse que quando eu precisasse podia ligar a qualquer hora. – falei já tirando o jaleco e me dirigindo a saída do hospital.

- Estou me arrependendo amargamente por isso, até por que na época você mal atendia minhas ligações, não imaginei que você fosse me ligar, ainda mais seis da manhã. – ela disse bufando alto. – Já vou desligar, amor. – ela disse pra Camila.

- A não vai, não. Preciso falar com você. – falei entrando no meu carro.

- E não podia ser no horário comercial? –  disse e ouvi ela saindo do quarto. – Você não vai me deixar voltar a dormir e se eu não saísse do quarto, Camila ficaria uma fera. Estou em pé as seis da manhã, não acredito nisso.

- Laur, fica calada. Quanto mais rápido você me deixar falar, mas rápido a gente se despede. Não acha uma ótima idéia? – perguntei com deboche.

- Fala logo então, porra. – disse e ouvi algo caindo no chão. – Inferno, se a cafeteira tiver quebrado, a Camila vai ficar puta comigo. – esperei ela terminar sua experiência com a cafeteria. – É, parece que tá funcionando. Fala Freen. –  disse e eu descansei no banco do motorista.

- O que eu faço pra agradar uma adolescente? – perguntei e ela falou palavrões que não é bom ser mencionados.

- Você me fez ser expulsa da minha cama pra isso? Vai se foder, Freen. E que porra é essa de pegar adolescentes, crise de meia idade ? – ela perguntou um tom mais alto, mas mesmo assim contido.

- Não, não é uma garota qualquer de que estou falando, é minha filha. – falei brincando com a chave em meus dedos.

- A única adolescente que eu me relaciono é a Clarke, e na maioria das vezes eu deixo pra Camila resolver as coisas. Normalmente eu dou dinheiro e carona. E tenho ciúmes dos casinhos amorosos dela. Nós brigamos metade do tempo. Já pensou em dar um vestido novo pra Lexa, ou maquiagem nova? –  perguntou e eu imaginei que realmente podia ser uma boa idéia.

- Tchau, Laur. – falei e desliguei o telefone. Fui direto pra minha casa e dormi um pouco, acordei ao meio dia e tomei um banho antes de ir até o shopping e comprar a maleta de maquiagem que a vendedora me indicou dizendo que era a preferida dos adolescentes, fui até a escola dela e encontrei Dylan na saída. – Oi Dylan, onde está a Lexa? – perguntei amigavelmente.

- Na arquibancada, posso levar a senhora até lá, se quiser. – assenti e ele começou a me guiar por dentro da escola. – Desde que descobriram sobre seu problema no coração ela foi cortada do time de futebol da escola, e sempre fica até mais tarde nos dias de treino apenas pra assistir, e eu a espero, mas a deixo sozinha, sei que ela precisa disso. Mas com a senhora, acho que é diferente. Então olha só, vou ter que ir embora, por que aparentemente minha mãe me ligou e a senhora a leva pra casa, o que acha? – o garoto piscou pra mim com um sorriso divertido.

- Eu dou o recado, obrigada Dylan. – ele assentiu e apontou na direção onde eu podia ver a cabeleira loira. O garoto se despediu e foi embora. Me virei e comecei a andar em direção a arquibancada com a maleta na mão direita. Me sentei ao lado direito da Lexa e ela continuou encarando o campo onde várias meninas corriam rapidamente entre cones laranjas. – Oi. – cumprimentei e ela demorou alguns segundos pra me responder.

- Oi. –  disse e respirou fundo. – O que quer aqui? E como me achou? – perguntou direta.

- Hm, eu vim trazer uma coisa pra você e procurei pelos seus cabelos loiros por toda a escola. – falei e ela deu uma leve risada desacreditada.

- Dylan é um idiota traidor. – falou e tirou uma barra de alcaçuz da mochila e logo levando a boca.

- Você não devia, sei lá, comer isso depois do almoço? – perguntei e ela me encarou por alguns segundos.

- Você não devia, sei lá, estar transando com alguém? – ela perguntou e eu me arrepiei. – Foi mal. –  disse e me estendeu um barra do seu doce. – O que trouxe pra mim? – perguntou encarando o campo. Estendi a maleta pra ela que olhou e acabou rindo. – Maquiagem? – eu assenti. – Quem te deu essa idéia?

- Lauren, não é o que adolescentes gostam? – perguntei com um cenho franzido.

- Não com o meu estilo, isso é mais pra patricinhas, lideres de torcida, sabe? – perguntou e eu assenti. – Mas, tem cores fortes, vou levar pra casa, mama também vai gostar. Então, valeu. –  deu de ombros e nós duas encaramos o campo.

- Dylan, teve que ir pra casa, então, vou te levar pra casa. – falei dando de ombros. – Desde quando você jogava futebol? – perguntei por não fazer idéia que ela jogava.

- Entrei a dois anos, e provavelmente seria a nova capitã, mas acho que foi emoção demais para o meu coração, ele não aguentou. – ela disse e deu uma risada carregada de tristeza no final.

- Eu não soube que estava jogando. – falei e ela me olhou de relance.

- Você não sabe de muita coisa que tenha haver comigo, Freen. –  falou com o tom carregado de decepção.

- Sei que tem os olhos da sua mãe, isso conta como alguma coisa? – perguntei e ela me encarou por alguns segundos antes de voltar a olhar as garotas saindo do campo, o treino havia chegado ao fim. Lexa abraçou as próprias pernas e ficou encarando o nada, como uma garotinha frágil.

- Sinto falta do futebol. – ela disse e eu fiquei surpresa dela estar confidenciando algo comigo. – Era quando eu tinha a sensação de liberdade.

- Você vai poder voltar a jogar. – falei e vi uma lágrima escapar de seus olhos.

- Eu preciso de um coração novo, não é? – perguntou e eu levei o maior susto da minha vida. – Eu sei que sim, mama sempre foge desse assunto e diz que vai ficar tudo bem, mas eu pesquisei sobre isso. – disse e eu engoli a seco.

- Você sabe que internet não é tão confiável. – falei e ela negou com a cabeça.

- Só me diz a verdade, Freen. – pediu e eu a encarei de lado, não podíamos esconder isso dela. Mas será que eu tinha o direito de contar? Rebecca foge do assunto e mais cedo ou mais tarde Bea teria que saber, não dá pra passar por uma cirurgia dessas sem fazer a mínima idéia.

- Nós vamos achar um, eu prometo. – falei e passei o braço pelos ombros dela, Lexa se aproximou e deixou ser abraçada. Eu estava abraçando minha filha de forma desajeitada depois de quase sete anos que eu não o fazia.

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A aproximação de mãe e filha, será o recomeço? 

My Mistakes - FreenbeckyWhere stories live. Discover now